Candiotto se impõe contra experiente ucraniana e vence a 1ª na WTA

Mário Sérgio Cruz
Especial para TenisBrasil

A rodada de estreia no SP Open foi especial para Ana Candiotto, que atuou pela primeira vez em um torneio da WTA e já conseguiu uma vitória. A jovem paulista de 21 anos e 593ª do ranking aproveitou o convite para o torneio no Parque Villa Lobos e venceu a ucraniana Valeriya Strakhova, de 30 anos e 303ª colocada, por 6/3, 5/7 e 6/0 em 2h de partida.

A vitória na estreia de um WTA 250 rende 30 pontos no ranking para Candiotto, que dará um grande salto e aparecerá por volta do 460º lugar na próxima atualização da lista. Seu recorde pessoal era a 558ª colocação, alcançada em julho. Ela conquistou seu primeiro título profissional no fim do ano passado em Mogi das Cruzes e vem de uma semifinal de ITF em Cuiabá.

A próxima adversária de Candiotto será a húngara Panna Udvardy, oitava cabeça de chave e 118ª do ranking, que derrotou a norte-americana Anna Rogers por 6/2 e 6/3. Ainda que Udvardy, de 26 anos, tenha disputado vários torneios no Brasil ao longo da carreira e feito muitos confrontos com as atletas nacionais, será a primeira vez que ela enfrenta Candiotto no circuito profissional.

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“Foi uma vitória muito importante e significativa para mim. Não vinha sendo um ano tão bom, mas fico muito feliz em ter uma vitória em um torneio tão grande, com essa atmosfera. E só tenho a agradecer a todo mundo que estava comigo, minha equipe, meus patrocinadores que sempre acreditam em mim e minha família que sempre me deu uma força” disse Candiotto a TenisBrasil após a partida. Ela teve a companhia da mãe, Débora, e de outros familiares e amigos que estiveram no Parque Villa Lobos. “No terceiro set, as duas estavam nervosas, mas a torcida me ajudou muito, me colocou pra cima”.

A classificação poderia ter sido ainda mais tranquila para Candiotto, que depois de vencer o primeiro set, chegou a liderar o segundo por 4/1. Ainda que a ucraniana tenha devolvido as quebras e virado o set, a brasileira conseguiu se impor e se destacou pela potência nos golpes de forehand e não se deixou abalar pelas oportunidades perdidas para aplicar um ‘pneu’ no último set.

 

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Vitória que ajuda a se manter financeiramente no circuito

Como muitas jogadoras de sua faixa de ranking, Candiotto busca soluções para se manter financeiramente no circuito e já garante a premiação de US$ 4.470 pela vitória na estreia em São Paulo. A jovem tenista costuma aproveitar o intervalo entre as semanas de torneios para disputar interclubes. O dinheiro que recebe é investido na própria equipe para poder viajar com treinador e preparador físico em mais semanas da temporada. “Faz pelo menos três anos que eu jogo interclubes na Itália. Todo ano passo um mês e meio ou dois meses na Europa e fico jogando interclubes, porque o nível é bem alto. E com o dinheiro, eu consigo investir em treinadores e na equipe. Tudo o que a gente recebe, a gente acaba investindo para ir crescendo no ranking”, disse a atleta da Rede Tênis.

“Estou conseguindo viajar muito mais com minha equipe agora. No meu primeiro ano de profissional, eu cheguei a viajar por 36 semanas, mas apenas duas com o treinador. Agora eu consigo estar com o técnico [Alan Bachiega] e preparador físico [Leandro Lobato], o que faz toda a diferença”, complementou a tenista, que também disputou um interclubes da Federação Paranaense em julho.

Outra possibilidade para se manter no circuito é jogar duplas, modalidade em que conquistou 12 títulos no circuito da ITF, um deles neste ano em Bol, na Croácia. “A dupla é diferente, mas eu consigo treinar muito para simples que é meu foco principal para manter minha competitividade, mas quanto mais tempo na quadra a gente fala que é melhor para manter a competitividade. Às vezes jogar simples e duplas no mesmo torneio pode ser muito cansativo, mas eu consigo trocar experiências com várias jogadoras. No último título que eu ganhei, a gente se inscreveu uma hora antes de fechar e ganhamos o torneio”.

Momento do tênis feminino no Brasil

Candiotto também falou sobre o momento de maior exposição e visibilidade do tênis feminino no Brasil, especialmente após a medalha olímpica de Luísa Stefani e Laura Pigossi em Tóquio e das conquistas de Beatriz Haddad Maia, atual 21ª do mundo, na elite do circuito nas últimas temporadas. Ela também destacou a experiência ao lado das principais jogadoras do país na Billie Jean King Cup. Ela foi convocada para a equipe principal pela primeira vez neste ano.

“Na primeira vez que eu fui para a Billie Jean, eu era juvenil ainda e foi uma baita experiência para ver tudo o que as meninas estavam conseguindo. É uma semana em que você aprende muito estando perto de grandes jogadoras. E agora que foi a primeira vez que fui convocada pelo time foi um sentimento de muita felicidade, eu atingi um sonho. Além de serem excelentes tenistas profissionais, elas também são excelentes pessoas. Elas apoiam muito a gente e estão sempre dispostas a conversar. É muito bom tê-las por perto”.

Também convidada para a chave de duplas no SP Open, ela pôde jogar ao lado de Bia Haddad Maia na segunda-feira. “Foi muito especial dividir a quadra com a Bia. Ela é uma inspiração para mim no tênis e uma grande amiga fora da quadra”.