Em sua terceira tentativa no Roland Garros Junior Series, Pietra Rivoli pôde enfim comemorar a classificação para o primeiro Grand Slam da carreira. A vaga em Paris tem um significado ainda mais especial para a gaúcha de 17 anos, que ficou muito perto da classificação nas duas últimas edições, já que foi vice em 2023 e semifinalista em 2024.
“Estou muito feliz! Me preparei bastante durante toda a semana e estava super confiante na final”, disse Pietra após vencer a peruana Yleymi Muelle por duplo 6/4 no último domingo em São Paulo. A partida terminou em grande estilo para a brasileira, que executou muito bem duas curtinhas e ainda encaixuou um ace no match-point, contando com um let, que é permitido no juvenil. “Acho que fiz um bom último game, dei dois drops que venho treinando muito e aquele ace de let foi sem querer, mas foi legal”.
Em entrevista a TenisBrasil, Pietra conta que a partida de estreia, em duelo nacional contra a paulista de 14 anos Nathalia Tourinho, foi determinante para a conquista. O primeiro jogo do torneio foi o único em que a gaúcha precisou de três sets para avançar. “Foi muito importante ter passado aquele jogo, foi super duro. E estou muito feliz com a forma como fui melhorando ao longo da semana. Agora é continuar trabalhando duro e melhorando a cada dia”.
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O torneio classificatório para o Grand Slam francês também se diferencia da maioria dos eventos que ela e outras tenistas juvenis estão acostumados a disputar, especialmente por conta das transmissões de TV e da presença de grande público na quadra central. “A torcida que esteve aqui me ajudou demais, me colocou para cima. O que vivi aqui, durante toda a semana, nunca vou esquecer. É algo completamente diferente do que estamos acostumadas no circuito. Foi uma experiência única. Agora é ir para Paris e aproveitar cada momento dessa oportunidade”.
É DO BRASIL! 🇧🇷
A huge congratulations to Pietra Rivoli! ✨👏
2023: Finalist
2024: Semi-finalist
2025: 🥇 Champion#RGBrazil pic.twitter.com/eccrCn4foL— Roland-Garros (@rolandgarros) April 6, 2025
Vaga em torneio profissional nesta semana e possibilidade no tênis universitário
A temporada de 2025 marca uma transição na carreira para Pietra, que planeja disputar cada vez mais torneios profissionais e tentar entrar o quanto antes no ranking da WTA. A começar por um ITF W35 também na capital paulista nesta semana, que já ofereceu um convite para a tenista na chave principal. Além disso, a gaúcha vai jogar torneios mais fortes do juvenil para buscar vagas em mais toreios do Grand Slam.
“Agora, cada vez mais, estou jogando mais torneios profissionais. Neste ano, a gente está mesclando esses torneios junto com os juvenis de maior nível. É importante para ganhar experiência, de entrar no circuito e jogar contra tenistas mais velhas. É isso o que a gente vem fazendo no momento”, disse Pietra sobre os próximos passos. “Na parte juvenil, a minha meta é melhorar meu ranking e estar nos Grand Slam. E além disso, quero tentar entrar no ranking da WTA de simples e focar nos torneios profissionais, para ganhar mais pontos, experiência e melhorar o meu jogo no geral”.
Como é bastante comum com tenistas nessa faixa etária, a gaúcha considera a hipótese de seguir o caminho do tênis universitário nos Estados Unidos, mas reforça que a prioridade é jogar torneios profissionais. “Acho que a universidade é uma possibilidade, mas para mim, o tênis sempre foi visado de uma maneira profissional, que é o meu objetivo final”.
Jogar pelo Brasil e experiência com as profissionais na Billie Jean King Cup

Nas últimas três temporadas, Pietra fez parte de equipes brasileiras em mundiais de base. Ela disputou o de 14 anos em 2022 e também as duas últimas edições da Billie Jean King Cup Junior, em que o Brasil chegou às quartas de final nos dois casos. “Eu adoro jogar pelo Brasil. Sinceramente, toda vez que eu vou é uma experiência incrível. Nos dois últimos anos, a gente passou da fase de grupos e ficou em oitavo. Acho que podíamos ter ido melhor, mas é sempre bom ver o nível das melhores do mundo. O mundial é uma das competições mais fores do ano. Tinha várias meninas do top 20 da ITF lá e joguei contra algumas delas. Sinto que estou próxima do nível. É um privilégio e uma honra representar o meu país”.
A gaúcha também já teve a oportunidade de acompanhar a equipe profissional do Brasil em confrontos da Billie Jean King Cup, convivendo de perto com nomes como Bia Haddad Maia, Laura Pigossi e Luísa Stefani. “É sempre muito válida essa experiência de estar junto com as meninas. Elas são muito boas. E como juvenil, é importante saber o que elas fazem para me inspirar e melhorar o meu jogo vendo elas. Particularmente, isso faz com que eu queira cada vez mais e saiba que é possível chegar onde elas estão”, comentou em entrevista na edição passada do Junior Series.
Atleta da Rede Tênis há pouco mais de dois anos, Pietra tem o acompanhamento de Léo Azevedo, diretor-técnico do projeto, e uma rotina de treinos com o técnico Danilo Ferraz e o preparador físico Renato Pucci. “Quero agradecer toda a minha equipe, principalmente o Léo, o Danilo e o Renato, que estiveram comigo durante toda a semana por todo o suporte dentro e fora da quadra e que tornaram tudo isso possível”, comenta a gaúcha. “Tentei, tentei, tentei… E finalmente consegui. O Leo me falou que eu tinha que deixar tudo para trás das finais que perdi. Vou aproveitar cada minuto em Paris”.
Importância do trabalho de longo prazo

Para Leo Azevedo, o resultado é fruto do trabalho de longo prazo da equipe. “A Pietra já vinha batendo na trave nos últimos anos, e estou muito contente com isso”, comenta o experiente treinador. Em recente entrevista a TenisBrasil, ele deu detalhes sobre como é planejado o desenvolvimento da gaúcha e de outros juvenis que fazem parte do projeto.
“A gente tem que olhar para o jogador e pensar como a gente imagina a Pietra daqui a três, quatro ou cinco anos. É preciso ter uma visão maior e de longo prazo. A gente sabe que no Brasil, que tem uma cultura mais futebolística, é difícil. As pessoas são resultadistas, mas é preciso ter visão de longo prazo. O projeto tem que mostrar: ‘Daqui a um ano, a gente quer estar aqui. Daqui a três, estar aqui’. E os jogadores têm que saber que estão dentro de um plano”.