Traiçoeira, grama segue fazendo vítimas

Foto: Terra Wortmann Open/Breakpoint Images

Se Alexander Bublik já se mostrava um adversário indigesto em pleno saibro, o que dirá então de um lugar que maximiza seu saque, jogo de rede e efeitos inesperados? O número 1 do mundo voltou a sentir como é complicado encarar o cazaque nessas condições, como já acontecera em 2023, quando Bublik o venceu rumo ao título.

Sinner só havia perdido para Carlos Alcaraz desde agosto do ano passado e deu ares que iria dominar a partida. Poderia mesmo tê-lo feito se tivesse aproveitado as chances de quebra logo na abertura do segundo set. Mas pouco a pouco Bublik achou o tempo de devolução e começou a ser um problema. Dos grandes. Houve muitos games apertados e oportunidades perdidas até que o cazaque fez 4/3 e aí rumou para a maior vitória de sua carreira.

Resta aos concorrentes a Wimbledon torcerem para que Bublik consiga ganhar Halle e assim entre na lista dos 32 cabeças no Slam da grama. Caso contrário, ele estará livre, leve e solto na chave, podendo ser um desastre para qualquer favorito nas primeiras rodadas.

Aliás, Halle também viu outras novidades de menor peso, como a vitória de Tomas Etcheverry no tiebreak decisivo diante de Andrey Rublev, as excelentes atuações de Alex Michelsen em cima de Francisco Cerúndolo e Stefanos Tsitsipas e a notável adaptação de Flavio Cobolli à grama, que o permitiu tirar João Fonseca e depois Denis Shapovalov para ir a uma impensável quartas.

O garoto carioca fez uma boa partida em Halle e esteve bem perto da vitória, o que é algo a se elogiar uma vez que Cobolli é um top 25 do ranking. Fiquei admirado, confesso, com a produtividade do primeiro saque do italiano de 23 anos e se seu sangue frio na hora que salvou match-point. O jogo poderia ter ido para qualquer lado e então Fonseca segue para Eastbourne de cabeça erguida. Ele ainda está na lista do quali.

Sufoco para Alcaraz e adeus de Fritz e Shelton

Já em Queen’s, os dois principais favoritos estiveram muito perto de cair ainda na segunda rodada. Carlos Alcaraz levou incrível sufoco de Jaume Munar, um jogador que tem pouco a ver com pisos mais velozes, porém se mostrou muito competitivo e chegou a ter 4/2 no terceiro set. Jack Draper por sua vez virou com tiebreak apertadíssimo de terceiro set contra Alexei Popyrin, aí sim um esforço mais aguardado.

Três nomes bem cotados, pelo ranking e pelo piso, não foram longe. Campeão em Stuttgart no domingo, Taylor Fritz parou no jogo cheio de toques e malícias de Corentin Moutet, enquanto o canhoto Ben Shelton caiu diante do francês Arthur Rinderknech, Jiri Lehecka despachou Alex de Minaur na base da força de seus golpes de base e Daniel Evans voltou a brilhar, usando ótimos slices para tirar o ritmo de Frances Tiafoe.

Gauff lidera surpresas no feminino

Em Berlim, a campeã de Roland Garros levou um baile da chinesa Xinyu Wang,. vinda do quali mas uma jogadora experiente, mesma parte inferior da chave onde Magdalena Frech virou com direito a ‘pneu’ em cima de Mirra Andreeva e Liudimila Samsonova mostrou como deve ser temida no piso, ao tirar sucessivamente Naomi Osaka e Jessica Pegula.

Ainda no WTA 500 alemão, Marketa Vondrousova mostrou para Madison Keys como é duro enfrentar canhotos na grama, enquanto Ons Jabeur despejou habilidade em cima de Jasmine Paolini, permitindo só quatro games à vice de Wimbledon do ano passado. Agora, as duas vão duelar para ver quem enfrenta Aryna Sabalenka. Ou não. Porque a número 1 tem páreo perigosíssimo contra Elena Rybakina.

A ‘zebra’ também passeou na grama de Nottingham, mas a vítima da vez foi Beatriz Haddad Maia, campeã de 2022 e jogadora de maior ranking entre as inscritas. A brasileira jogou em nível aceitável, incluindo o saque, porém encontrou as terríveis bolas retas de McCartney Kessler.

Foi tudo muito parelho o tempo todo, ainda que a americana tenha aproveitado melhor os break-points e devolvido com qualidade superior, tanto o primeiro como o segundo serviço. Ao menos, Bia ganhou duas rodadas nas duplas com Laura Siegemund e com isso as duas voltam a aparecer no oitavo lugar na Corrida para o Finals. O eventual título levará o dueto para o sexto posto.

Os cabeças em Wimbledon

A lista dos 32 favoritos masculinos para Wimbledon está 90% definida, mas o detalhe mais importante segue em jogo, já que Draper precisa ganhar de Brandon Nakashima nesta sexta-feira para voltar a ser o quarto do ranking e com isso deslocar Fritz e Novak Djokovic para baixo. Ou seja, esses dois ficariam sob risco de cruzar nas quartas com Sinner, Alcaraz, Alexander Zverev ou Draper.

Já a condição de cabeça 8 está com Holger Rune, que só perde o posto se não avançar à semi e ao mesmo tempo Daniil Medvedev for campeão em Halle. Pouco provável. O italiano Lorenzo Musetti, que não fará preparatórios para estar totalmente recuperado até Wimbledon, permanece tranquilo em sétimo lugar.

No feminino, tudo definido, com Sabalenka, Gauff, Pegula e Paolini entre as quatro primeiras cabeças e Zheng, Keys, Andreeva e Swiatek como as demais na faixa das oito mais bem posicionadas. Bia segue em 21º e apenas sofre ameaça de Clara Tauson, que teria de ganhar Nottingham.

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Maurício Luís Sabbag
Maurício Luís Sabbag
2 horas atrás

O Alexander Bublik é realmente um perigo pros favoritos, mas numa melhor de 5 ‘sets’, já não dá pra confiar tanto.
Mas que deve ter tenista top rezando e acendendo vela pro cazaque virar cabeça-de-chave, isso deve. A começar pelo Jack Drapper.

Paulo A.
Paulo A.
1 hora atrás

Embora como espectador e torcedor ainda prefira ver jogos em outros pisos, tenho que admitir que o jogo na grama fica divertido pelas suas surpresas e resultados incríveis. Além da quadra ser linda com o gramado verde.
Por isso penso que bem poderia haver um Masters 1000 nesse piso. Já pensaram? Iria ser sensacional.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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