Show de Fonseca compensa dura virada de Bia

Quase três semanas sem entrar em quadra contra um experiente adversário que levou Novak Djokovic ao limite na final de Genebra quatro dias atrás. João Fonseca outra vez provou que tem escolhido os melhores caminhos neste início de carreira. Entrou afiadíssimo para sua segunda aventura em Grand Slam e a primeira em Roland Garros e não deu respiro ao ex-top 10 Hubert Hurkacz. Foi o que chamamos de ‘vitória incontestável’.

Fonseca fez de tudo um pouco, e quase tudo muito bem. Sacou com qualidade, mesclando força com tremendos efeitos, ora abertos ora altos, e deu pouquíssimas oportunidades de o polonês sair mandando nas devoluções, a ponto de ter encarado unicamente dois break-points, ambos na hora de fechar o primeiro set. Lá da base, disparou golpes pesados e profundos, como já se tornou sua marca registrada, o que pegou Hurkacz muitas vezes fora de posição. É bem verdade que Hubi deu sinal de deslocamento deficitário, talvez por cansaço, talvez pelo problemático joelho direito, mas ainda assim se deve destacar a destreza tática com que o carioca impôs o tempo todo.

Outro ponto forte nesta atuação de gala foram as devoluções em cima do segundo saque adversário, a ponto de Hurkacz chegar ao índice um tanto ridículo de 13% de pontos vencidos quando não acertava o poderoso primeiro serviço. Esse conjunto todo não deixou o polonês à vontade um segundo sequer, ainda mais porque Fonseca obteve quebras precoces em todos os sets e não deu brechas para reações.

João continua a registrar façanhas. Em termos nacionais, é agora o profissional de menor idade a ganhar uma partida em Roland Garros – Thomaz Koch e Fernando Gentil tinham 17, mas na fase amadora do tênis – e em nível mundial é o segundo mais jovem a avançar no torneio nos últimos 10 anos, superado apenas por Carlos Alcaraz, nove meses mais jovem em 2021.

A sensação brasileira já tem 11 vitórias de ATP e outras 10 de challenger na sua ótima temporada e vai entrar como favorito na quinta-feira para enfrentar o já veterano Pierre Herbert, mero 147ª do ranking e que sobreviveu a cinco sets para tirar o compatriota Benjamin Bonzi, 60º colocado. Herbert já foi top 40 de simples e número 1 de duplas. É confronto para estádio grande e torcidas bem participantes. Vai ser bem divertido.

 

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Sua quinta vitória sobre um dos 30 melhores do ranking desde dezembro compensou a dura virada que Beatriz Haddad Maia sofreu no começo do dia. Um resultado essencialmente frustrante porque talvez Bia tenha feito seu melhor set da temporada na vitória parcial em cima de Hailey Baptiste.

A norte-americana bateu pesado o tempo todo e isso levou o jogo a pontos curtos, já que a brasileira também precisava tentar o domínio do ponto antes da oponente. As pesadas devoluções forçaram Bia a salvar sete break-points nos três primeiros games de serviço e nesses momentos a canhota paulistana contou com decisivos saques, a ponto de fechar a série com 81% de acerto, cinco aces e 24 de 35 desses lances vencidos.

Quando o segundo set começou com outra quebra a favor de Bia e a clara decepção da norte-americana, tudo parecia bem encaminhado. Mas bastou um game ruim de serviço, com dupla falta no break-point, para a coisa tomar outro rumo. Bia fez 40-0 e viu Baptiste vencer cinco pontos consecutivos para fazer 3/1 e daí em diante a tão costumeira gangorra do tênis desequilibrou de vez a situação, a ponto de Bia ganhar apenas mais dois games diante de uma Baptiste cheia de si para disparar excelentes saques e golpes da base.

Novamente, fica um sentimento de frustração, tanto para quem torce para ela como provavelmente para a própria Bia. Porque a chave está aberta e a chance de avançar para as oitavas de final era grande e palpável. Para quem foi semi do torneio em 2023, é desalentador perder duas edições seguidas na estreia. Ela joga agora a chave de duplas, ao lado de Laura Siegemund, onde tem mostrado um tênis bem mais solto e confiante do que nas simples.

Resumão

– Djokovic justificou seu amplo favoritismo e passou sem sustos por McDonald, mantendo sua incrível escrita de superar a estreia em todas as 21 participações. Aliás, desde 2010 sequer perde set na primeira partida. Enfrenta agora o canhoto Moutet, que adora fazer graça mas é muito competitivo.
– Medvedev sacou para o jogo e não concretizou a virada de 0-2 que se desenhava. Perdeu pela primeira vez em cinco duelos diante do valente Norrie, que agora pega o lucky-loser argentino Federico Gomez.
– Dimitrov vencia por 2 a 1 quando voltou a sentir a coxa e abandonou diante de Quinn. O búlgaro anota triste recorde: primeiro a abandonar jogos em quatro Slam seguidos.
– Zverev fez ótima partida e barrou o ‘nextgen’ Tien, vingando-se de Acapulco. Já De Minaur passou com poucos problemas e marcou encontro com o imprevisível Bublik.
– Draper, Rublev e Mensik avançaram, mas Aliassime já está fora.
– Gauff ganhou fácil apesar das sete duplas faltas e dois serviços perdidos.
– Pegula e Mirra tiveram apenas um set mais duro e economizaram energia.
– Aos 35, Azarenka se tornou a tenista mais velha a dar ‘bicicleta’ na Era Aberta, ao ganhar de Wickmayer em 49 minutos. A belga vai se aposentar em Wimbledon.
– Jabeur é outra que segue em mau momento, a ponto de levar 6/0 no segundo set contra Frech.
– E no fim do longo dia, o bom e velho Monfils ergueu a torcida, com virada de 0-2 em cima do versátil Dellien. Esforço de 3h30. Agora, é encarar Draper. Que dureza.