André Sá: “O tênis não está totalmente quebrado, como dizem”

André Sá (Foto: Peter Wrede/COSAT)

Mário Sérgio Cruz
Especial, de São Paulo

O noticiário do tênis nas últimas semanas tem sido marcado por discussões a respeito da viabilidade financeira do circuito profissional. Os jogadores têm se organizado e cobrado das entidades que comandam o esporte o aumento nas premiações em dinheiro e também fazem críticas a respeito do calendário, ranking, programação e horários de jogos e também do sistema antidoping. Uma das falas mais comuns nas queixas apresentadas é de que o tênis estaria “quebrado”.

O mineiro André Sá é um dos nomes do tênis brasileiro com maior experiência nos bastidores do circuito, por ter sido muito atuante nas reuniões do Conselho de Jogadores da ATP quando atuava profissionalmente. Em entrevista a TenisBrasil durante o Roland Garros Junior Series, Sá discorda da afirmação de que o tênis seria tão inviável, reforçando que todos os principais jogadores da atualidade já passaram por processos parecidos quando tinham rankings mais baixos.

“O problema estaria se você conseguisse chegar num nível mais alto e mesmo assim não tivesse oportunidades para se desenvolver e jogar. E no tênis existe essa chance”, disse André Sá. “É um processo em que todos que chegaram lá em cima tiveram que passar. Todos já foram 300 ou 400 do mundo um dia. Então o sistema não está totalmente quebrado como dizem. Se você conseguir chegar aos torneios grandes, consegue um lugar ao sol”.

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Ainda assim, ele aprova os movimentos de organização entre os atletas para cobrar melhorias no circuito. “É difícil comentar estando fora das negociações, do ambiente e das reuniões. É um assunto que a gente só sabe mesmo o que lê no noticiário. Mas é sempre bom sentar e conversar. Acho que o objetivo dos jogadores tops é sentar na mesa com os Grand Slam e ver o que é produtivo para os dois lados para tentar chegar a um acordo”.

Avaliação positiva sobre o tênis brasileiro

Aos 47 anos e vencedor de 11 títulos no circuito de duplas da ATP, além de ter sido 55º do mundo em simples, Sá avalia de forma positiva o momento do tênis brasileiro. Especialmente pela consolidação de Beatriz Haddad Maia no top 20 do ranking mundial, com resultados como a semifinal de Roland Garros e as quartas do US Open, e o crescimento recente de João Fonseca, que se estabeleceu entre os 100 melhores do mundo com apenas 18 anos e já tem um título de ATP.

“Acho que é o melhor momento, não só com a Bia e o João, mas também com os Thiagos [Monteiro e Wild] jogando super bem. Eles às vezes ficam um pouquinho fora, mas logo voltam ao top 100. O tênis feminino está crescendo e estou vendo essa garotada com muitos meninos de 14, 15 e 16 anos jogando bem e também interessados”, disse o mineiro. “Porque agora tem existem referências maiores, no caso da Bia e do João. Ter referências é um elemento essencial na formação. O tênis brasileiro está se organizando com a Confederação e isso é positivo”.

Experiência na Tennis Austrália e mentoria dos juvenis

A longa experiência de Sá nas negociações do conselho o ajudou a assumir em 2019 o cargo de diretor de relações com jogadores da Tennis Australia. Ele conta sobre como é o trabalho em uma federação que organiza um Grand Slam e como pode trazer essa experiência para melhorar o tênis no Brasil. “A experiência de trabalhar com um Grand Slam é uma oportunidade incrível. Estou há cinco anos com eles, nessa parte de relacionamento e comunicação. E às vezes a gente pega uma coisinha aqui e ali no alto rendimento para seguir próximo do tênis. Fico feliz de trazer para o Brasil essa experiência e contribuir de alguma maneira para o nosso tênis”, afirmou.

Sá também atua como consultor na Rio Tennis Academy, acompanhando juvenis como o mato-grossense Leonardo Storck em alguns momentos da temporada. Ele já teve função semelhante com João Fonseca, na equipe comandada por Guilherme Teixeira, há alguns anos. “Eu faço uma consultoria para os jogadores e treinadores da Rio Tennis Academy. E que é no mesmo esquema que eu fazia lá atrás com o João e a YES Tennis. Com a minha experiência e também em ensinar sobre a parte tática do jogo. Porque todo mundo nesse nível bate bem na bola. Eles são fortes e têm um desenvolvimento incrível. O que eu tento contribuir muito é para que eles possam entender um pouco mais da dinâmica do jogo em si. E tento dar um suporte também para os treinadores”.

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Marcelo Calmon
Marcelo Calmon
5 dias atrás

Parei de ler quando falou que o tênis brasileiro está no melhor momento !! Thiagos jogando super bem !!

F.F.
F.F.
5 dias atrás
Responder para  Marcelo Calmon

Disse tudo

JClaudio
JClaudio
5 dias atrás

A frase não é boa…
“O tênis não está totalmente quebrado”
A frase diz que o tênis está “um pouquinho quebrado”, realmente a entrevista é ruim, respeito a carreira do André Sá, alguém que jogou entre os melhores.
Mas glorificar a CBT, dizer que os dois “tiagos” estão jogando bem, que o tênis brasileiro está no seu melhor momento.
Realmente fica difícil, nos falta pessoas com ideias para um contraditório com o que está aí, colocado pelo Westrupp.
Entrevista assim, fico com a impressão de alguém que depende da estrutura existente.
o tênis realmente é uma bolha…

Última edição 5 dias atrás by JClaudio
F.F.
F.F.
5 dias atrás

Tênis brasileiro no melhor momento, os Thiagos jogando super bem…
Mais um que vive em Nárnia

Danilo
Danilo
5 dias atrás

Já tivemos, na década de 90, dois tenistas em semifinal de grand slan!

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