Um bom teste para o retorno do número 1

Foto: ATP Tour

Jannik Sinner foi o grande vencedor da temporada de saibro europeia até agora. Não pôde disputar dois Masters 1000 e ainda assim chegou ao carinho de Roma com larga vantagem no ranking. Claro que ainda era preciso saber o quanto os três meses de suspensão o afetariam tecnica e mentalmente e, ao menos em seu retorno, o desempenho foi mais do que satisfatório.

Sinner treinou o tempo todo no saibro nas últimas semanas, mas ele próprio observou que, apesar de ter tido parceiros como Jack Draper e Lorenzo Sonego, competir é completamente diferente de treinar. Pegou um perigoso Mariano Navone neste sábado, saibrista autêntico e dono de enorme coração, e isso exigiu que o italiano jogasse com seriedade e apuro.

Obteve sucesso em quase tudo, apesar do pequeno vacilo no final do segundo set, quando deixou escapar um game de serviço já com quebra à frente. Sacou acima dos 200 quase o tempo todo, foi firme da base e desestabilizou o adversário com backhands notáveis. Recebeu é claro o apoio maciço de sua torcida. A escolha de Roma como palco da volta foi inteligente.

Seu adversário de segunda-feira será o mesmo Jesper de Jong que jogou muito contra João Fonseca em Estoril e fez pouco contra Wild no quali de Roma, dias atrás. O holandês entrou de última hora na chave e atropelou neste sábado Alejandro Davidovich. Merece o devido cuidado.

A sequência do italiano prevê duelos com Francisco Cerúndolo e Casper Ruud, ainda que o norueguês tenha jogo duríssimo nesta terceira rodada contra Matteo Berrettini. O outro quadrante é imprevisível. Pode dar Alex de Minaur, Tommy Paul, Jakub Mensik ou Hubert Hurkacz.

O desperdício de Wild

Confesso que, ao saber da troca de adversário de Thiago Wild, que passou do instável Félix Aliassime ao saibrista Hugo Dellien, achei uma péssima ideia. Afinal, Wild deixava o posto de franco-atirador para virar favorito. E ao olhar o histórico de três vitórias seguidas do boliviano em cima do paranaense, a preocupação aumentou.

Daí Dellien abriu 3/0 e o desastre se tornou iminente. No entanto Wild segurou a cabeça e reagiu. Virou o set e foi escapando dos break-points até que permitiu a quebra e o empate. Dellien é um jogador muito inteligente. Usa o peso da bola adversária, faz trocas constantes de direção, muda a velocidade e os efeitos. Tudo o que Wild definitivamente não gosta.

O terceiro set viu troca de quebras precoces e games mais rápidos. Veio então o fatídico 4/4 e o brasileiro errou tudo que tinha direito. Lutou para evitar a queda, é verdade, porém viu o boliviano sacar muito bem depois do 30-30. Lá se foi outra raquete.

Wild deixou escapar a chance de repetir a terceira rodada de Indian Wells, Miami e Madri no ano passado, um resultado que o colocaria bem mais perto do 100º posto e de uma cabeça de chave alta no quali de Roland Garros.

E mais

– Domingo promete emoções na chave feminina, que define as primeiras nas oitavas de final. Há muitos destaques: Andreeva-Noskova, Navarro-Tauson, Kudermetova-Raducanu, Gauff-Linette, Zheng-Frech e Rybakina-Andreescu.
– Só mesmo Sabalenka parece ampla favorita, mas é bom lembrar que foi Kenin quem a tirou de Roma em 2023. Kostyk marcou o resultado mais inesperado, ao bater Kasatkina com certa folga. Deve passar por Fernandez e aí desafiar a número 1.
– E Swiatek segue seu calvário, com insegurança gigante. Foi dominada pelas devoluções agressivas de Collins e vai cair para quarta do ranking. E ainda vem aí a defesa de Roland Garros. O tempo é curto para se reencontrar.
– A terceira rodada masculina já vê jogos interessantes, como Medvedev-Popyrin e especialmente Fils-Tsitsipas. Zverev e Draper pegam adversários sem currículo. A surpresa é Passaro, que ganhou de Dimitrov, porém não vi nada demais no italiano.
– A derrocada norte-americana em Roma, à exceção de Paul, não surpreende e é bem provável que Fritz, Shelton e Tiafoe sigam o mesmo destino em Paris. Korda até avançou, mas não sei se passa sequer por Munar.
– Djokovic pediu convite para disputar Genebra, o que foi boa notícia, já que demonstra preocupação em achar melhor ritmo para Roland Garros. Deve ser cabeça 2.

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Jorge Luiz
Jorge Luiz
1 hora atrás

O Wild foi um grande balde de água fria hoje

SANDRO
SANDRO
1 hora atrás

Wild não ganha do Delien desde 2019, então, para mim, o favorito era o Delien e não o Wild…

Victório Benatti
Victório Benatti
1 hora atrás

Quebrar a raquete na perna quando terminou a partida, mostra claramente que falta 1 parafuso na cabeça do Wild.
Bom jogador, ele não precisa fazer isso!
Fico aqui na torcida para que ele deixe de fazer estas bobagens, e foque apenas no jogo.

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
48 minutos atrás

Jannik Sinner teve um retorno de grande Campeão. Fisicamente bem mais torneado ( preparador o mesmo que foi anos de Djokovic) , e mostrando que o Saibro não o assusta. Mesmo que não leve Roma e o ATP 500 de Hamburgo , vai brigar por RG 2025 como um dos favoritos. Sérvio pulou Roma ( fez 12 FINAIS) e Hamburgo ( presenças de SInner e Zverev) , pensando levar o de número 100 no ATP 250 . Agora vai ! … rsrs. Abs !

Paulo Sérgio
Paulo Sérgio
26 minutos atrás

O autêntico melhor da atualidade. Vou secar muito para não quebrar os recordes do goat.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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