Com torcida e TV, juvenis vivem dias de profissional

Guto Miguel (Foto: Marcello Zambrana)

por Mário Sérgio Cruz, de São Paulo

A semana no Roland Garros Junior Series tem sido marcada por várias experiências inéditas para jovens jogadoras com idades entre 14 e 16 anos, que disputam em São Paulo uma vaga no Grand Slam parisiense. Para muitos desses tenistas, acostumados com um ambiente mais silencioso nas competições de base, é a primeira vez jogando com transmissão da TV, diante um público mais amplo no estádio e com nomes que fizeram história no tênis acompanhando de perto. A vivência traz mais um aprendizado sobre como lidar com um ambiente de um tenista profissional, o que vai além do trabalho feito dentro de quadra.

Com 15 anos recém-completados e já com a experiência de ter disputado um Grand Slam na temporada passada, quando jogou a categoria 14 anos de Wimbledon, o goiano Luis Augusto Miguel comentou sobre o ambiente vivido no torneio classificatório para Roland Garros. “Esse torneio é um pouco diferente do que estamos acostumados. Tem muitas câmeras e se aproxima um pouco mais de um ATP. Então já é bom para a gente já se acostumar a lidar com a mídia e com a pressão”, disse Guto a TenisBrasil.

O pupilo do técnico Santos Dumont também destacou a presença do ex-número 3 do mundo Juan Martin del Potro, embaixador do evento e que assiste a muitos jogos estando ao lado da quadra. “E ter o Delpo assistindo, sempre bate aquele friozinho na barriga, mas logo passa e é só desfrutar desse momento. Isso pode me ajudar principalmente para aprender a lidar com a pressão”.

Thomas Miranda (Foto: Marcello Zambrana/DGW)

Sensação parecida vive o paulista Thomas Miranda, que tem se destacado na categoria 16 anos do circuito da Confederação Sul-Americana (Cosat). “É um torneio que abre muitas portas para a gente, tanto pelo convite para Roland Garros quanto aparecer na televisão e com mais patrocinadores. Dá uma boa experiência e mostra um pouco como é a rotina dos profissionais, com essa questão de ambiente e entrevistas. É muito bom”.

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Neste início de temporada, Miranda conquistou um título de simples e dois de duplas, além de ter disputado mais duas finais, ocupando atualmente a vice-liderança no ranking da Cosat em sua categoria: “Foi um começo de ano muito bom, comecei com os torneios da Cosat, que era um objetivo que tinha com meu treinador desde o ano passado. Agora nas últimas etapas, fiz três finais seguidas. Estou muito feliz por ter alcançado minhas metas e me classificar para os torneios na Europa”, comenta o atleta da equipe Juninho Tênis e parceiro de treinos de Enzo Kohlmann, 59º do ranking da ITF e que jogou o Australian Open juvenil. “A gente se dá muito bem, nos conhecemos desde pequenos e nossos treinos são sempre muito fortes. Estou sempre torcendo por ele”.

Isabeli Andreola (Foto: Marcello Zambrana/DGW)

A gaúcha Isabeli Andreola, que disputa o torneio pela segunda vez, acredita que a mudança no formato foi positiva. A seletiva para Roland Garros deste ano adotou uma fase classificatória de grupos, em vez de uma chave eliminatória, o possibilita no mínimo três partidas para cada tenista. “No início, é óbvio que tem um pouco de nervosismo e uma pressão. Mas acho que agora com fase de grupos, diferente do ano passado, está sendo melhor para a gente ficar mais tranquilo, sabendo que vão ter mais jogos. E a cada jogo vamos pegando mais confiança. Está sendo legal e todos estão nos ajudando em qualquer coisa que a gente precisa”.

Isabeli também já teve a oportunidade de estar num evento de maior exposição, quando acompanhou a equipe brasileira na Billie Jean King Cup em Brasília no ano passado. Na ocasião, também pôde treinar e conviver com as melhores jogadoras do país, como Bia Haddad Maia, Laura Pigossi, Luísa Stefani, Carol Meligeni e Ingrid Martins. “Elas são muito legais. Cada vez que as meninas vão, aprendem muito. Ainda mais jogando no Brasil. Acho que elas amam a energia da torcida”, comenta a gaúcha. “Elas tiraram todas as nossas dúvidas, como por exemplo sobre College ou ir para o profissional direto. Muita gente tem essa dúvida, e como elas passaram por diferentes caminhos, é muito legal estar com elas. A gente as vias bastante na TV. Mas de perto, dá para ver que elas trabalham muito duro e o caminho é esse. Tem que querer muito estar onde elas chegaram”.

Momento de João Fonseca serve de inspiração

Olívia Carneiro e João Fonseca, campeões em 2022 (Foto: Marcello Zambrana/DGW)

Uma das principais fontes de inspiração para esses jogadores é João Fonseca, que conquistou o Roland Garros Junior Series em 2022 e também fez parte da equipe brasileira campeã da Davis Junior no mesmo ano, e hoje já começa a se destacar em competições profissionais:
“Já falei algumas vezes que me inspiro um pouco nele. O que ele está fazendo é muito especial. E quero seguir os passos. Sei que ele ganhou esse torneio, foi pra Roland Garros e chegou às quartas. E quero fazer ainda melhor se for possível”, falou Guto.

O gaúcho Pedro Dietrich, de 15 anos, acrescentou: “É bom saber que ele passou também por aqui. É uma inspiração para nós. Mas não é do nada que isso acontece, ele trabalhou muito para estar lá. É um grande jogador. É legal ver a parte mental dele e a forma como lida com os jogos. Ele joga com confiança e acredita muito nele. Temos que trabalhar dia a dia para chegar onde ele chegou. É o que eu quero”.

O próprio Fonseca, hoje 288º da ATP aos 17 anos, comenta sobre o quanto a experiência foi importante. “Eu acho que representou muito para mim. Foi um passo grande. Tive a oportunidade de jogar um Grand Slam mais cedo e de enfrentar jogadores mais velhos e mais experientes, os melhores do mundo da idade. Como fui às quartas de final, consegui me classificar para todos outros Slams e diria que foi muito importante para meu amadurecimento e para minha evolução. A dica que eu dou para todos eles é aproveitar o momento e curtir o máximo a oportunidade. É difícil ter esse tipo de torneio na América do Sul e ter uma vaga para jogar um Grand Slam. E acredito que este seja o sonho de todo mundo no torneio”.

Objetivos para o futuro

Pedro Dietrich (Foto: Marcello Zambrana/DGW)

Entre os objetivos imediatos para os jovens está a classificação para torneios como o Sul-Americano e Mundial de 16 anos e os primeiros pontos nos rankings mundiais de 18 anos e também no profissional. “Nessa transição tenho que focar muito no desenvolvimento do meu jogo, para melhorar a longo prazo. Evoluir meus golpes e também a parte física que vou desenvolver cada vez mais”, falou Dietrich, atleta do Time Rede Tênis Brasil “Quero entrar no top 200 do ranking da ITF e estou focando mesmo é no profissional. Porque é o que eu quero mesmo. Quero começar a jogar os torneios profissionais, fazer os pontos e ir jogando os torneios maiores para ir crescendo no tênis”

Thomas Miranda também reitera a busca por uma vaga nas competições por equipes. Já sobre a escolha entre seguir uma carreira profissional ou o caminho do tênis universitário, tem objetivos claros. “Tenho muita vontade de jogar o Sul-Americano e o Mundial, quero muito me classificar este ano”, comentou. “Penso no profissional. É o meu sonho desde pequeno. Quero ganhar um Grand Slam e ser número 1 do mundo. Esse é o meu sonho”.

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Paulo A.
Paulo A.
8 meses atrás

Achei sensacional a vitória em 2 sets da Naná sobre a 1a cabeça de chave e campeã do ano passado, Sol Larraya. E o melhor é que já notei uma evolução no jogo da Naná desde o Les Petits As, na França, em que a vi jogar pela 1a vez este ano.

Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.

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