Navratilova: críticas a Trump e contra trans no esporte feminino

Martina Navratilova (Jimmie48/ WTA)

Londres (Inglaterra) – Durante a edição deste ano de Wimbledon, Martina Navratilova, tcheca naturalizada americana, concedeu entrevista a Amol Rajan, jornalista da BBC. A ex-número 1 do mundo desertou há 50 anos da Tchecoslováquia comunista para buscar seus objetivos de vida e esportivos nos Estados Unidos. Na época, a jovem de 18 anos tornou-se uma das mais famosas desertoras da Cortina de Ferro.

Mas com os Estados Unidos sob nova direção, ela disse temer que os EUA não a deixassem entrar hoje, como resultado das operações contra os imigrantes. “Não sou leal a Donald Trump”, diz ela, acrescentando que se preocupa com a possibilidade de os EUA terem se tornado um Estado “totalitário”.

“Se eu ainda estivesse na mesma situação agora (como em 1975) e tivesse que me mudar para algum lugar, não seria para os Estados Unidos, porque agora não é uma democracia”, diz ela. A frustração de Navratilova é palpável. Ela acredita que as pessoas não perceberam que a situação está piorando gradualmente e que o país está “definitivamente se voltando contra os imigrantes”.

Navratilova continua morando nos EUA com sua esposa, a modelo Julia Lemigova, e não nega a preocupação de perder a própria cidadania. “Neste momento, tudo está em aberto, e é disso que se trata. Todos estão pisando em ovos, sem saber o que vai acontecer.”

No entanto, há uma questão sobre a qual ela já declarou concordar com o presidente Trump: a participação de mulheres transgênero nos esportes, que ela acredita ser um erro. Navratilova discorda das regras atuais da WTA, que determinam que mulheres transgênero podem participar de partidas femininas se apresentarem declaração por escrito e assinada de que são mulheres ou não binárias, que seus níveis de testosterona estejam abaixo de determinado limite há dois anos e que mantenham esses níveis.

Navratilova acredita que mulheres trans têm vantagens biológicas nos esportes femininos. “Não deveria haver ostracismo ou assédio”, afirma ela, “mas corpos masculinos precisam jogar em esportes masculinos. Eles ainda podem competir. Mulheres trans não são proibidas de praticar esportes. Elas só precisam competir na categoria apropriada, que é a masculina. É simples assim.”

Quando questionada pela BBC se deveríamos dedicar um pouco mais de tempo para sermos compreensivos com pessoas trans, Navratilova respondeu: “Muito compreensivo, mas isso não lhes dá o direito a espaços femininos baseados em gênero.”

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Realist
Realist
21 horas atrás

Ah, a velha hipocrisia… Os EUA não são democráticos, disse ela andando tranquilamente com a namorada. Pq ela não se muda para a Rússia então?

Fernando S P
Fernando S P
21 horas atrás
Responder para  Realist

Sim, esse tema nem deveria estar na matéria, já que o foco aqui é tênis. Da mesma forma, a ditadura de alguns judiciários ao redor do mundo não cabe neste espaço.

A matéria torna-se interessante porque contém a opinião dela sobre a participação de atletas trans na categoria feminina.

Paulo A.
Paulo A.
20 horas atrás
Responder para  Realist

Nao é namorada, elas são casadas legalmente o que na Rússia seria impossível. Deverias te informar melhor.

Realist
Realist
15 horas atrás
Responder para  Paulo A.

E quem diferença faz? Namoradas, casadas ou qualquer relação homossexual não são permitidas em países comunistas como a Rússia.

Palíndromo
Palíndromo
7 horas atrás
Responder para  Realist

Calma, calma, calma.
A Rússia é comunista? Essa é nova para mim. Achei que a União Soviética tinha acabado nos anos 80. Aliás, a União Soviética foi pioneira no reconhecimento dos direitos dos homossexuais, “prática” descriminalizada em 1918 e posteriormente criminalizada novamente pelo Stalin em 1930. Para se ter uma ideia, essas questões só foram ser discutidas na terra do Tio Sam nos anos 1960 e a homossexualidade só foi ser descriminalizada definitivamente em 2003 nos EUA.
E, considerando o caminho que os EUA estão tomando, é questão de tempo até as relações homossexuais serem proibidas novamente por lá. Lembrando que até pouco tempo as relações interraciais eram proibidas nos EUA (só foram ser descriminalizadas em 1967), enquanto que na União Soviética elas nunca foram criminalizadas. E eu poderia citar inúmeros outros exemplos (direitos das mulheres, direitos de minorias étnicas, direitos das pessoas com deficiência etc). Em questões sociais, os países comunistas sempre foram mais avançados do que os grandes centros capitalistas.
No fim, essa entrevista da Navratilova deixa claro que essas políticas excludentes só incomodam quando nos atingem. É difícil ter o mesmo olhar de comiseração para o outro que temos para os nossos próprios problemas.

Palíndromo
Palíndromo
7 horas atrás
Responder para  Paulo A.

Rússia? A Navratilova nasceu na União Soviética, no que hoje seria a Tchécia (antiga República Tcheca), país que atualmente reconhece o direito à união de casais homoafetivos, mas que não reconhece o direito ao casamento. Vocês estão misturando tudo.

tiburcio
tiburcio
20 horas atrás

Sobre este tema de Trans nos esportes, faço sugestão ao site escrever a respeito da história da Renée Richards, americana jogadora de tênnis nos anos 1950-1970 que competiu em torneios mesmo após fazer cirurgia de mudança de sexo.
Há uma reportagem da história dela na Sports Illustraded de 01-julho-2019.

Fernando S P
Fernando S P
15 horas atrás

Reconheço o bom trabalho que a TB costuma fazer. A página tem crédito. Mas fiquei decepcionado com os quatro primeiros parágrafos da matéria, pois eles se afastam completamente do tema esportivo. Além disso, os comentários ainda não foram publicados e, quando forem liberados (se forem), a notícia já pode ter perdido relevância. Crítica construtiva.

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