O encerramento das oitavas de final do US Open foi bem menos competitivo do que se espera de um Grand Slam. Jannik Sinner, Iga Swiatek, Lorenzo Musetti, Naomi Osaka e Amanda Anisimova – infelizmente para cima de Beatriz Haddad Maia – foram muito superiores a seus adversários.
Bia optou por sair sacando, ganhou só um lance e de repente já estava 0-40 de novo. Ainda contou com a pressa da top 10 e equilibrou dois games, marcando dois pontos bonitos, mas nem assim evitou o amargo ‘pneu’. Marcou apenas 10 vezes, e cinco deles foram erros da norte-americana.
O segundo começou novamente tenebroso, mas enfim Anisimova passou a mandar bolas para fora – como fez na rodada anterior – e Bia saiu do zero. Mas o serviço não funcionava. Perdeu o quinto game de saque consecutivo.
Então Bia percebeu que, se conseguisse sustentar trocas de cinco ou seis bolas, suas chances aumentariam consideravelmente. E o jogo ficou mais equilibrado, ainda que de nível técnico oscilante. Vieram novos break-points para os dois lados até que, com 4/3, Anisimova elevou o nível de vez e passou a cravar aces e winners para liquidar a partida.
Não dá para ficar de toda feliz com a forma com que saiu do torneio, porém Bia pode comemorar três vitórias e dois jogos muito bons em Nova York, que a farão perder somente cinco posições no ranking e ainda se sustentar no top 30, como 27ª. De volta a São Paulo, vai estrelar o WTA do Parque Villa-Lobos dentro de uma semana, onde sairá com natural favoritismo. Tomara que isso não seja um peso e, sim, motivação para a reta final de uma temporada com saldo ainda bem negativo.
Duelo italiano e surpresa canadense
Quem sacou demais na rodada noturna da Arthur Ashe foi Jannik Sinner. Absoluto em quadra, contou com um Alexander Bublik descalibrado e apressado, a ponto de fechar os dois primeiros sets em meros 51 minutos. Bublik ganhou 28 pontos, dos quais 12 foram erros do número 1. Massacre tão grande que o cazaque nem conseguiu fazer seus geniais malabarismos.
Isso garante o duelo todo italiano de quartas de final, depois que Lorenzo Musetti atropelou o espanhol Jaume Munar. Depois de perder o primeiro set do torneio para Giovanne Perricard, o número 10 do mundo ganhou todos os outros 12 que disputou. Com a campanha inédita em Nova York, entrou para o seleto grupo dos nascidos no século 21 a ter quartas de Slam em três pisos diferentes, ao lado de Sinner e de Carlos Alcaraz.
A agradável surpresa se chama Félix Auger-Aliassime, mesmo ele já tendo sido 6º do ranking e semi do torneio quatro anos atrás. Depois de superar Alexander Zverev, dominou também Andrey Rublev com um arsenal onde se destacam o primeiro saque e o eficiente forehand de segunda bola. Mas essa reação do canadense passa também por um backhand mais confiável e a cabeça aparentemente focada e confiante, longe do fantasma que geralmente o atormenta em jogos grandes.
E olha que Félix tem agora histórico favorável de 2 a 1 sobre Alex de Minaur. O australiano também mostra progressos, buscando mais agressividade, e isso explica seu lugar justo no top 10. Ele no entanto tem um tabu a resolver. Já chegou nas quartas de todos os Slam – é a terceira em Nova York -, mas nunca passou disso. Vai ser um duelo imprevisível e bem interessante.
Osaka está de volta?
Duas vezes campeã, a última delas há cinco anos, Naomi Osaka não tomou conhecimento da jovem Coco Gauff e volta a disputar as quartas de um Grand Slam depois do título na Austrália do já longínquo 2021.
Mas quem assistiu às partidas de Gauff neste US Open não deve estar nem um pouco surpreso. Com tremendas oscilações, emocionais inclusive, a norte-americana não se achou depois do título espetacular de Roland Garros, com apenas 10 vitórias nos cinco torneios que disputou desde então.
Agora, vem o estilo completamente diferente de Karolina Muchova, que mistura muito bem a bola e tenta a terceira semi seguida no torneio. O problema é que a tcheca já mostra certo esgotamento, tendo feito todas suas quatro partidas em três sets. Em janeiro, Osaka levou a melhor em Melbourne, mas me parece um duelo completamente aberto.
De qualquer forma, o favoritismo de Iga Swiatek neste lado da chave segue inabalável, ainda mais porque irá reencontrar a mesma Anisimova a quem impôs terrível ‘bicicleta’ na recente final de Wimbledon. Depois de pequenos sustos na primeira semana, a campeã de 2022 passou por cima da 12ª do mundo Ekaterina Alexandrova. Destaque para a postura mais ofensiva, desde o saque até a base, com 21 winners e 13 erros, tendo ainda se dado bem nas seis vezes em que foi à rede.
E mais
– A chave feminina tem visto um festival de duelos entre campeãs de Grand Slam, e isso desde as rodadas iniciais: Rybakina-Raducanu, Vondrousova-Rybakina, Osaka-Gauff e agora teremos Sabalenka-Vondrousova. Excelente! E não vamos esquecer que Marketa também tirou Paolini.
– Stefani e Babos tiveram altos e baixos e correram risco no terceiro set, mas avançaram para as quartas e a paulista mantém seu ótimo retrospecto no torneio. Agora, revê a ex-parceira Dabrowski, que faz ótimo dueto com Routliffe.
– Enquanto a dupla masculina viu várias surpresas, as quatro principais cabeças estão nas quartas femininas. Com isso, Townsend segue ameaçada por quatro concorrentes na luta pelo número 1.
– E Townsend/Siniakova encaram agora Venus/Leylah Fernandez, jogo que deve reunir bom público.
– Matos e Melo foram dominados pelo bem entrosado time francês Doumbia/Reboul. Nesta terça, Romboli e Smith tentam quartas contra Ram/Mektic. Duríssimo.
– As oitavas de duplas masculinas têm oito parcerias que não são cabeças de chave.
– Vindo de títulos de simples e duplas no Canadá, o goiano Guto Miguel é a esperança brasileira nas simples juvenis. Tirou o cabeça 7 em ótimo dia. Naná Silva perdeu um caminhão de chances no primeiro set e desabou no segundo.