Djokovic confia em Sinner, mas cobra mudanças no antidoping

Foto: Corinne Dubreuil/ATP Tour

Doha (Qatar) – O acordo entre Jannik Sinner e a Agência Mundial Antidoping (WADA) segue repercutindo entre os principais nomes do tênis. Nesta segunda-feira, foi a vez de Novak Djokovic se manifestar sobre o caso, na coletiva de imprensa anterior ao ATP 500 de Doha. O sérvio diz que confia no italiano, mas cobra mudanças nas regras do antidoping, afirmando que há um descontentamento no ambiente do circuito. Além disso, ele ressaltou que o debate precisa ser ampliado para garantir maior transparência nos processos.

Líder do ranking mundial, Sinner chegou a um acordo com a WADA e aceitou um período de três meses de suspensão, até o dia 4 de maio, depois de testar positivo duas vezes para clostebol em março de 2024. O julgamento do caso estava previsto apenas para abril de 2025, mas com o acordo a apelação foi retirada, encerrando o processo no último sábado. Djokovic destacou que a forma como o caso foi conduzido gerou desconfiança entre os jogadores e trouxe à tona um problema estrutural no sistema antidoping.

“O problema é a falta de confiança dos jogadores na WADA e na ITA, bem como em todo o processo. Ou concordamos que todos os casos serão transparentes ou serão mantidos em sigilo até serem resolvidos. No momento, não tenho uma opinião formada… Acho que é importante abrir a discussão”, disse Djokovic na última segunda-feira. O sérvio também questionou a disparidade no tratamento de casos similares, argumentando que a influência e os recursos financeiros dos jogadores podem impactar os resultados dos julgamentos.

“Parece quase que você pode influenciar o resultado se for um jogador de topo e tiver acesso aos melhores advogados. Sinner e Iga Swiatek são inocentes, isso foi provado”, afirmou. “Ainda assim, Jannik terá uma suspensão de três meses devido a alguns erros e negligência de membros de sua equipe, que estão no circuito. Isso é algo que pessoalmente eu e muitos outros jogadores achamos estranho”.

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Dono de 24 títulos de Grand Slam e um dos fundadores da Professional Tennis Players Association (PTPA), Djokovic afirmou que conversou com diversos jogadores sobre o tema nos últimos meses e que a insatisfação é generalizada. “Conversei com vários jogadores no vestiário, não apenas nos últimos dias, mas também nos meses anteriores. A maioria deles não está satisfeita com a forma como todo o processo foi conduzido e não acham que foi justo. Muitos acreditam que houve favorecimento.”

O sérvio comparou a situação de Sinner com casos anteriores, especialmente ao da romena Simona Halep, que foi suspensa por quatro anos após duas violações ao programa antidoping, mas depois conseguiu reduzir a pena para nove meses, e também da britânica Tara Moore, que foi suspensa em maio de 2022 enquanto uma investigação durou 18 meses antes que um tribunal independente determinasse que seu teste positivo para uma substância proibida foi causado por carne contaminada. Ele aponta que jogadores menos conhecidos tiveram dificuldades muito maiores para resolver seus processos e reforçou a necessidade de reformular o sistema para garantir mais justiça e transparência.

“Vimos os casos de Simona Halep, Tara Moore e outros tenistas que talvez sejam menos conhecidos, que lutaram por anos para resolver seus casos ou que foram suspensos por um longo período. Acho que é realmente hora de fazer algo e abordar o sistema, porque está claro que a estrutura não está funcionando assim.”

Djokovic faz sua estreia nesta terça-feira em Doha contra o italiano Matteo Berrettini, 35º do ranking, às 11h30 (de Brasília). Este é o primeiro torneio que o sérvio disputa desde a desistência na semifinal do Australian Open, por lesão muscular na coxa.

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Edu Martins
Edu Martins
2 dias atrás

Certíssimo! Abriu-se um precedente e descaradamente cometeu-se uma justiça com os demais punidos por longos (ou não) períodos, sem contar que indiretamente ou diretamente sem a punição tirou a chance de outros avançarem em torneiros e de ganharem títulos com o infrator que avançou e ganhou, neste caso não compensa mais dizer que terão agora oportunidade com ele ausente,pois todo jogo ou torneio nunca são iguais, oportunidades vem e passam.

Fernando Brack
Fernando Brack
2 dias atrás
Responder para  Edu Martins

Sinner não ingeriu a substância e não se beneficiou de ter sido contaminado por negligência de outra pessoa, uma nano contaminação, diga-se. Então não dá pra dizer que ele infringiu regras, Chamá-lo de infrator não passa de manifestação de despeito. O que se discute é se situações assim devem vir logo a público ou serem tratadas em sigilo até que se chegue a um veredito.

Evandro Gomes
Evandro Gomes
2 dias atrás
Responder para  Fernando Brack

Mas a questão, que o Djokovic levantou, foi a forma de tratamento do caso. Se com outros tenistas eles tomassem a mesma medida de julgar de forma rápida e só depois de resolvido divulgar o caso, ai sim estaria correto pois seria o mesmo tratamento.
Mas com os outros tenistas eles fizeram exatamente o contrario, divulgam primeiro o caso já como se o tenista fosse culpado e suspende preventivamente e depois de vários meses ou até mais de ano, que vai sair o julgamento definitivo. Definitivamente acabaram com a carreira de vários tenista e agora isso com o Sinner e a Swiatek. Esperamos que de agora em diante, seja adota esse protocolo para todos, porque se com os outros tenistas, continuar da mesma forma que era o tratamento, vai ficar ainda pior a coisa.

Evandro Gomes
Evandro Gomes
2 dias atrás
Responder para  Fernando Brack

Que beneficio tem um tenista, que é suspenso por não ser encontrado em 3 oportunidades para fazer o teste antidoping fora de competição, já que eles são testados em competições. Tem vários suspensos esse motivo por 2 anos, 3 anos de gancho. Que beneficio eles tiveram se não foram pegos no antidoping?

Luiz Fabriciano
Luiz Fabriciano
2 dias atrás
Responder para  Fernando Brack

A questão não é mais o benefício atlético do Sinner, mas sim o erro cometido por ele e seu time.
Se o assunto tivesse vindo à tona agora, sendo descoberto pelas autoridades somente agora, tudo bem, mas, mês que vem fará um ano e ele apenas disparou na ponta do ranking nesse período.
E vai ficar 3 meses afastado, após uma negociação. Ou seja, houve culpa e pegou a melhor pena possível.

Edu Martins
Edu Martins
2 dias atrás

Uma punição mais justa (com a vantagem da negociação e período mais curto) seria também descontar pontos do infrator (aconteceu isso?!), já que vai se aproveitar (de novo) da janela do saibro em que não é ainda muito eficiente, pois rever torneios passados não tem como para dar a vitória ou título a quem foi tbém prejudicado com a punição demorada, as negociações parece que se preocuparam com outras coisas, mas pelo menos acabou a novela, esperando a próxima, haverá sempre acordo ou como vai ser?! vai depender do “perfil” do infrator?!

Última edição 2 dias atrás by Edu Martins
Gilvan
Gilvan
2 dias atrás

Mas que cara de pau o Djokovic!

Luiz Fabriciano
Luiz Fabriciano
2 dias atrás
Responder para  Gilvan

Djokovic tem nome limpo.
Já o italiano, jamais terá.

Jose Luiz
Jose Luiz
2 dias atrás

o Djoko para mim é prepotente, falso e mentiroso. Não merece elogios. Cuidado italiano

Luiz Fabriciano
Luiz Fabriciano
2 dias atrás
Responder para  Jose Luiz

Bom você alerta-lo mesmo.
Depois do doping, ele subiu ao topo do ranking, venceu torneios mais importantes e ficou mais rico.
Um alerta pode sempre ser bom.

Anderson ayres
Anderson ayres
1 dia atrás
Responder para  Jose Luiz

Kkk falso eh esse teu comentário cidadão kkk

Rafael Lucena
Rafael Lucena
1 dia atrás
Responder para  Jose Luiz

Claro, Djokovic deve estar preocupadíssimo com a opinião de, literalmente, um Zé.
Pode ter certeza que esse seu comentário também deve ter chegado no Sinner, ele deve acompanhar o que acontece por aqui.

JClaudio
JClaudio
1 dia atrás
Responder para  Rafael Lucena

Não foi um comentário “agregador”.

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