por Mário Sérgio Cruz
Da redação
Finalista de Roland Garros, Jasmine Paolini é mais uma jogadora de destaque a ter passado pelo Brasil no início de sua carreira profissional e ter conquistado um título no país. Isso aconteceu há pouco mais de cinco anos, em março de 2019, quando a italiana foi campeã de um ITF W25 em Curitiba.
Atual número 15 do mundo e projetada para chegar ao top 10 depois do Grand Slam parisiense, Paolini enfrentará a líder do ranking e tricampeã Iga Swiatek no próximo sábado. Ela perdeu os dois duelos anteriores contra a polonesa, o primeiro ainda em 2018 em Praga e o mais recente na estreia do US Open de 2022.
Paolini tinha 23 anos e ocupava apenas o 215º lugar na semana em que foi campeã nas quadras de saibro do Graciosa Country Clube. Durante a semana vitoriosa em Curitiba, a italiana venceu a australiana Isabelle Wallace, a búlgara Elitsa Kostova, a então russa Varvara Gracheva (que desde o ano passado joga pela França no circuito), a norte-americana Louisa Chirico e a húngara Anna Bondar na final.
Ela ainda jogou mais dois eventos em solo brasileiro naquele mês, em São Paulo e Campinas, e chegaria às quartas nos dois torneios paulistas. Os três resultados foram fundamentais para que ela voltasse ao top 200. Até então, seu melhor ranking era o 130º lugar.
Virada de chave no fim do ano passado e final inesperada em Slam
Experiente jogadora de 28 anos, Paolini nunca havia passado da segunda rodada de um Grand Slam até o início da atual temporada. Ela chegou às oitavas de final do Australian Open em janeiro. E no mês seguinte, conquistou o maior título da carreira no WTA 1000 de Dubai. Já durante a preparação para Roland Garros, a italiana ainda seria campeã de duplas em casa, ao lado da compatriota Sara Errani, no saibro de Roma.
Há exatamente um ano, durante edição passada de Roland Garros, a italiana ocupava apenas o 53º lugar do ranking quando iniciou uma virada de chave. Os bons resultados coincidem com uma mudança de mentalidade, quando ela passou a acreditar mais que poderia vencer as melhores do mundo.
“Eu comecei a ser mais consistente no meio do ano passado, era mais ou menos julho. E ali passei a ter a consciência de que poderia jogar em nível mais alto. Tudo é um processo. Não é como se eu tivesse mudado muita coisa. Mas agora acredito que tenho mais chances de vencer. Antes, quando enfrentava uma jogadora top, pensava que precisaria de um milagre. Era como se eu já entrasse derrotada antes mesmo de jogar”, comenta a italiana, que depois de vencer a cazaque Elena Rybakina, número 4 do mundo, nas quartas de final.
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Já depois de confirmar o favoritismo contra a jovem russa de 17 anos Mirra Andreeva na semifinal da última quinta-feira, admitiu que a campanha em Paris parecia um sonho distante quando começou a jogar. “No começo, eu só pensava em me divertir em quadra, mas nunca sonhei em ser campeã de Grand Slam ou a número 1 do mundo. Nunca sonhei tão grande. Talvez eu nem sonhasse em estar entre as dez melhores, mas tinha esperança, embora não acreditasse muito”, afirmou. “Para mim é surpreendente ver entrevistas de [Novak] Djokovic ou de [Jannik] Sinner quando eram crianças dizendo que o sonho deles era ser número 1. Acho que nunca sonhei em estar na final de um Grand Slam, mas aqui estou”.
Grandes jogadoras já passaram pelo Brasil
Diversas jogadoras que hoje fazem sucesso no circuito já jogaram Brasil no começo da carreira e algumas conquistaram títulos. Um dos casos mais curiosos é o de Sloane Stephens, que disputou seus dois primeiros torneios como profissional em Serra Negra e Itu ainda em 2007. A norte-americana, hoje com 31 anos, foi campeã do US Open em 2017, vice de Roland Garros no ano seguinte e chegou a ser número 3 do mundo.
Entre outros casos mais recentes, a ucraniana Dayana Yastremska, semifinalista do Australian Open, ganhou um torneio em Campinas em 2016. No mesmo ano, em Curitiba, a russa Anastasia Potapova foi campeã ao vencer a norte-americana Amanda Anisimova na final. A grega Maria Sakkari, atual sétima do ranking, e a espanhola Paula Badosa, ex-número 2 do mundo, também já jogaram diversas competições no país quando iniciavam no circuito.
Em entrevista a TenisBrasil durante o WTA Finals de 2021, Badosa relembrou a experiência: “Eu me recordo, sim, de estar no Brasil. Estive várias vezes, entre 2014, 2016 e 2017. Sempre tenho ótimas lembranças de jogar no Brasil e também ficava muito feliz de jogar na América do Sul. Gosto muito da maneira como as pessoas nos tratam e cuidam de nós. Os torneios são sempre muito bem organizados”, disse a espanhola. “A mensagem que posso deixar para as jogadoras que estão disputando torneios deste nível é que até 2019, eu estava jogando ITFs. E em pouco mais de um ano, consegui mudar totalmente a minha carreira e a minha vida”.
É o Brasil, celeiro de campeãs e finalistas de Slam. SQN.
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Obrigado Dalcim e equipe!
Excelente matéria, ninguém se lembrava disso! Parabéns!
Que exemplo da Paolini: com 23 anos, 200 no ranking, quem diria que chegaria ao top 10?
Que as jogadoras que hoje estão atrás se inspirem nessa italiana!
Paoloni realmente fez ótima campanha mas só ganha da Iga se a polonesa estiver muito nervosa e abaixo.. se jogar 50% do nível dela, já era para a italiana.
Cuidado! Ranking não ganha jogo. Imagine quem vai jogar com a enorme pressão de vencer? E quem não tem nada a perder e, portanto, jogará mais solta?
A Iga está muito à frente de qualquer outra tenista no saibro. Espera-se uma vitória confortável na final, pois a italiana não possui a potência necessária para desestabilizá-la. Ela vai precisar ser extremamente agressiva com seu forehand e muito mais ousada nas devoluções do que o usual para equilibrar o confronto.
No H2H está 2×0 para a polonesa e ela perdeu apenas 6 games nos 2 jogos. Qualquer resultado que não seja uma vitória em 2 sets será uma surpresa.
Muito à frente de QUALQUER tenista não… pois a Osaka teve matchpoint contra a Iga.
Fazer uma inferência com tamanho de amostra igual a 1? Que científico o teu comentário!
hahaha… realmente, uma andorinha só não é suficiente… (mas Naomi não é nenhuma andorinha de verão)
concordo. Lembrando que Iga tava na superfície preferida dela (saibro)…e a Mãe Osaka ainda voltando “e aprendendo a andar na argila” (como ela mesmo tinha falado em Roma).
“Vamos ver em quadra dura (setembro)”… desafiou Naomi
comentário bastante correto (um pouco cheio de si, mas tudo bem)… Eu acho que Iga ganha, muito provavelmente. Mas… nada tá escrito nas estrelas…rsrsrs (de qualquer forma, torcerei pela italiana)
Impossível ela vencer Iga. De toda forma, já se trata de um grande feito!