Quando o talento é superado pelo esgotamento

Há tempos que o Masters 1000 de Paris vive uma incômoda situação. Por estar no finalzinho da temporada, muitos jogadores chegam esgotados e por diversas edições o número de desistências foi grande, em especial por tenistas já classificados para o Finals, que preferiram se poupar. Desta vez, o que se viu foi uma enorme surpresa com a eliminação precoce de Carlos Alcaraz. E não se pode esquecer que João Fonseca chegou desgastado, perdeu na segunda rodada e, sabiamente, decidiu anunciar que só voltará ao circuito em 2026.

A derrota de Carlos Alcaraz provocou um interessante comentário de seu treinador, Juan Carlos Ferrero. O técnico campeão de Roland Garros definiu que a eliminação de seu pupilo veio muito mais pelo esgotamento físico e mental, do que falta de talento e competência para seguir longe na competição. E até com bom humor Carlito publicou um post, segurando uma faixa com dizeres “não se pode ganhar todos os dias”.

Há uma reclamação quase que geral dos jogadores de ponta contra o exigente calendário da ATP. Afinal, líderes do ranking jogam mais que os intermediários, pois costumam ir às decisões dos torneios. Ao mesmo tempo em que protestam diante de tantas competições oficiais, os jogadores não hesitam em participar de milionárias exibições, quando poderiam estar descansando e recuperando o físico.

A justificativa é que nesses eventos os tenistas jogam sem pressão, pois não há conquista nem defesa de pontos no ranking e o clima dos encontros costuma ser bem descontraído. É nessa atmosfera que ainda este ano está marcado um jogo entre Alcaraz e Fonseca, em Miami.

Diante desse cenário, a ATP assumiu uma atitude cautelosa para evitar uma enxurrada de reclamações ao já exigente calendário, foi o de aceitar sim o pedido do mundo árabe e colocar no futuro mais um torneio da série 1000. Só que, ao contrário de outras competições semelhantes, não será mandatório, ou seja, quem não quiser participar não levará zero pontos. Mas um detalhe não esclarecido é se o evento na Arábia poderá pagar garantias, o que é proibido em outras competições do mesmo nível. Parece que por não ser mandatório fica uma brecha.
Outra decisão da ATP, que ao meu ver contribuiu em muito para o desgaste dos jogadores, foi elevar a importância de alguns Master 1000, levando essas competições em eventos de 10 dias. Transformou-se quase num Grand Slam. Enfim, é a eterna briga entre a ATP e a ITF.

 

 

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Rogério Frederico
Rogério Frederico
13 dias atrás

esgotamento com 3 semanas de descanso?

José Afonso
José Afonso
13 dias atrás
Responder para  Rogério Frederico

Justificativa de mau perdedor!

JClaudio
JClaudio
13 dias atrás

Estranho muito a “desculpa” do esgotamento físico, os dois citados, Alcaraz é o número um que menos torneios disputou nos últimos anos (15 no total), Fonseca é criticado por fazer pausas para descanso, jogou poucos torneios (caso retire os charllengers, exibição, torneios de nível, foram poucos).
O esgotamento mental, sempre existiu no esporte, vencendo ou perdendo, hoje temos maior visibilidade, o preconceito é menor.
Sinner está aí, alegando dificuldades físicas, sendo que ficou três meses afastados, começou o ano pelo segundo semestre.
Djokovic praticamente um turista do circuito, na idade que está, escolhe os torneios que deseja participar.
O tênis como esporte, está passando por transformações, o jogo ficou muito rápido, onde a condição física é importante, o “investimento” na preparação terá que ser maior, não adianta correr uma maratona, será necessário chegar milésimos de segundo mais rápido numa troca de bola, cada músculo do corpo, tem que está preparado .

JClaudio
JClaudio
13 dias atrás
Responder para  JClaudio

estar preparado***

José Afonso
José Afonso
13 dias atrás
Responder para  JClaudio

Pura balela do treinador Juan Carlos Ferrero, Claudinho… o próprio Alcaraz falou que estava descansado e motivado, o que foi noticiado aqui no TênisBrasil há poucos dias: https://tenisbrasil.uol.com.br/alcaraz-se-sente-descansado-e-motivado-para-o-masters-de-paris.html

Veja meu comentário aqui no blog do chiquinho, para eu não ser mais repetitivo aqui na resposta a você, rs.

JClaudio
JClaudio
13 dias atrás
Responder para  José Afonso

Ola Afonsinho
Nunca o tênis profissional teve um número um (Alcaraz) e dois (Sinner) que jogaram tão poucos torneios.
Hoje o tênis profissional, por incrível que pareça, os tenistas jogam menos que no passado (torneios e jogos).
Existe a evolução do jogo, algo normal, acontece paulatinamente, em 2023 aconteceu um “estirão” (palavra usada para descrever um adolescente que cresce repentinamente), o jogo deu uma mudada substancial, muitos tenistas não acompanharam fisicamente, dos dez do mundo, apenas Minaur não teve problemas físicos em 2025, todos os outros tombaram em algum momento, alguns com uma certa gravidade.
Acho estranho, todos falam da quantidade de torneios e jogos, algo que não bate com a realidade.
A dificuldade está no tipo de jogo, e nas condições de preparação de um tenista nos dias atuais (fisicamente).

José Afonso
José Afonso
12 dias atrás
Responder para  JClaudio

Claudinho, tudo que você falou é verdade e acontece, porém o seu favorito espanhol não estava esgotado neste torneio (conforme palavras dele próprio!).

Isto foi conversa para boi dormir, do treinador dele, o Boi Miúra Jr.

Kauê Marinho
Kauê Marinho
13 dias atrás

A Laver Cup nunca contou pontos. No início nem contabilizava as vitórias. Porém, como entrou no calendário oficial da ATP, as vitórias foram contabilizadas, até mesmo de forma retroativa. Aí também contou como título de equipe.

Sobre o esgotamento dos atletas, esse ano me parece um pouco maior que nos anos anteriores. Muitas lesões e desistências. Vão precisar repensar a obrigatoriedade das participações. Só assim abre mais espaço para outros jogadores e mais descanso.

Abraços

João
João
13 dias atrás

Nem tanto talento nem tanto esgotamento. Os caras jogavam com raquetes pesadissimas e equipamentos e preparação inferiores e não abandonavam nem justificavam derrotas desse jeito.

José Afonso
José Afonso
13 dias atrás

Balela do treinador Juan Carlos Ferrero… o próprio Alcaraz falou que estava descansado e motivado, o que foi noticiado aqui no TênisBrasil há poucos dias: https://tenisbrasil.uol.com.br/alcaraz-se-sente-descansado-e-motivado-para-o-masters-de-paris.html

O número 1 mais fake da história nunca foi um grande jogador nas quadras cobertas (assim como Nadal) e só está repetindo o padrão dos anos anteriores.

Juan Carlos Ferrero deveria ter vergonha e admitir a falta de preparação para este torneio ou as limitações do pupilo em quadras indoor, ao invés de dar desculpas esfarrapadas.

James Garcia
James Garcia
13 dias atrás
Responder para  José Afonso

Quem deveria ter vergonha é você um Zé ninguém frustrado e invejoso que nunca pegou numa raquete na vida achando que pode falar bobagens de profissionais gabaritados, recolha se na sua insignificância

José Afonso
José Afonso
12 dias atrás
Responder para  James Garcia

Kkkkk, está nervoso? Na falta de argumentos, ataca-se o interlocutor, essa é antiga, rs.

Mas entendo seu nervosismo, além da derrota do seu predileto para um jogador medíocre em plena estreia, o pior é a dura verdade abaixo:

Sinner só perdeu o número 1 este ano porque foi suspenso e impedido de jogar 4 torneios Masters 1000 e tantos outros ATP 500.

Boi Miúra Jr. número 1 mais fake da História.

Em 2022, só conseguiu por Wimbledon não valer pontos e por Djokovic, Nadal e Zverev serem impedidos de jogar metade dos torneios por falta de vacina ou lesões.

Josiel
Josiel
11 dias atrás
Responder para  José Afonso

E o US Open e Rolangarros de Alcaraz desse ano foi por conta de jogadores estarem impedidos também ou foi méritos dele? E as duas finais de Master 1000 ganhas de Sinner esse ano também foi lesão dos outros? Deixa de rancor

José Afonso
José Afonso
11 dias atrás
Responder para  Josiel

Josiel, ele teve várias vitórias por puro mérito, como esses Slams que vc citou e Wimbledon 2023. Isso não muda o fato que não teria sido número 1 este ano sem a suspensão de Sinner ou em 2022 sem pandemia ou guerra na Ucrânia.

Uma das finais de Masters 1000 que ganhou de Sinner o italiano estava passando mal e nem ia entrar em quadra, só jogou um pouquinho em respeito ao público, vc sabia disso?

André Aguiar
André Aguiar
8 dias atrás

(…) foi o de aceitar sim o pedido do mundo árabe e colocar no futuro mais um torneio da série 1000.”

Chiquinho, eu escreveria essa frase de outra forma: “foi o de aceitar sim a chantagem dos árabes e colocar na Arábia Saudita mais um torneio da série 1000”.

A verdade é que a ATP chancelou esse Masters 1000 na Arábia Saudita acuada pela ameaça dos árabes organizarem um circuito alternativo ao da ATP, como fizeram com o golfe.

Obrigatório ou não, esse novo Masters 1000 nada mais é do que a cessão a uma chantagem.

Última edição 8 dias atrás by André Aguiar
Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.
Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.

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