Título feminino parece mais aberto do que nunca

A grama é um piso que definitivamente costuma premiar a experiência. Mas essa lógica é tênue nas recentes chaves femininas de Wimbledon. Basta vermos que, desde o bicampeonato de Serena Williams, em 2016, o torneio viu uma sequência de sete campeãs inéditas, sendo que as três mais recentes sequer estavam entre as top 20 do ranking.

Apesar de a edição de 2025 ver algumas fortes postulantes ao título, me parece que qualquer coisa pode acontecer. A número 1 Aryna Sabalenka, por exemplo, só jogou um dos três mais recentes Wimbledon e fez uma semifinal em 2023, enquanto a campeã de Paris, Coco Gauff, parou nas oitavas do ano passado e a quinta do ranking Qinwen Zheng perdeu na estreia nos dois últimos anos.

Ao olharmos o sorteio da chave, vemos que Sabalenka tem um roteiro exigente, incluindo a ascendente McCartney Kessler na terceira fase, Elina Svitolina ou Elise Mertens nas oitavas e Madison Keys ou Donna Vekic nas quartas. Seu lado conta ainda com Zheng, a atual vice Paolini e as sempre perigosas Amanda Anisimova e Jelena Ostapenko. É bom lembrar que Svitolina foi quartas no ano passado e que Anisimova não tem histórico recente, o que aumenta a imprevisibilidade.

Gauff também terá suas dificuldades e aí aparecem concorrentes como Liudimila Sdamsonova e Elena Rybakina. E a cazaque sempre merece o máximo cuidado sobre a grama. Campeã neste fim de semana, Jessica Pegula corre por fora e tem chave promissora, apesar de poder cruzar logo na segunda rodada com a veterana Tatjana Maria. Nunca sabemos o quão fisicamente está preparada Karolina Muchova e há dúvidas ainda maiores sobre a forma da defensora do título, Barbora Krejcikova, que já tem pedreira na estreia: Alexandra Eala. Não se podem descartar neste quadrante Mirra Andreeva, hoje mais completa, e Emma Navarro, quartas do ano passado.

Nesse delicioso cenário cheio de incertezas, Bia Haddad Maia encara uma sequência trabalhosa. A boa notícia foram suas atuações bem mais convincentes nas últimas semanas de grama, sem falar no histórico de cinco vitórias em Wimbledon nas duas edições mais recentes. Dá para ganhar de Rebecca Srankova e Harriet Dart? Certamente. Anisimova é muito mais difícil e ainda viria Paolini. Mas se chegar tão longe, Bia já pode ficar bem satisfeita.

Jogos de primeira rodada a se observar: Sun-Bouzkova, Vondrousova-Kessler, Badosa-Boulter, Paolini-Sevastova, Siniakova-Zheng, Krejcikova-Eala, Kvitova-Navarro, Joint-Samsonova, Kenin-Townsend e Gauff-Yastremska.

Saiba (muito) mais

– Esta é a 138ª edição do primeiro torneio de tênis moderno, inaugurado em 1877 e apenas não disputado nas Guerras e na pandemia. Desde então, os homens sempre disputaram cinco sets e todos se vestiram de branco, para evitar manchas de suor e como forma de todos parecerem iguais.
– Dos 131 torneios femininos já feitos em Wimbledon, 57 foram vencidos por norte-americanas e 36 por britânicas. O Brasil é o sétimo da lista, graças ao tri de Maria Esther.
– Até o US Open anunciar sua dotação, Wimbledon é o torneio de maior premiação da história, com US$ 71 mi, oferecendo aos campeões 3 milhões de libras (US$ 4 milhões). O derrotado na estreia leva 66 mil libras (US$ 89,5 mil).
– Alcaraz tenta se igualar a Borg, Federer, Djokovic e Sampras como únicos a ter três títulos seguidos em Wimbledon na Era Aberta. Em caso de terceiro titulo, espanhol se igualará a Becker e McEnroe.
– Somente Borg era mais jovem que Alcaraz ao atingir seu sexto troféu de Slam, em Wimbledon de 1978. O sueco também é o único da história a ganhar mais de uma vez seguida Roland Garros e Wimbledon (foram três, entre 1978-80).
– Sinner tenta chegar na primeira final de Wimbledon e, se fizer isso, gastará menos tempo (23 torneios) para decidir todos os quatro Slam do que o Big 3 (Nadal levou 26; Federer, 28; e Djokovic, 30).
– Nole tem 10 finais de simples em Wimbledon, marca apenas superada pelas 12 de Federer e Navratilova e as 11 de Serena. Ele precisa de três vitórias para atingir 100 triunfos em Wimbledon. Os únicos com marca centenária foram Navratilova (120) e Federer (105). O sérvio joga também o 79º Slam e está a apenas dois dos recordistas Federer e López.
– Navratilova ganhou 47 partidas seguidas, entre 1982 e 1988, maior série invicta em qualquer Slam entre homens e mulheres.
– Oito jogadores em atividade já fizeram final de Slam sem ainda levantar um título. Quatro estarão em Wimbledon e o ‘recordista’ é Zverev, com três vices.
– Campeã há dois, Vondrousova foi a única não cabeça e a tenista de mais baixo ranking (42) a ganhar Wimbledon desde a criação do ranking feminina, em 1975.
– A última vez que Wimbledon viu um campeão logo em sua primeira participação no torneio foi em 1951, com Dick Savitt. Fonseca, o mais jovem na chave deste ano, busca essa enorme façanha.
– Há duas jogadoras de 16 anos na chave: Hannah Klugman e Mika Stojasavijevic, idade com a qual Hingis ganhou o torneio de 1997. A mais jovem a disputar e também vencer uma partida foi Capriati, aos 14.
– Nadal é o último dos raros cinco canhotos a ganhar Wimbledon na fase profissional, em 2010. Os outros foram Laver, Connors, McEnroe e Ivanisevic,

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Luiz Fernando
Luiz Fernando
3 horas atrás

W começa amanhã e teremos um dia bem interessante. Surpresas sempre podem acontecer, não consigo esquecer a derrota de Rafa, bicampeão do evento, para aquele belga desconhecido na primeira rodada salvo engano em 2013.
Ligando o chutômetro, diria que:
– Alcaraz vencer tranquilo;
– JF terá dificuldades, jogando na segunda maior quadra contra um inglês, numa melhor de 5 sets. No final creio q vencerá;
– Vejo Bia vencendo bem, mas temos que convir que ela é uma incógnita com seu carrossel emocional…

Vivi
Vivi
3 horas atrás

Gosto de Wimbledon por conta dessa imprevisibilidade. Não dá pra saber quem vai levar, pelo menos no feminino.
Apesar de Sabalenka sempre ser a grande favorita em tudo que disputa, acho que ela não vai longe no torneio, Gauff tbm não. Das 3 primeiras, pode ser que Pegula faça uma boa campanha. Gostaria de ver a Jabeur levar o troféu, mas acho que não vai acontecer. Iga pode até surpreender, mas isso vai depender de como vai estar sua confiança. Estou curiosa pra ver o que vem por aí!

André Borges
André Borges
3 horas atrás

Dalcim, quem foi o homem de mais baixo ranking a ganhar Wimbledon? Goran Ivanisevic?

Paulo A.
Paulo A.
2 horas atrás

Dalcim, o Becker quando venceu Wimbledon aos 17 anos tambem não foi em sua 1a participação lá?

Sandra
Sandra
1 hora atrás

Será que é tão imprevisível assim ? E sempre ou na maioria das vezes é uma tcheca , ou estou errada Dalcim ?

Rafael
Rafael
1 hora atrás

E a Iga, Dalcim?!
Desses jogos citados vou acompanhar Krejcikova-Eala.
Vamo que vamo! Boa semana a todos.
Boa sorte Bia!

Realista
Realista
1 hora atrás

Para vencer wimbledon é necessário grande tecnica e/ou força mental e/ou regularidade. E sabemos que esses são os predicados que mais faltam na Wta. Muchova, Krejčíková e Vondroušová são tão talentosas quanto irregulares. Paolini regular, mas carece de talento. Rybakina não é muito tecnica, mas tem saque e bolas definidoras que fazem a diferença. Talvez seja a hora da Sabalenka na grama, pois vem inserindo mais recursos de jogo. Swiatek é candidata também, mas sem muita confiança atualmente.
Particularmente, o ideal seria a Muchova ganhar.
De tão aberto esse slam na Wta que poderia até sobrar pra Bia ganhar se ela tivesse saído da zona de conforto e trocado a comissão técnica e inserido mais recursos. Mas deve perder na forte estreia.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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