Acabou o gás. Claramente, João Fonseca teve que se superar no aspecto físico e emocional nesta segunda rodada do Masters 1000 de Paris e, ainda assim, levou o número 14 do mundo Karen Khachanov a um terceiro set, em que o russo foi praticamente perfeito com o saque e, com todo o mérito, segue em busca do segundo troféu no torneio.
Outra vez, o jovem carioca conseguiu reverter um início fraco de partida, em que parecia lento, afoito e descalibrado, o que permitiu Khachanov comandar quase o tempo todo com seu jogo pesado de fundo de quadra. O brasileiro suou para ganhar seu primeiro game e por muito pouco não perdeu outro serviço na abertura do segundo set.
Aí tudo mudou. Fonseca ficou mais solto, passou a fazer maravilhas com o forehand e, de forma astuta, foi sempre à rede quando sentiu ter deslocado o grandalhão lá no fundo de quadra, principalmente com as defesas pouco eficientes de backhand do russo. Seu tênis de repente ganhou volume, as pernas pareciam mais leves e seus golpes poderosos falaram alto na lenta quadra dura coberta.
O terceiro set foi marcado por games muito rápidos, em que Khachanov deu mínimas oportunidades com seu ótimo serviço. Fonseca se segurou o quanto pôde, mas era evidente que ele já começava a acelerar os pontos, a fim de economizar o que restava de energia. Faltou então fôlego e precisão no primeiro saque, veio a quebra definitiva e a queda. Mas não sem esforço e raiva. Apesar de deselegante, o fato de atirar a raquete ao chão mostrou sua recusa em se entregar.
A última missão fica para Atenas, na próxima semana, onde certamente será cabeça de chave e, quem sabe, apareça a oportunidade de enfrentar Novak Djokovic, o principal inscrito. Não será mais possível atingir o top 20 mesmo com eventuais 250 pontos de um título, mas seu lugar entre os 25 mais bem classificados me parece garantido. E isso é sensacional.
Números imponentes
Alguns dados estatísticos sobre a temporada de Fonseca nos torneios de elite do calendário merecem ser mencionados. Ele no momento tem 26 vitórias e 16 derrotas, o que é muito bom. Em 1997, primeira aventura de Guga Kuerten nos grandes eventos, ele somou 36 triunfos e perdeu 25 vezes.
Segundo a ATP, Fonseca também aparece no top 10 de alguns quesitos, como em viradas obtidas. É o nono na média (0,38), acima de Ben Shelton, e também no total (8), igualando-se a Alexander Zverev e melhor que Djokovic. O carioca também ganhou 10 de 15 partidas que foram ao set decisivo, número que o coloca em 18º, à frente de Sascha e Andrey Rublev, e entre os 13 de melhor média (0,66), acima de Taylor Fritz e Tommy Paul.
O brasileiro também ganhou 15 de 24 jogos sobre a quadra dura, o que o coloca em 23º , acima de Lorenzo Musetti, e em pisos cobertos tem 7 vitórias em 11 jogos, oitava melhor média, bem melhor do que Alexander Bublik, por exemplo.










Gente, outro dia vi as pessoas discutindo se o João Fonseca era um fenômeno pelo que vem fazendo este ano. Não digo que seja um fenômeno, pois outros jogadores também já o fizeram, mas os números dele mostram que tem grandes chances de ser um TOP do circuito. Vou listar abaixo os rankings do final do ano dos melhores tenistas das 10 gerações anteriores ao João Fonseca ( ou seja, nascidos de 1996 até 2005) em seu primeiro ano após estourar a idade de juvenil, ou seja, o ano que iriam completar 19 anos. Para a geração 2006, do João Fonseca, este é o ano de 2025, para a geração 2005, foi o ano de 2024, e assim respectivamente. João é 28 do mundo e está praticamente certo que fechará o ano no TOP30. Segue abaixo:
Geração 2005: Jakub Mensik (48) e Juncheng Shang (50)
Geração 2004: Arthur Fils (36)
Geração 2003: Carlos Alcaraz (1) e Holger Rune (11)
Geração 2002: Lorenzo Musetti (59)
Geração 2001: Jannik Sinner (37)
Geração 2000: Felix Aliassime (21)
Geração 1999: Denis Shapovalov (27) e Alex de Minaur (31)
Geração 1998: Frances Tiafoe (79) e Stefanos Tsitsipas (91)
Geração 1997: Alexander Zverev (24) e Taylor Fritz (76)
Geração 1996: Borna Coric (44).
Somente as gerações 2003, 2000, 1999 e 1997 tiveram algum tenista fechando o seu primeiro ano ( completando 19 anos ) dentro do TOP30, e todos que o fizeram foram, sem exceção, TOP10. Isso demonstra que a probabilidade do João figurar neste grupo é bem alta e atingir ranking tão alto com tão pouca idade são para tenistas que serão TOP10 e ficarão na elite do circuito.
Excelente! Muito bom post.
São números espetaculares, sem dúvida. Fica a lição do jogo de hoje, onde o Krachanov aproveitou muito o backhand do JF. Ainda assim, no primeiro ser, o saque estava aquém da expectativa, devido ao cansaço e também da grande pressão que sofreu depois de copar em Basel.
O BH do JF esta melhorando muito… lembro o quanto ele fugia… agora consegue ir bem.
No caso de hj o russo se sente confortável jogando com o BH e logicamente cruza a bola.
Kk, o mlk simplesmente destruiu a minha projeção de ranking pra ele, tinha feito top 50-70 até o final do ano pra ele kk, bem pé no chão kk
Mas já pensou uma final Fonseca vs Djoko em Atenas? Seria ótimo, já que ele quer tanto enfrentar o sérvio, nada melhor do que na final
Dalcim , qual vai ser o ranking dele agora ?
Está em 24º, mas alguns jogadores podem ultrapassá-lo. Norrie, o mais próximo, precisaria ganhar mais dois jogos.
Ótima semana do Fonseca. Muito desgastante vencer seu primeiro ATP500 e depois vir pra esse saibro lento de La Defense, onde é preciso correr muito, fazer muita força e bater sempre uma bola a mais. Superfície mais adaptada ao maratênis, acredito….
“Seu lugar entre os 25 mais bem classificados me parece garantido”.
E assim cumprir-se-á a previsão de Jannik Sinner, feita no início do ano.
JF estava visivelmente cansado. Acredito que cumpriu o que era possível hoje. Agora é questao de descansar dois dias e recarregar para o ATP de Atenas.
Voltando ao normal, ninguém se machucou, e não teve WO. Fora isso inconsistência continua normal, padrão bia Haddad.
Tenista inconsistente vence ATP 500 em seu mundo?
Um bom ano para o João. Mas precisa melhorar o físico e ser mais consistente. As campanhas em Master e Gran slam foram fracas. Na torcida por um 2026 melhor
Por razões infelizes, não pude ir à Basileia para ver a vitória do brasileiro, fato que eu tinha o forte pressentimento que ocorreria quando comprei o ingresso em assento privilegiado para a final do evento. Também não pude assistir à primeira partida dele em Paris. Acabei vendo a segunda, a da derrota. O que mais me chamou a atenção no jogo foi o cada vez mais perspicaz e venenoso jogo de rede do João. Pouquíssimas vezes nos últimos dez anos vi um tenista fazer preparações tão perfeitas, subidas tão rápidas e voleios tão apropriados. Ele deve estar treinando muito esse fundamento. Porém, há algo inato nisso: nem todos os treinamentos do mundo fazem um voleador, senão uma capacidade de unir na hora H todas as informações por intuição. Um vexame em um smash não tirou o brilho do jogo do brasileiro no quesito.
Infelizmente um ponto sensível do brasileiro veio à tona no início do jogo, a afobação. E, no final da partida ressurgiu outro: o desejo intenso de inventar moda.
Mas também não posso deixar de observar que o jogo defensivo, minha principal preocupação com o jogo de Fonseca, estava hoje espetacular.
Não gostei da estrutura do local do evento. Parece uma grande barraca para gente com algum dinheiro. Tem cara de qualquer coisa, menos de evento tenístico.
Tenho receio de não conseguir ir a Atenas ou a Turim. Mas, se for, prometo levar sorte a Fonseca, Djokovic e Sinner.