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Roland Garros ilumina os artistas das raquetes

Costumo dizer em tom de elogio e exclusividade de Roland Garros que nenhum outro torneio do Grand Slam tem o privilégio de ter Paris como sede. É a Cidade Luz que muitos consideram pelas mais de 20 mil lâmpadas que enfeitam monumentos, igrejas, avenidas. Mas o termo surgiu no século 19, na era do iluminismo. Portanto, não se trata apenas da luz física, mas sim a do conhecimento, da sabedoria, dos artistas, dos filósofos, pensadores, inventores e tudo que brilhava na cidade.

Não vejo exagero em afirmar que essa mesma luz ilumina a partir dessa semana as quadras do complexo de Roland Garros. Afinal, fazer parte de uma competição desse nível é para poucos e não há dúvidas de que se trata de verdadeiros artistas das raquetes.

Esse tema acaba me remetendo a uma declaração do russo Yevgeny Kafelnikov. Após perder um jogo para o Gustavo Kuerten, ele declarou que a esquerda do brasileiro lembrava uma obra de Pablo Picasso. Realmente uma pintura genial, o que muitos jogadores conseguem desenvolver em quadra.

Roland Garros por si só já é uma obra de arte. O complexo está renovado e é encantador. Aliás, o Grand Slam francês foi o precursor na ampliação de suas instalações. Por ideia do então presidente da Federação Francesa de Tênis, Philippe Chatrier, que por sinal assinou uma das minha primeiras credenciais, construiu-se a linda quadra A, depois batizada de Suzanne Lenglen. Isso motivou outros Slams a também crescerem e oferecer melhores condições para um público cada vez maior.

Por ironia, Roland Garros, que iniciou esse processo de crescimento, foi o Grand Slam que ficou parado no tempo por muitos anos. Por estar situado em uma zona residencial de Paris (Boulogne-Billancourt) a comunidade sempre acionou a prefeitura para impedir a ampliação do complexo de tênis e tomar áreas de parque e vegetação em quadras de saibro.

Essas ações atrasaram em muitos anos a construção das quadras que ficam atrás da Suzanne Lenglen. Também obrigou a Federação Francesa a usar de muita imaginação para erguer a Simone Mathieu (com capacidade para cinco mil pessoas) que de certa forma substituiu a quadra 1 destruída para abrir espaço ao público.

A Simone Mathieu por estar próxima do orquidário e de estufas de vidros, com plantas dos quatro cantos do planeta, teve de ser construída parcialmente abaixo do nível do solo. A ideia surgiu para que as arquibancadas não superassem em altura a copa das árvores. Por isso, que muitos se surpreendem ao ver nas transmissões de TV pessoas andando do lado de fora, como se estivessem passeando pelas arquibancadas.

Por esses motivos de um cenário exuberante e encantador, Roland Garros ilumina a inspiração dos jogadores. Há sempre um fascínio por um Grand Slam e por essas três semanas as quadras da Cidade Luz tornam-se o palco perfeito para o melhor tênis do mundo.

5 Comentários
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Aryno Swionteko
Aryno Swionteko
1 mês atrás

Excelente matéria, tão reluzente quanto a Cidade Luz. Parabéns Chiquinho!

Vanda Ferraz Lopes de Oliveira
Vanda Ferraz Lopes de Oliveira
1 mês atrás

Maravilhosa matéria.
Concordo totalmente, me lembro perfeitamente de Roland Garros em 1975 e 1976. Já era uma inspiração!!

Oscar C Leite Jr
Oscar C Leite Jr
1 mês atrás

Excelente texto! Parabéns Chiquinho! Em tempo; qdo volta p tv?

Daniel Macedo
Daniel Macedo
1 mês atrás

Linda matéria, mas o século das luzes foi o 18. O que culminou com a Revolução Francesa.

Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.
Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.

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