O sonho de ver uma campeã francesa em Roland Garros, o que não acontece há 25 anos, continua após a definição das semifinalistas da chave feminina. Quem mantém as esperanças vivas é Lois Boisson, jovem de 22 anos e apenas 361ª do mundo, que faz apenas sua primeira participação em uma chave principal de Grand Slam e já venceu grandes nomes, como Jessica Pegula nas oitavas e Mirra Andreeva nas quartas.
E o longo jejum de títulos para as tenistas da casa, que já vem desde a conquista de Mary Pierce em 2000, mobiliza a torcida francesa a cada jogo da nova estrela local. Boisson já faz o melhor resultado de uma anfitriã no torneio desde 2011, quando Marion Bartoli também foi semifinalista. E em um Grand Slam em que o envolvimento do público foi bastante discutido, tanto pelos jogadores da casa quanto por seus adversários, o ambiente da quadra Philippe Chatrier nesta quarta-feira deixa lições importantes.
Eliminada nas quartas, com parciais de 7/6 (8-6) e 6/3, a russa de 18 anos Mirra Andreeva tentava chegar à segunda semifinal seguida em Paris. A atual número 6 do mundo acredita que soube lidar bem com o ambiente de pressão em muitos momentos da partida, mas admite que ainda precisa de mais experiência e aprendizado para ser mais consistente nessas situações.
+ Clique aqui e siga o Canal do TenisBrasil no WhatsApp
“Eu diria que, obviamente, já esperava por isso. É normal que apoiem uma jogadora francesa, então eu sabia que seria assim. Acho que no primeiro set lidei bem com isso. Não prestei muita atenção, mas, claro, com o nervosismo e a pressão, ficou um pouco mais difícil. Mesmo assim, acho que posso aprender com isso”, disse Andreeva na coletiva de imprensa desta quarta-feira, após a partida.
“Acho que consegui não reagir a nada do que diziam ou gritavam no primeiro set, então, se tivesse conseguido manter isso durante toda a partida, teria sido ótimo. Mas em alguns momentos ficou mais difícil. Acho que se eu aprender a manter a mesma postura do primeiro set e a não reagir ao que dizem durante o jogo todo, seria ótimo. Mas, por ora, ainda tenho muito a aprender e vou usar esse tempo para melhorar”, complementou a vencedora de dois WTA 1000 na temporada.
Andreeva também valorizou a campanha e o nível de atuação de sua adversária, que está voltando ao circuito depois de uma grave lesão no ligamento cruzado anterior. “Ela tem um ótimo saque e um forehand muito forte. Acho que ela conseguiu muitos winners com o forehand hoje. Ela também foi sólida e consistente durante toda a partida. Claro que eu poderia ter feito algumas coisas melhores, mas isso é o tênis. Hoje, ela lidou melhor com a situação do que eu, e por isso venceu”
A jovem russa também minimizou a diferença de ranking. “Eu sabia que ela era algo como 150 do mundo, mas que tinha tido uma lesão. Então, sabia que ranking é só número. Se você está entre as 5 melhores do mundo ou entre as 300, a partida pode ser difícil e estar no mesmo nível. Eu não foquei no ranking. Já conhecia o jogo dela, dos torneios 60 mil na Suíça, conheço ela há bastante tempo. Sabia como ela jogaria. Agora ela está mostrando que é provavelmente uma jogadora melhor do que o ranking atual indica”.
Gauff: “Eu me preparo mentalmente para esses momentos”

Adversária na semifinal desta quinta-feira, por volta do meio-dia (de Brasília), Coco Gauff também é uma jogadora jovem, de 21 anos, mas habituada aos grandes palcos desde os 15. Atual número 2 do mundo, a norte-americana já viveu experiências de jogar contra e a favor da torcida, gosta desses ambientes e espera que o público seja respeitoso.
“Acho que há duas formas de lidar com isso e já usei as duas no passado. Uma é fingir que estão torcendo por você. A outra é usar isso a seu favor e não deixar que te afete. Já estive em quadras onde 99% das pessoas torciam por mim, então não tenho problema com isso. Espero que todos sejam respeitosos e, se não forem, tudo bem também. Acho que isso deixa o esporte mais emocionante e não dá pra se irritar porque alguém está torcendo pela sua jogadora local. Eu faria o mesmo. É algo para o qual me preparo mentalmente e espero que aconteça, então estarei pronta”.
Boisson vive torneio dos sonhos, mas mantém o foco

Já para Boisson, que vive uma semana cheia de experiências inéditas e acumula façanhas no Grand Slam francês, a torcida ajuda, mas é preciso manter o foco e apesar da pressão pelo longo período sem títulos para as francesas, vê a torcida como aliada. “A torcida não é algo que me coloca pressão, porque está comigo. Eu amo jogar com a torcida, amo ouvir meu nome quando ganho um ponto. Para mim, é algo a mais. Não é pressão. Mas acho que é muito difícil para jogadoras de outros países. Para mim, é maravilhoso tê-los comigo”.
“Fico na minha bolha. Estou focada no torneio, então não penso muito no que está fora. Não fico olhando redes sociais nem nada disso. Só mantenho o foco e vou ver essas coisas depois do torneio”, explica a jogadora de 22 anos, que reforça. “Meu objetivo não era estar na semifinal, mas sim ganhar o torneio“.
O momento mais especial para francesa foi ouvir o público cantar a ‘Marselhesa’, hino nacional do país, na entrada das jogadoras em quadra. “Eu não achava que ouviria a ‘Marselhesa’ durante o aquecimento. Me arrepiou, tenho que dizer. Mas foi extraordinário ter a torcida me apoiando tanto. Mesmo que às vezes seja barulhento demais entre os pontos, eles estão me apoiando e me impulsionando, e isso é incrível”.
Excelente a fala da Gauff, mostra enorme maturidade.
Concordo com você, no US Open, a torcida estará a favor dela!
Difícil limite entre torcer e atrapalhar!
Difícil limite entre torcer e atrapalhar! Não fica legal para quem é da casa ganhar com uma “ajuda”, vc sabe qual é, aquela escondidinha, que vai irritando, o juiz não consegue pegar nem controlar, se esta guerra virar consenso, “quando for na minha casa eu desconto”, os jogos de tenis vão virar uma Davis indo até quase Futebol, de leve, entende?