Após temporada na Espanha, Luiza Fullana busca novos ares

Luiza Fullana (Foto: João Pires/Fotojump)

Mário Sérgio Cruz
Especial, de São Paulo

De volta ao Brasil depois de um período de treinos na Espanha desde o fim do ano passado, Luiza Fullana busca novos ares. A campanha até as quartas de final em São Paulo é a melhor na temporada para a brasiliense de 24 anos e 546ª do ranking. Vencedora de dois torneios profissionais na última temporada, quando começou a se dedicar integralmente ao tênis, Fullana acredita que a experiência foi proveitosa, sob o ponto de vista de conseguir viajar acompanhada da equipe técnica, mas entende que o momento é de buscar outro centro de treinamento. A preferência é permanecer na Europa, por motivos de custo e logística de calendário, mas o leque de opções está aberto.

“O que mudou principalmente foi ter um treinador comigo o tempo inteiro, o que eu não tinha acesso antes. Eu ainda estava trabalhando e não poderia estar 100% focada no tênis. Essa foi a maior mudança. Em questão de rotina, sempre tentei aquecer bem e me alongar bem e tudo mais. Então o ajuste mesmo foi nessa parte de estar 100% focada no profissional”, disse Fullana, em entrevista a TenisBrasil durante a disputa do Brasil Tennis Classic, torneio ITF W35 realizado no Esporte Clube Pinheiros. Ela vinha treinando na Carlos Gomez Academy, em Barcelona.

“Eu acabei de sair dessa academia, na verdade. Inclusive estou buscando outra. Faz poucos dias e você é uma das primeiras pessoas a saber. No momento estou buscando um lugar onde eu me sinta confortável e que meu trabalho seja valorizado. Independente de onde seja, acho que isso é o mais importante”, acrescentou a tenista, que venceu na última quinta-feira um duelo nacional contra a gaúcha Sofia Mendonça por 6/1, 3/6 e 7/6 (7-3). Ela enfrenta nas quartas a argentina Julieta Estable, 524ª do ranking. Na última semana, em Rio Claro, avançou uma rodada em simples e foi finalista de duplas.

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Um dos focos para a brasileira nesta temporada foi intensificar a preparação física. Ela sentiu essa necessidade quando disputou um torneio mais forte, o WTA 125 de Florianópolis, já em dezembro do ano passado. “O físico sempre vai ser uma das minhas prioridades e tem sido uma coisa que eu trabalho bastante, tentando me sentir cada vez melhor na quadra”, afirmou. “Especificamente na semana do WTA de Floripa, eu vinha de muitos jogos da semana anterior, que conquistei um título e tive só um dia para treinar. A preparação ali não foi das melhores, mas por coisas que acontecem no tênis. Foi por uma coisa boa”.

Tênis universitário e viabilidade financeira do circuito

Depois de passar pelo circuito universitário nos Estados Unidos, Fullana trabalhou dentro e fora do tênis para poder juntar dinheiro para viajar para os torneios profissionais. O cenário mudou especialmente depois que ela conseguiu seus dois primeiros contratos de patrocínio, com a Sadia e o Banco BRB e também pelos títulos do ano passado, que a permitiram ter ranking para entrar em um número maior de competições. Sobre a experiência na universidade, onde cursou marketing, a tenista explica que a decisão foi motivada também pela falta de condições de se manter financeiramente no circuito quando saiu do juvenil.

“Tive bolsa integral. Eles pagaram minha moradia e alimentação. E tive acesso a uma estrutura incrível de quadras, bolas, raquetes e material. Eu realmente não tinha os recursos necessários para sair do juvenil e ir jogar no profissional. Então foi a saída que eu achei para continuar jogando”, relembrou a tenista, que passou pela Charleston Southern University entre 2020 e 2023. “Eu fazia dois ou três jogos por semana com tudo pago e isso acabou me preparando muito, fisicamente e mentalmente, para enfrentar o circuito. Então foi uma experiência muito especial. Hoje em dia, várias meninas me perguntam: ‘Ah, Lu. Como foi sua experiência? O que eu devo fazer?’. Eu sempre falo que, para quem tiver a oportunidade, que vá. E você sempre vai ter a opção de voltar. Não custa nada ir lá e ter uma experiência nova”.

Luiza Fullana (Foto: João Pires/Fotojump)

Ainda sobre a viabilidade financeira do tênis profissional, especialmente nos torneios menores, Fullana faz o que pode para economizar. “O tênis é um esporte muito caro e eu brinco que pago para trabalhar. Acaba que o prize money nesse nível não paga viagem, não paga hotel, não paga nada… E o custo é muito alto de quem está realmente investindo nisso. E as maneiras que a gente tem de economizar é ficando em casa de amigos [em São Paulo, ela está hospedada com a família da também tenista Helena Bueno] ou jogando interclubes. Inclusive, vou jogar um interclubes em Maringá, no Paraná, daqui a duas semanas. Muitas vezes, a gente tem que viajar sozinho, porque não consegue bancar os seus custos com os do seu treinador. O mais importante é ter o amor pelo esporte que as coisas vão chegando”.

Convocada pela primeira vez para a equipe brasileira da Billie Jean King Cup, Fullana falou sobre o momento do tênis feminino no Brasil, liderado por Bia Haddad Maia e Luísa Stefani e a com a confirmação de um WTA 250 em São Paulo para setembro. Além do momento de maior visibilidade e oportunidades para as jovens jogadoras, a brasiliense também destaca o bom relacionamento com as tenistas mais experientes. “Acho incrível o trabalho das meninas. São inspirações para mim e para outras jogadoras que estão chegando. E não somente como jogadoras, são pessoas maravilhosas e com características muito boas. Então, isso é uma coisa que eu busco para mim. Falo com elas direto, quando uma tem bons resultados. Então a gente vai criando uma cultura muito boa entre a gente de apoio e amizade. É muito legal o que estamos criando como grupo”.

Foto: Luiz Candido/CBT
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Rodrigues
Rodrigues
1 hora atrás

É uma vida desgraçada essa dos tenistas abaixo do top 200. Por isso todo respeito a esse exército de resilientes .

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