O grande domínio de Jannik Sinner no circuito parou novamente na habilidade de Carlos Alcaraz. Campeão de tudo que disputou desde agosto do ano passado, o número 1 do mundo só foi brecado duas vezes desde Cincinnati: nas finais de Pequim e de Roma, e ambas diante do espanhol. Carlitos também encerrou neste domingo as séries de 26 vitórias consecutivas e de 24 sets seguidos sobre top 10 que italiano possuía. E isso diante de um lotado e frenético Foro Italico.
Não há como negar: Alcaraz é definitivamente o favorito para o bi em Roland Garros, onde será o cabeça 2 e assim apenas poderá reencontrar Sinner numa eventual decisão do título. Mas nem assim deixaria de ser o mais cotado. A vitória em Roma foi sua quarta em sequência sobre Sinner, duas sobre o saibro, duas com o adversário na ponta do ranking e duas valendo o título. Seja na variação técnica e tática, seja na confiança, o espanhol continua a ser superior nos confrontos diretos.
Logo depois de completar seus 22 anos, Carlitos já consegue uma façanha e tanto, ao fechar o chamado ‘Grand Slam do saibro’, ou seja, ter ao menos um título em cada um dos quatro maiores torneios do calendário vigente sobre a terra europeia: Roland Garros e três Masters 1000. Iguala-se nada menos do que a Guga Kuerten, Rafael Nadal e Novak Djokovic. E olha que ele ainda tem troféu em Barcelona, o que apenas Rafa possui entre os outros três.
Já é também o oitavo tenista a somar mais títulos de nível 1000, desde a criação da série, em 1990. Agora são sete, mesmo número de Alexander Zverev e Michael Chang, sendo quatro no saibro e três no piso sintético. Entre os jogadores em atividade, apenas o recordista absoluto Novak Djokovic tem mais.
Alcaraz se mostrou um tanto instável na campanha em Roma até chegar na semifinal. Aí pareceu acreditar mais na sua capacidade de variação e ganhou dos dois italianos top 10 com placares parecidos, ainda que Lorenzo Musetti tenha apertado no segundo set e Sinner deixado escapar chances na primeira parcial.
Em qualquer das circunstâncias, há enorme mérito do espanhol por segurar a cabeça e ser agressivo na hora mais importante. Claro que foi um tanto frustrante ver a queda vertiginosa de intensidade de Jannik depois de perder o tiebreak, mas era um tanto previsível que o jogo tenderia mais para Alcaraz quando se tornasse mais físico.
Se quiser a vingança em Roland Garros, Sinner sabe que precisará achar soluções táticas mais adequadas, quem sabe se antecipando às variações, e principalmente dosar melhor o desgaste e assim estar bem mais resistente.
Motivação dupla para Paolini
Finalista do ano passado, a italiana Jasmine Paolini não poderia retornar a Roland Garros com confiança maior. Agora na condição de número 4 do ranking, ela fez a festa completa no saibro de Roma, ao conquistar simples e duplas e, acima de tudo, mostrar um tênis ainda mais competitivo.
Apesar de seu 1,63m. Paolini disparou aces e winners ao longo de sua campanha no Foro Italico, numa mostra clara de que continua empenhada em acrescentar elementos decisivos no seu jogo. E é justamente isso que eleva suas chances em Paris a partir do próximo domingo.
É bem verdade que perdeu todos os quatro jogos oficiais contra a polonesa Iga Swiatek, dois deles no saibro, e seu retrospecto contra Aryna Sabalenka é negativo, com apenas duas vitórias em sete confrontos, tendo perdido os quatro últimos, dois nesta temporada. São duas possíveis adversárias no seu caminho em Paris, sem falar em Coco Gauff, que ganhou o direito de ser cabeça 2.
A final feminina de Roma não foi um espetáculo, ainda que o primeiro set tenha mostrado equilíbrio depois de começo muito tenso. Gauff outra vez deixou claro o quanto precisará ainda trabalhar o saque se quiser sonhar com um novo Grand Slam. Só ontem foram sete duplas faltas, algumas em momentos bem delicados. As duas ganharam menos de 60% dos pontos com o primeiro saque, o que não é surpreendente, e o que decidiu mesmo foram a firmeza e a profundidade dos golpes de base de Paolini, certamente o maior segredo para a Pequena Notável ir bem longe em Paris.
E mais
– O título de Paolini rebaixou Swiatek ao quinto lugar e assim a tetracampeã poderá cruzar com qualquer uma das quatro primeiras cabeças ainda nas quartas de final de Roland Garros. O mesmo acontecerá com Mirra Andreeva, Madison Keys e Qinwen Zheng. Ótimas perspectivas.
– Bia Haddad jogará em Estrasburgo para tentar embalar para Paris. Ela cairá para 23º do ranking e assim será sorteada entre as cabeças 16 a 24, o que é bom negócio.
– O maior salto do ranking após Roma será de Peyton Stearns, que aparecerá nesta segunda-feira como 27ª do mundo e portanto também garantiu condição de cabeça em Roland Garros. Enquanto isso, Jabeur, Bencic, Raducanu. Collins e Osaka estarão soltas no sorteio de quinta-feira.
– Lorenzo Musetti será cabeça 8 em Paris e assim poderá cruzar com Sinner, Alcaraz, Alexander Zverev ou Taylor Fritz nas quartas de final. É a mesma situação de Draper, Djokovic e Ruud.
– Nomes perigosos serão sorteados livremente na chave, como Cobolli, Baez, Muller, Monfils e Sonego.
– Pigossi joga já nesta segunda no quali de Roland Garros e sua caminhada é bem dura: Ferro e, se vencer, Martic. Os homens serão cabeça: Wild tem Kukushkin e Taberner no caminho, Meligeni parece ter mais chances desde que esteja recuperado das costas.
– Karue Sell passou o quali de Genebra e enfim jogará seu primeiro ATP. As chances de entrar no quali de Wimbledon aumentam caso consiga passar da estreia. Já Carol Meligeni entrou em Rabat e jogará primeiro 250 em dois anos.
Adoro o alcaraz,adoro o sinner e detesto os comentaristas torcedores da ESPN ,pelo amor de deus ,torcer descaradamente pro espanhol beira o ridículo.
Dalcim ,o sinner e o alcaraz estão entrando no lugar comum como foi Federer e Nadal ?
Me parece que alcaraz entendeu que se ficar mais tempo nas trocas e prolongar o jogo leva a vantagem ou estou equivocado ?
Sim, especialmente no saibro. Mas acho que o Sinner vai buscar soluções. Ano passado em Roland Garros ele liderou o jogo duas vezes.
Um fenômeno. O grande campeão deve saber se reinventar, passar por fases difíceis e voltar melhor. Alcaraz tinha problemas com Sinner até 2023, mas de lá pra cá são 4 vitórias seguidas, 2 nas hards e 2 no saibro. A pergunta é: Sinner vai conseguir superar o espanhol em quadra? Está se tornando freguês e isso mentalmente pesa, Federer que o diga, carregou um 23 x 10 no lombo.
De modo geral, o Sinner é merecedor do posto de número 1, pois tem uma consistência absurda e está somando semanas no posto. Perder para o Alcaraz no saibro não é o fim do mundo, derrota normal eu diria, mas hoje tive a impressão de que o espanhol passou por cima no segundo set… não respeitou o líder do ranking.
É algo que ele vai precisar resolver, e pelas suas declarações após a partida, tive a impressão de que está incomodado com a situação, mas procurou ver o copo meio cheio, afinal chegar a uma final de masters 1000 depois de 3 meses é um bom resultado.
Alcaraz favorito para Roland Garros, seguido de Sinner, Zverev e Djokovic: eu jamais descartaria o sérvio em um torneio desse porte, ainda mais depois do que ele fez com Alcaraz no Australian Open e nas últimas Olimpíadas (saibro). Correm por fora Rune, Draper, Ruud etc.
Na intensidade que o jogo é disputado, 7 jogos em melhor de 5 sets para chegar a final e se o sérvio tiver que enfrentar qualquer um dos dois no nível que estão jogando….. Praticamente impossível qualquer chance para Novak, até porque pode ter um argentino ou italiano pra ser uma pedra no sapato do sérvio nas primeiras rodadas, hj ele é presa fácil
Depende de como ele vai administrar o físico aos 38 anos. Depende da chave, de seu próprio nível de preparação, são muitas variáveis, mas nível tem. Ele obviamente não encara um Slam como os outros torneios menores.
Não tenha dúvidas, caro Lucas . Os caras não tem noção de que vence o melhor do momento. E Djokovic hoje não tem chances contra nenhum dos dois em SLAM . Vivem do passado e supervalorizando h2h. Tadinhos…rs. Abs !
Não acredito que li este comentário. Falar em SInner preocupado com freguesia , citando Federer, beira ao ridículo. Suíço e Sérvio foram fregueses juntos somente no Saibro. Jamais venceram uma FINAL em RG do Touro Miura. E ambos foram superiores nas demais superfícies. Jannik levou Alcaraz ao quinto Set na Semi do ano passado. E hoje teve 2 sets points no primeiro Set. Somente a Turminha da Kombi é que tem esta mentalidade pequena de h2h . O que importa é que ambos jogam mais que o Big 3 na mesma idade. As 19 Conquistas dos dois e 25 FINAIS , falam por si só, caríssimo Mestre Jonas. Tome esta no lombo… Rsrsrs . PS : Sinner lidera o Ranking de entradas por 1530 pontos. Alcaraz o da Temporada por 1090 pontos . Abs !
Sim, leu, rsrs. Alcaraz entrou na mente do Sinner, são muitas vitórias seguidas e ele já entra em quadra sabendo bem o que fazer. Sinner tem dúvidas. Você tem o número 1 do mundo sendo freguês do principal rival, que é da mesma geração dele, isso tem um peso.
Pois é, desculpa, sei que te ofende falar do Federer… intocável… mas é fato, houve um 23 x 10. Abs!
Agora que li a parte do H2H. Bom, Djoko x Nadal terminou em 31 x 29, já o Fedal ficou 24 x 16 para o espanhol. Não tem comparação e as poucas vitórias do suiço no saibro (2 apenas), fazem parte disso.
Impressionante como o Sinner se borra contra o Caaaarlos.
Bom, parabéns ao novo integrante do Clube do Grand Slam do saibro
Atualmente, o Alcaraz é a criptonita do Sinner. Enquanto qualquer jogador, ainda que mediano, ocasionalmente, é a do Alcaraz.
Mantendo-se o nível, vai ser bem difícil evitar a final dos dois em RG. Aguardemos.
Dalcim, o que o Sinner disse após o jogo sobre jogadores que ligaram pra ele no período de suspensão ou algo do tipo? Alguma cutucada ?
Não vi essa declaração, Silvio.
https://www.espn.com/tennis/story/_/id/45051624/jannik-sinner-not-naming-names-messages-doping-ban
Ah, essa entrevista é de antes de Roma. Sim, ele já havia falado ter ficado decepcionado com alguns tenistas e que havia percebido quem realmente era seu amigo depois do caso.
Sensacional o jogo ! Torci pelo Alcaraz, que deixou a italianada barulhenta caladinha, murchinha no segundo set. Um atropelo ! Kkkkkk
E o Carlito é foda apurado de excelência essas deixadinhas praticamente cirúrgicas
Ambos podem perder em qualquer torneio, faz parte do jogo. Mas não tem como negar que eles estão em um nível acima dos demais .
Dalcim, no início da temporada de saibro comentamos que poderíamos ter diferentes vencedores nos principais eventos, pois o principal postulante, Alcaraz, não vinha bem. Mas o cara levou 2 dos 4 principais eventos e foi vice em 1, embora tenha tido um problema físico antes de Madri, o que o levou a abandonar o torneio.
Como vc o vê para RG? O maior favorito? Pra mim depois de hj isso me parece claro, ainda mais q a velocidade da quadra lá será semelhante a de Roma…
Sim, isso está claro no meu texto de hoje, Luiz. Ele é o maior favorito em situação normal.
Vida longa ao melhor saibrista de todos os tempos da última semana (Sinner), e ao melhor disco brasileiro, de música americana.
E para Alcaraz fanhar.amanhâ, terá que fazer melhorno que fez hoje. Todos os top TOP’s estudam e se reinventam o tempo todo.
Exceto os brasileiros. Só nós mesmos achamaos que não precisamos ler, estudar e praticar. Nós apostamos em táticas erradas, no excesso de.confiança, e porque não escolhemos também esrar próximos dos profissionais de apoio errados (viu Rafael, serve para vc também).
Escolher o profissional errado por ser “parsa” não vai resolver seus problemas. Vai é agravá-los. Devemos com humildade nos cercar de pessoas melhores que nós, e sermos gratos por elss estarem lá.
Nenhum demérito do Alcaraz, que confirmou mais uma vez hoje que tem mesmo um domínio no confronto contra o Sinner. Se o Sinner é n1 é porque adquiriu uma consistência absurda, que o mantém acima de todo o resto do circuito na maior parte do tempo, mas o Alcaraz ainda tem muito mais recursos na hora que o caldo engrossa. Não a toa venceu os últimos quatro jogos, não a toa venceu os confrontos decididos em cinco sets entre eles em slams.
Posto isso, para quem já se apressava em dizer que temos uma nova geração “no nível” daquela época dourada do tênis que vivemos, acho que é preciso esperar mais. Tecnicamente o jogo de hoje deixou muito a desejar, ainda mais para quem viu as grandes finais entre Djokovic e Nadal no saibro. Ainda há muito a ser percorrido, e a verdade é que o fato dos títulos estarem muito divididos não prova que o circuito está mais forte, mas que o grande jogador dessa geração, Alcaraz, ainda não adquiriu (não se sabe se vai adquirir) a vontade e a gana necessárias pra dominar o circuito de cabo a rabo, como Djokovic e Federer fizeram em alguns momentos.