Amigos de infância, Livas e Storck se reencontram na seleção para Davis Junior

Livas Damazio e Leonardo Storck (Foto: ASU 2025/APT)

A conquista do título Sul-Americano de 16 anos e a classificação do Brasil para Copa Davis Júnior contou com dois tenistas que se conhecem desde a infância. Os mato-grossenses Livas Damázio e Leonardo Storck treinavam juntos quando crianças em Cuiabá, seguiram caminhos distintos na carreira e agora voltam a se encontrar para defender o país em competições internacionais.

“Desde pequenos, a gente sempre jogou junto. Eu treinava com o pai dele dos seis até uns 10 ou 11 anos”, disse Storck a TenisBrasil, durante o Roland Garros Junior Series. “A gente foi crescendo e eu acabei saindo da academia. Fui para o Rio, ele para São Paulo, mas nossa amizade sempre continuou”.

O parceiro acrescenta: “Treinávamos quase todos os dias com o meu pai [também chamado Livas Damázio]. Ficamos um tempo sem nos ver, primeiro por causa da pandemia e depois com a mudanças, mas nunca nos distanciamos muito. Sempre fomos muito próximos”.

Experiência em competições por equipes

Ao longo da semana no Sul-Americano, Damázio venceu todos os oito jogos que disputou, quatro em simples e quatro em duplas. “Muito contente com esse resultado. Representando o Brasil ao lado de amigos. Jogamos com muita vontade de ganhar. Sabíamos que ia ser difícil, mas nós estávamos preparados e conseguimos fazer um ótimo resultado”, disse após a conquista do Sul-Americano.

E disputar competições por equipes não é novidade para o jovem tenista, que fez parte do time finalista do Mundial de 14 anos em 2024, na melhor campanha do Brasil na história da competição. “Foi um bom resultado ali e fiquei muito feliz de ter feito uma baita semana. Infelizmente a gente perdeu dos Estados Unidos na final, foi uma baita experiência também”.

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Livas está com 15 anos e ocupa o 220º lugar do ranking mundial juvenil da ITF, com um título na categoria 18 anos, em Foz do Iguaçu. Ele também teve sua primeira experiência como profissional na semana passada, em São Paulo, mas ainda busca o primeiro ponto na ATP: “Jogar em níveis mais altos influencia bastante. Esses torneios foram muito bons e quero seguir evoluindo para jogar cada vez mais contra os melhores”.

Livas Damazio (Foto: ASU 2025/APT)

Um ano mais velho, Storck venceu três jogos em simples e quatro em duplas, com apenas uma derrota. Ele também havia feito parte da equipe campeã no ano passado. “Foi uma semana muito boa conseguindo sair com esse título novamente. Fizemos excelentes confrontos com adversários difíceis mas conseguimos fazer o melhor possível dentro e fora das quadras. Agora vamos com tudo para a Copa Davis”.

Storck está cada vez mais próximo do top 100 do ranking juvenil, ocupando o 123º lugar. O mato-grossense venceu dois torneios da ITF na temporada, em Curitiba e Londrina. No momento, o foco é subir nesse ranking para buscar vagas nos Grand Slam da categoria na próxima temporada e incluir torneios profissionais no fim do ano.

“A gente está vendo isso do calendário com meus treinadores. Talvez no final do ano eu possa jogar alguns torneios profissionais e buscar um ponto na ATP, mas primeiro estamos focando ranking da ITF para ir passo a passo”, explicou o tenista de 16 anos. “Agora a gente está se adaptando porque todo mundo depois dos 16 já tem a parte técnica feita. Aí vai muito da intensidade e da parte física. O pessoal mais velho também mais experiência e é mais ‘malandro’ na hora de jogar. Tem horas que eles se poupam mais, tem horas que ficam muito intensos. E a gente sente essas variações que tem no jogo, porque estamos vindo de um nível totalmente diferente, enquanto eles já são bem estruturados”.

Backhand de uma mão: Influência do avô
Leonardo Storck (Foto: ASU 2025/APT)

Ao assistir Storck jogar, o backhand de uma mão logo chama atenção. Ele conta que o estilo de jogo é uma influência do avô, Walter, que o ensinou a jogar. “Minha família inteira, por parte de mãe, é de tenistas. E meu avô materno sempre me incentivou a jogar. Ele que abriu as portas para mim, desde os meus três anos. Ele é professor de tênis, me levava para as quadras e ficava lá. Acabei pegando a paixão pelo esporte e é por isso que estou aqui.

“Quando eu comecei a jogar, foi o meu vô me ensinou a bater com uma mão. Esse meu backhand, foi o meu avô quem começou tudo. Lógico, que com o tempo eu fui aprimorando, com outros treinadores e agora está aí essa esquerdinha”, comentou o atleta. Atualmente, ele treina na Rio Tennis Academy, acompanhado por Bruno Savi nas viagens e por Mauricio Seiblitz, Martin Perez e o preparador físico Eduardo Oliveira na academia.

Quem também está nesse centro de treinamento é o catarinense Carlos Lino, que completou o trio brasileiro campeão no Sul-Americano. “Foi muito bom, fiquei muito feliz, primeira vez representando o Brasil e poder sair com o título é muito gratificante, feliz com a classificação para a Copa Davis juvenil que é o Mundial. Agora é treinar e se preparar”, comentou Lino.

Referências de André Sá e Leo Azevedo

Outra figura importante no trabalho com Storck é o ex-tenista profissional André Sá, vencedor de 11 títulos no circuito de duplas da ATP, além de ter sido 55º do mundo em simples. O mineiro de 47 anos atua como consultor na academia, acompanhando os juvenis em alguns momentos da temporada. “É muito bom ter o André por perto. Ele foi um grande jogador e vai mostrando para a gente como é a carreira no tênis e como é ser um jogador profissional. A gente acaba se espelhando bastante nele e vamos indo pra frente”, disse o jovem tenista.

Sá, que já teve função semelhante com João Fonseca, na equipe comandada por Guilherme Teixeira, falou sobre seu trabalho com a nova geração. “Eu faço uma consultoria para os jogadores e treinadores da Rio Tennis no mesmo esquema que eu fazia lá atrás com o João. Todo mundo nesse nível bate bem na bola. O que eu tento contribuir muito é para que eles possam entender um pouco mais da parte tática e da dinâmica do jogo em si. E tento dar um suporte também para os treinadores”.

Já Livas Damázio é atleta da Rede Tênis, em São Paulo, treina com Luis Fabiano Ferreira e tem o acompanhamento do experiente Leo Azevedo, que tem passagens pelas federações britânica e norte-americana, além de já ter trabalhado na Espanha e treinado nomes como Thomaz Bellucci e Luísa Stefani. “Ele é bem legal, sabe bastante de tênis e ensina bastante e consegue passar o aprendizado pra gente”.

Azevedo, que coordena uma equipe com nomes como Nauhany Silva, Guto Miguel e Pietra Rivoli também destaca a visão de longo prazo no projeto com juvenis. “Tento passar para eles que o momento é importante até a página 2. O que a gente tem que fazer é prepará-los pensando lá na frente. A gente tem que olhar para o jogador e pensar como a gente imagina o jogador daqui a três, quatro ou cinco anos. Ter uma visão maior e de longo prazo. A gente sabe que no Brasil, que tem uma cultura mais futebolística, é difícil. As pessoas são resultadistas, mas é preciso ter visão de longo prazo e os jogadores têm que saber que estão dentro de um plano”.

Influência dos profissionais e o caminho de Fonseca
Leonardo Storck, Carlos Lino, Livas Damázio e o capitão Fernando Valle (Foto: ASU 2025/APT)

Livas Damázio já teve uma experiência em Grand Slam, disputando a chave de 14 anos de Wimbledon na temporada passada. Apesar de não ter conseguido os melhores resultados na grama, a convivência com profissionais do mais alto nível foi uma experiência valiosa.

“Fiquei muito feliz quando joguei a Copa Cosat e descobri que iria para Wimbledon. E no Grand Slam, acabei não conseguindo jogar o meu melhor, fiquei em terceiro no grupo, mas foi uma baita experiência. É muito perto que você fica dos profissionais. Estava no vestiário junto com o Carlos Alcaraz e o Daniil Medvedev, por exemplo. É claro que o nosso nível é totalmente diferente, mas vê-los jogando dá mais vontade de trabalhar duro para chegar ao nível deles e jogar contra eles um dia”, comentou o mato-grossense.

Outra clara influência para os mais jovens jogadores é João Fonseca, que aos 18 anos já é o número 1 do Brasil. Ele foi campeão da Davis Junior em 2016, ao lado de Pedro Rodrigues e Gustavo Almeida. Saber que o carioca já passou pelas mesmas etapas nessa fase da carreira é inspirador, mas eles sabem que o caminho é longo. “Inspira muito acreditar que dá para chegar. O que o João fez, ele fez. O cara ganhou o Next Gen com 18 anos e não é qualquer um que fez”, disse Damázio. “Eu quero trabalhar muito para chegar no nível dele e sei que é duro. Mas inspira muito saber que ele passou por aqui. Isso mostra que a gente não está tão longe e também pode chegar”.

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lucas
lucas
4 horas atrás

Livas conhecido como Dudu aqui no MT. Perdi para ele quando eu tinha un 37 anos …..e ele 12 kk.

Paulo A.
Paulo A.
2 horas atrás

Só achei decepcionante o Storck jogar ainda o backhand com uma mão, um golpe em extinção no circuito masculino e, a meu ver, claramente uma grande desvantagem no tênis atual. Não vai muito longe com esse estilo, infelizmente…

Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
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