Há 74 anos, Althea Gibson foi a primeira negra a jogar o US Open

Althea Gibson (Foto: reprodução de vídeo)

Nova York (EUA) – Em 28 de agosto de 1950, a americana Althea Gibson se tornou a primeira negra a competir no US Open quando ela entrou em quadra na primeira rodada do torneio de simples no West Side Tennis Club em Forest Hills. Gibson derrotou a britânica Barbara Knapp por duplo 6/2.

Gibson ganhou 11 títulos de Grand Slam no total, entre simples, duplas e dupla mista, sendo dois de simples do US Open (1957, 1958), de Wimbledon (1957, 1958) e Roland Garros (1956). Os três títulos de Slam em 1957 e o vice na Austrália, no mesmo ano, a levaram ao topo do ranking mundial.

Nascida em 25 de agosto de 1927, no estado da Carolina do Sul, Gibson faleceu 28 de setembro de 2003 aos 76 anos. Na abertura do US Open de 2019, Dia da Igualdade Feminina, a USTA, a federação americana, inaugurou uma escultura de Althea Gibson, a pioneira que quebrou a barreira da cor no tênis. A escultura está localizada em lugar de honra do lado de fora do Arthur Ashe Stadium, no Billie Jean King National Tennis Center, homenageando o ícone americano.

Althea Gibson e Darlene Hard (Foto: Flick)

Althea Gibson, como ela mesmo descreveu muitas vezes, era uma atleta nata, mas nasceu em uma época em que a cor da sua pele poderia limitar as oportunidades de mostrar seu talento. O esforço para ser alguém na vida era dela, mas o reconhecimento oficial vinha dos outros e é difícil se tornar alguém quando ninguém pode ver você. Felizmente, Gibson nunca parou de sonhar e de acreditar que se mantivesse o fogo de campeã queimando dentro dela, nenhuma influência externa poderia apagar a chama.

Três anos depois que Jackie Robinson quebrou a barreira de cor no beisebol, a jovem filha de meeiros da Carolina do Sul e criada no Harlem, tornou-se a primeira afro-americana a competir no Campeonato Nacional dos EUA. Sua estreia em 1950 na quadra de grama de Forest Hills, aos 23 anos, foi ao mesmo tempo histórica e profética. Quando uma violenta tempestade interrompeu sua partida da segunda rodada contra a campeã de Wimbledon daquele ano, Louise Brough, um raio partiu uma das monumentais águias de pedra no topo do estádio, fazendo-a cair no chão. Na retomada da partida, Gibson perdeu, mas comentou: “Pode ter sido um presságio de que os tempos estavam mudando.”

A mudança veio gradualmente, assim como o sucesso. Um ano após sua estreia em Forest Hills, Gibson se tornou a primeira atleta negra a jogar em Wimbledon. Ela havia ganhado seu primeiro título de Grand Slam em Roland Garros em 1956. Nos dois anos seguintes, ganhou Wimbledon e o US Open.

Althea Gibson foi uma pioneira de grande talento e coragem. Foi a prova em carne e osso de que a cor da pele não deve limitar seus sonhos. Por meio de seu talento e tenacidade, Gibson abriu portas e mentes. Esse é seu maior legado. A aposentadoria aconteceu em 1958 e em 1971 ingressou no Hall da Fama.

Tendo abandonado a escola aos 13 anos e se envolvido em brigas de rua, Althea era uma figura improvável para ter sucesso e se tornar ícone no tênis. No entanto, Gibson obteve um diploma universitário em esportes na Flórida, jogando tênis, basquete e golfe, e se tornou modelo para muitos, incluindo a jovem Billie Jean King, que estimava sua cópia da autobiografia de Gibson, “I Always Wanted to Be Somebody” (Eu sempre quis ser alguém).

Depois da faculdade, Gibson trabalhou com Sydney Llewellyn, um treinador de tênis nascido no Caribe, que a ajudou com o aspecto mental do seu jogo. Ela continuou a fazer turnês, mas por ser negra, enfrentou desafios que outras jogadoras não enfrentaram. Em torneios, ela frequentemente não era permitida no clube ou vestiário. Às vezes, era proibida de usar os banheiros e era mandada embora de restaurantes. Houve momentos em que ela não podia ficar em hotéis e tinha que dormir no carro.

Althea Gibson e Angela Buxton (Foto: reprodução de vídeo)

Gibson finalmente encontrou uma alma gêmea em sua parceira de duplas, a britânica Angela Buxton, que por ser judia também enfrentou discriminação. As duas formaram uma amizade e uma parceria de sucesso, ganhando títulos de duplas em Roland Garros e em Wimbledon.

Billie Jean King, uma defensora da igualdade de gênero e raça, credita a Gibson a transformação do tênis. “O que as pessoas precisam entender é como ela perseverou e o que ela significa para o nosso esporte”, diz. “Se as pessoas realmente aprenderem sua história, acredite em mim, isso as inspirará a fazer grandes coisas com suas vidas.”

Serena Williams disse ao wtatennis.com: “Para mim, ela foi a pioneira mais importante do tênis. Ela era negra, parecia comigo e abriu muitas portas.”

 

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João Sawao ando
João Sawao ando
22 dias atrás

Pelo que pouco que eu sei althea Gibson Arthur Ashe no tênis. Jackie Robinson no baseball.e tiger woods no golf mais recentemente acho que anos 90 sofreram muito com racismo nos EUA. Uma coisa absurda .a própria serena e Vênus deixaram de ir 5/6 anos a indian wells devido ao preconceito racial lá existente

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