Quem acompanha a nova geração do tênis feminino no Brasil nos últimos anos já se acostumou com os nomes de Nauhany Silva e Victória Barros, duas jogadoras de 15 anos já bem posicionadas no ranking mundial juvenil e que começam a trilhar o caminho do tênis profissional. Mas além de Naná e Victória, existe um grupo de tenistas ainda mais novas se destacando na atual temporada e que tentam se juntar a elas no futuro.
Entre os nomes que reforçam a nova geração brasileira estão a paulista Nathalia Tourinho, de 14 anos, e que recentemente disputou a Billie Jean King Cup Junior pelo Brasil e esteve a uma vitória de se classificar para o Australian Open da categoria ao chegar à final da seletiva continental no Rio de Janeiro.
Já as catarinenses Maria Eduarda Carbone, de 15 anos, e Clara Coura, de 14, conquistaram nesta semana em Criciúma as primeiras vitórias de suas carreiras profissionais. Destaque ainda ainda para a paulista Manuela Banietti, de também de 14 anos, e Eduarda Gomes, com apenas 13, que conquistaram títulos no circuito de 18 anos da Federação Internacional.
Nathalia Tourinho: Jogo agressivo e treinos nos Estados Unidos
Entre as cinco novas jogadoras, Nathalia Tourinho é quem está mais bem colocada no ranking de 18 anos, ocupando o 217º lugar. Ela tem um título de ITF J30, conquistado no Rio de Janeiro no ano passado, mas já tem outros bons resultados recentes como as quartas de um J100 no México em julho e a semifinal de um J200 na Argentina em outubro, além da final do Australian Open Junior Series. A jovem paulista que treina nos Estados Unidos se destaca por seu jogo agressivo e de muita potência nos golpes.
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“Eu sou muito agressiva. Meu treinador e eu sempre trabalhamos para que eu posso acabar o ponto na rede, abrir mais os ângulos e dar mais curtas. Às vezes também posso variar o jogo e dar um balãozinho para quebrar o ritmo”, disse Tourinho a TenisBrasil, durante o Roland Garros Junior Series, em abril. “Admiro muito a Sabalenka, porque esse é o meu estilo de jogo, de dar porrada. É o que todo mundo admira mais nela, porque é uma jogadora muito agressiva mesmo”.

Nascida em São Paulo, mas com a família toda em Salvador, Nathalia disputa nesta semana a 40ª edição do Bahia Juniors Cup, torneio do qual seu avô, Luis Tarquínio, foi um dos fundadores na década de 80. A jovem tenista conta que sua relação com tênis vem desde muito cedo. “Meu avô é o fundador de lá, ele que criou o torneio. Então é muito importante que eu jogue, porque toda a minha família está torcendo por mim. E acho muito legal. Toda a minha família morou em Salvador e só eu nasci em São Paulo. Mas meus avós e meus tios ainda moram lá. Apenas eu, meus pais e minha irmã moramos aqui”.
“Minha mãe, Patrícia Tourinho, foi número 3 do Brasil e sempre me colocou no esporte. Eu comecei fazendo aulinhas no meu prédio e minha família era sócia do Paineiras. Então eu também brincava lá. E quando eu tinha uns 10 anos, a minha mãe me colocou para jogar na Federação, acabei gostando muito e segui até hoje”, explicou a tenista.
Atualmente sua base de treinamento é na RPS Academies, de Gabe Jaramillo, em Port Saint Lucie, na Flórida. Ela começou a treinar nos Estados Unidos no início desta temporada e planeja seguir carreira profissional no tênis. “Estou morando nos Estados Unidos agora, no Gabe Jaramillo. Estudo online, moro lá. É só descer que já tem as quadras e o clube. Estou treinando com o Andres [Weisskopf] e também com Alvaro e o Gabe. E aqui no Brasil também tem um treinador da equipe que já mora aqui e acompanha a gente”.
Duda Carbone: De escola pública e treinos com o pai em Florianópolis

Maria Eduarda Carbone, de 15 anos, é a número 330 do ranking mundial juvenil e já tem três títulos no circuito mundial juvenil da ITF, dois deles neste ano, jogando em Bruxelas e Limelette, na Bélgica. A jovem catarinense treina com o pai, Ednaldo Leonel dos Santos, no Lagoa Iate Clube (LIC) em Florianópolis e vive uma grande semana em Criciúma, com suas duas primeiras vitórias como profissional e a vaga nas quartas de final do ITF W15.
“Está sendo uma semana muito incrível. Estou muito feliz mesmo de ganhar a segunda rodada aqui. Eu não sei nem explicar o que estou sentindo”, disse Carbone, que Bianca Bernardes e Sofia Mendonça no caminho para as quartas de final. Em sua segunda competição como profissional, já acumula três pontos na WTA. Para aparecer no ranking, é preciso chegar a 10 pontos ou avançar em três eventos diferentes. Ela desafia nas quartas a brasiliense Luiza Fullana, principal cabeça de chave e 646ª do ranking aos 24 anos.
“Esse resultado é fruto do que venho trabalhando muito duro com o meu pai, que é meu treinador. Tem sido difícil, mas minha família tem conseguido lidar bem. O pessoal que nos acompanha sabe da luta que está sendo todo dia”, acrescentou a tenista, que estuda em escola pública e divide a rotina de treinos e competições com a da sala de aula.
“Estou na escola ainda, no nono ano. A escola que eu estudo é pública e me libera. Depois eu volto e faço os trabalhos. Vou acompanhando assim e o pessoal da minha turma vai me mandando o que eu tenho que estudar e depois mostrar para os professores”, explicou.
Clara Coura: Brasileira mais jovem desde Bia a vencer no profissional

A também catarinense Clara Coura se tornou na última terça-feira a brasileira mais jovem desde Bia Haddad Maia a vencer um jogo no circuito profissional. Coura conseguiu essa marca aos 14 anos e 20 anos ao superar Daniela Teodoro em Criciúma por 6/2 e 6/3. A marca de Bia, estabelecida em 2010, foi de 14 anos e um dia, e dificilmente será batida já que atualmente a WTA limita a idade mínima do circuito a 14 anos.
“Acho importante ver o nível das adversárias e também para eu me testar e ver se estou apta a jogar com adversárias mais velhas”, comentou Coura. “Eu estava jogando muito o circuito da Cosat no início do ano e agora dei um pulo para a ITF e para o profissional. Acho que as meninas são muito mais completas, tem muito mais forehand, backhand e sacam muito bem. E todas já jogam com outra cabeça, querendo ganhar. Elas querem se profissionalizar, assim como eu. Já no Cosat, muitas querem ir para a faculdade”.
A jovem catarinense também falou sobre como manejar a diferença física contra adversárias mais experientes. “A bola das meninas tem peso e eu sinto isso já no aquecimento. Mas uma coisa que eu gosto muito é usar o peso da bola delas para a minha ficar mais rápida”, comentou. “Tenho um personal que faz um trabalho bem direcionado para mim e para a minha idade, que não posso pegar tanto peso, visando ter mais pra rapidez. Acho que tenho muita consistência e controle da bola. Tenho que melhorar a movimentação e ter mais potência no saque e nos golpes”, avalia a catarinense.
Coura treina em Florianópolis com Marcelo Cascata, Márcio Carlsson e o preparador físico é o Paulo Roberto da Costa, mais conhecido como Paulão. Sua rotina é quase diária, com uma manhã e uma tarde lives, além de um dia inteiro por semana sem treinamentos, conciliando com os estudos de forma on-line. “Eu adoro treinar no Brasil, não troco por nada. Todo mundo me fala que nos Estados Unidos é melhor, mas eu não acho. Os técnicos aqui são ótimos e trabalham de um jeito incrível”, afirmou.
Adversárias mais experientes e inspiração em Naná

A experiência de enfrentar adversárias mais velhas e convívio com jogadoras profissionais é bastante valorizada. O nome de Bia Haddad Maia é uma clara inspiração para as novas gerações, mas até mesmo Nauhany Silva tem sido muito lembrada como um exemplo a seguir.
“Acho que as meninas mais novas estão vindo muito fortes. Quem acompanha os ITF até 18 anos, está vendo a fase de brasileiras bem novas e como o tênis brasileiro está crescendo muito”, disse Duda Carbone. “Minha favorita é a Bia e também me inspiro bastante na Naná”.
Clara Coura também reforça: “a Naná é uma baita jogadora, acho que todo mundo se inspira nela. É difícil não se inspirar. Nela e na Bia. Adoro o saque da Naná, principalmente o saque dela que tem uma potência inacreditável. E também o controle. Uma coisa é você ter potência e errar muito saque, a Naná tem potência e acerta todos. E no jogo da Bia, o forehand dela de canhota, quando ela foge e joga na esquerda da adversária. Acho muito incrível”.
Nathalia Tourinho também destaca o momento do tênis feminino no país e o convívio que teve com jogadoras profissionais: “É uma experiência muito boa jogar contra meninas mais velhas e fazer meu jogo. E é um aprendizado muito importante para mim. Quero ser profissional e sempre vou jogar com meninas melhores do que eu. Então é importante começar cedo para já pegar o timing”.
“A Bia é a maior inspiração, uma guerreira. É muito bom. A gente se conheceu em 2022, mas eu era menorzinha, não tinha experiência igual adquiri hoje. Mas a Laura [Pigossi] e a Carol [Meligeni] jogaram no Clube Paineiras no ano passado e acabei vendo alguns jogos e peguei algumas experiências e vi como elas cuidam do físico e do mental. Eu aprendi muito, fiz algumas anotações com meu treinador e vi que estamos no caminho certo. É uma questão de tempo e de trabalhar bastante e tentar ser uma dessas”, acrescentou a paulista, confiante na nova geração.
“Acho que quanto mais brasileiras na WTA, mais eu tenho garra de conseguir chegar onde elas estão, por ver que sou capaz. Se elas conseguiram, eu também consigo. E a Naná, a Pietra e a Victória que estão aí competindo também conseguem”.
Manuela Banietti e Eduarda Gomes campeãs no juvenil

Outras duas jogadoras da nova geração também tem se destacado no enfrentamento com tenistas mais velhas. No final de agosto, a paranaense Eduarda Gomes, de apenas 13 anos, conquistou o título da Copa Juninho Tênis, torneio ITF J60 realizado nas quadras de saibro do Corinthians, em São Paulo. Aquele era o primeiro torneio que ela disputou na categoria 18 anos. E recentemente, ela representou o Brasil no Mundial de 14 anos e venceu quatro das seis partidas que disputou.
Também no circuito de 14 anos, a paranaense Flavia Souza foi campeã da Copa Cosat, disputada na grama em Bragança Paulista, e se qualificou para Wimbledon em sua categoria. Ela também defendeu o Brasil no Mundial, com três vitórias em seis jogos. Já no último domingo, a paulista Manuela Banietti conquistou aos 14 anos o ITF J30 disputado nas quadras de saibro da Rio Tennis Academy.









A entrevista de panelinhas . Eu estou torcendo que Victoria naturalize de outro pais ela nao merece ter essas pessoas
A que panelinhas você se refere, Victor? Você nem me conhece, nunca me dirigiu uma palavra sequer e vem questionar a minha integridade e ética profissional? Comporte-se como um adulto, por favor.