E, de repente, o tênis mudou. Agora, nomes como Gabriel Diallo, Tatjana Maria, Justin Engel e Elena Ruse ocupam o noticiário, ao mesmo tempo que vemos antigos campeões voltarem a erguer troféus e fazer sucesso, como Taylor Fritz e Elise Mertens. A “culpa” é totalmente das quadras de grama. Quase um universo paralelo ao circuito tradicional, o piso natural do tênis provoca essas muito bem-vindas novidades.
Como todo mundo sabe, a grama promove pontos muito curtos, geralmente duas ou três trocas de bola. O saque se torna ainda mais essencial, mas também a superfície favorece aqueles que dominam com mais competência o slice e os voleios. Notem como é diferente o trabalho de pés, muitas vezes passos curtos para manter o equilíbrio.
A bola hoje quica bem mais alto do que nos velhos tempos, fruto da rigidez maior do solo, mas ainda assim a redondinha amarela tende a deslizar ao atingir a grama, até mesmo com topspin, um golpe inimaginável para o piso até duas décadas atrás. Mesmo Bjorn Borg precisou abandonar sua arma predileta para ganhar cinco troféus consecutivos em Wimbledon, saltando de um trocador de spin em Paris para um mortal saque-voleio.
Esta primeira semana na grama, dividida em três países diferentes que ainda cultuam a difícil arte de manter quadras naturais, foi bem diversificada e divertida. No mais importante dos torneios masculinos, quem acordou foi Fritz. Fez um Stuttgart impecável, sem perder um único game de serviço, incluindo a final equilibrada contra o dono da casa Alexander Zverev. Lembremos que Fritz não ganhava um título desde a grama de Eastbourne, há exatos 12 meses. Dentre as surpresas, apareceu o garoto alemão Justin Engel, de 17 anos e ‘meros’ 1,85m, ótima desenvoltura na base.
O grandalhão canadense Gabriel Diallo, de 2,03m aos 23 anos, também aproveitou o piso tão diferente para conquistar seu primeiro ATP neste domingo. Na caminhada, bateu os experientes Jordan Thompson e Karen Khachanov, o canhoto Ugo Humbert e por fim o habilidoso Zizou Bergs, que também foi bem com suas vitórias em cima de Alexei Popyrin e Reilly Opelka. Cabeça 1, Daniil Medvedev mais reclamou do que jogou. Bem humorado, Diallo disse que a maior parte do público o chama de Diablo. Justo.
Sensacional mesmo foi a campanha da veterana e mãe de dois filhos Tatjana Maria, no retorno do tênis feminino ao Queen’s Club depois de meio século. Com seu estilo absolutamente heterodoxo, que inclui slices de forehand, a alemã de 37 anos derrotou quatro top 20 na sequência, lista que incluiu gigantes como Elena Rybakina e Madison Keys, a habilidosa Karolina Muchova e por fim Amanda Anisimova, com apenas um set perdido. A própria Anisimova, recuperando seu melhor tênis após afastamento para recuperar a saúde mental, fez ótima sequência em cima de Emma Navarro e Qinwen Zheng.
Por fim, a belga Elise Mertens chegou ao 10º título da carreira e de certa forma marcou a maior lógica da primeira semana na grama, único piso aliás em que ainda não havia erguido troféus. No entanto a tenista de 29 anos também marcou uma façanha em ‘s-Hertogenbosch, ao salvar nada menos que 11 match-points – recorde desta década – contra a bicampeã Ekaterina Alexandrova.
Quem disse que a grama não traz emoções?
E mais
– E a situação promete esquentar ainda mais. Com a disputa de três eventos de nível 500, teremos a presença de Carlos Alcaraz em Queen’s, de Jannik Sinner em Halle e de Aryna Sabalenka e Coco Gauff em Berlim, quem sabe uma reedição tão precoce de Roland Garros.
– Bicampeão de Wimbledon, Alcaraz tem prováveis testes duros em Queen’s, como Thompson na segunda rodada e Shelton ou Opelka nas quartas. Curioso para ver como Draper, cabeça 2, vai se sair em casa.
– Sinner admitiu ter perdido noites do sono após o vice doloroso de Roland Garros e pega chave perigosa, a começar por Hanfmann na estreia, Bublik nas oitavas e Hurkacz ou Machac nas quartas. O incansável Zverev é o cabeça 2.
– As finalistas de Roland Garros devem ter dificuldades na mudança para a grama. Sabalenka tem Zheng, Keys e Paolini no seu lado da chave, enqunato Gauff deve encarar Pegula ou Mirra na semi.
– Bia Haddad, que foi bem contra Kvitova e falhou quando dominava Navarro, preferiu retornar ao 250 de Nottingham, local de seu primeiro título. Mas não esperem facilidades, com Kessler na estreia e Boulter nas quartas.
– Fonseca, sem competir desde a queda em Roland Garros, volta à grama de Halle e até pegou boa primeira rodada contra Cobolli, 25 do mundo mas típico do saibro.
A grama traz à tona nomes que não estamos acostumados a ver no dia a dia do circuito.
Nao há mesmo como discordar do Mestre: essa primeira semana na grama foi divertida e surpreendente. Houve emoções para todos os gostos. Um show o tênis no piso natural e verde, muito bonito de se ver!
Zverev é de fato incansável… não se cansa de perder…
Somente lembrando que o perdedor, é também TOP 3 na Race to Turin, com 3080 pontos, ou seja , em péssima fase, está menos de 1000 pontos da linha de corte para o ATP FINALS 2025. Abs !
Quando é o próximo jogo do João?
Terça-feira, dia 17/06, contra Flávio Coboli.
Acho que vendo a velocidade da Grama em Stuttgart e s- Hertogenbosh, em Torneios de 3 Sets , não fica dúvidas sobre o corte da mesma em Wimbledon. Os Ingleses juram que Queen’s e ‘ idêntico. Veremos esta semana, pois a rapidíssima Halle , também surgirá na Telinha. Estas Zebras com a rapidez da superfície, torna tudo mais imprevisível, daí algumas estrelas, terem horror dos preparatórios. Nada como 5 Sets no All England Club, preparando terreno, para o “Saibro Verde” na segunda semana. Gênios da superfície como Sampras e Federer, não fugiam dos próprios. Bjorn Borg caso a parte, pois mudava o estilo de jogo , para triunfar na verdadeira Grama Sagrada que durou até 2001. Abs !