Ainda que haja desfalques de peso, os torneios combinados do Canadá, que acontecem tradicionalmente em cidades diferentes, indicam equilíbrio, jogos apertados desde a primeira rodada e, quem sabe, algumas boas surpresas. A largada já acontece às 12 horas desta segunda-feira.
Ao menos nos primeiros dias, os olhares brasileiros estarão sobre Beatriz Haddad Maia, agora elevada à condição de top 30 e por isso com inegável dever de mostrar um tênis de nível mais alto. Ela não foi bem em San Jose, seu primeiro torneio na quadra dura desde março, e vê uma chave difícil em Toronto.
A estreia parece mais factível, ainda que a também canhota Martina Trevisan tenha sido semi de Roland Garros dois meses atrás e esteja só um posto atrás de Bia no ranking. A italiana no entanto tem raros resultados fora do saibro, já que lhe falta um considerável peso de bola, e assim arrisco a dizer que Bia é favorita clara.
Mas daí em diante a coisa aperta, e muito. Se vencer, é muito provável que encare outra canhota, mas agora a dona da casa, super habilidosa e atual vice do US Open, Leylah Fernandez. E no caso de uma bem vinda surpresa, seria a vez de desafiar Iga Swiatek. Nada menos que Serena Williams e Naomi Osaka também estão ali, na expectativa de aproveitar a instabilidade de Belinda Bencic e Garbiñe Muguruza e galgar rodadas.
O torneio feminino do Canadá está mais promissor do que o masculino. Maria Sakkari e Ons Jabeur ficaram no segundo quadrante, onde estão também Daria Kasatkina, que terá de estrear contra Bianca Andreescu, e Amanda Anisimova. Sem falar do duelo tcheco entre Karolina Pliskova e Barbora Krejcikova.
A número 2 do mundo Anett Kontaveit pode enfrentar Simona Halep, depois Coco Gauff ou Aryna Sabalenka, um setor em que a campeã de Wimbledon Elena Rybakina aparece solta. Paula Badosa ficou no quadrante menos concorrido, ainda que figurem ali Emma Raducanu, Jessica Pegula e Petra Kvitova.
Sob pressão, Medvedev é favorito
A chave masculina tem o triste desfalque de Rafael Nadal e Novak Djokovic, além do contundido Alexander Zverev, mas ainda assim pode trazer alguns embates interessantes, entre eles o já aguardado reencontro entre o atual campeão Daniil Medvedev e o embalado mas imprevisível Nick Kyrgios, que poderá acontecer logo na segunda rodada caso o australiano se recupere do desgaste enorme da sufocante Washington, onde fez ‘dobradinha’, e assim supere na terça-feira o ‘baixinho’ Sebastian Baez. Quem avançar, tem chance de cruzar com Hubert Hurkacz, um tenista reconhecidamente competente na quadra dura, mas que foi muito mal nesta semana.
Há uma chance nada desprezível de vermos uma repetição de Los Cabos no piso canadense, porque Felix Aliassime e Cameron Norrie ficaram no mesmo quadrante, com duelo previsto para as quartas, e o vencedor teria Medvedev na semi, sequência semelhante às fases decisivas no México. O número 1 aliás levou o título no sábado e encerrou na hora certa o amargo jejum de cinco vices que acumulava desde o US Open do ano passado. Especialista na quadra dura, o russo defende Canadá e Flushing Meadows e ainda foi semi em Cincinnati, portanto terá uma tarefa muito dura para permanecer na ponta do ranking após o Slam de Nova York.
No extremo oposto, ficou Carlos Alcaraz, que disputará seu primeiro torneio no piso sintético desde a conquista espetacular em Miami. Não resta dúvida de que se apagou um pouco o brilho do fenômeno espanhol desde Madri, sem falar nos dois títulos seguidos que perdeu nas últimas semanas. Seu quadrante reúne nomes respeitáveis como Marin Cilic e depois Andrey Rublev ou Taylor Fritz. A concorrência para a quarta vaga na semi está principalmente entre Stefanos Tsitsipas, Jannik Sinner e Matteo Berrettini, todos também sem sentir a quadra dura desde março. Portanto, está tudo bem aberto neste lado inferior da chave.
Fato curioso, Tsitsipas achou a superfície mais lenta do que esperava, mas Alcaraz considerou rápida demais. Então teremos de aguardar para ver quem está com a razão. A primeira rodada promete jogos imperdíveis, como Fritz diante do tricampeão Andy Murray, a volta de Gael Monfils diante de Reilly Opelka, Berrettini contra o perigoso Pablo Carreño e Diego Schwartzman frente a Alejandro Davidovich.
Observe-se que o Masters 1000 dá US$ 5,3 milhões, o dobro da premiação do WTA 1000.