Enquanto seguramos nossa ansiedade para assistir ao WTA 250 que finalmente chega ao Brasil, com data marcada para setembro deste ano, seguimos acompanhando o circuito feminino, que agora finaliza sua costumeira parada em Roma. Conhecido também como Internazionali BNL d’Itália, o torneio teve sua primeira edição em 1930 na cidade de Milão, ou seja, um dos mais antigos do calendário tenístico.
Entre idas e vindas ao Foro Italico, onde hoje é realizado, lembro bem dos anos que a cidade universitária de Perugia, capital da região da Umbria, sediou a competição feminina, precisamente de 1980 a 1984. Estive lá, portanto, também nessas edições, vivendo as emoções, e hoje, após décadas, as recordações.
Como esquecer os nove match-points que tive contra a super campeã Billie Jean King, que insistentemente sacava no meu backhand e subia à rede, anulando cada um deles, sendo infalível nesses momentos de pressão e provando ser um dos grandes nomes do tênis feminino de todas as épocas! Embora perto, a vitória me escapou. A derrota foi diluída em outra oportunidade — tema para outra coluna —, e assim caminha o esporte.
De volta ao momento atual, o torneio tomou uma imensa proporção, impressionando não só pela grandiosidade do complexo esportivo, mas pela moderna Quadra Central, com capacidade para 10 mil espectadores, uma das maiores da Europa. Há também o ‘Stadio dei Marmi’, rodeado por 60 estátuas em mármore branco e que nos leva a uma viagem à Roma antiga, fazendo desse torneio um dos mais cobiçados pelos fãs da modalidade.
Nas quadras, como nas arenas de gladiadores, felizmente em estilo mais pacífico, batalhas épicas se sucedem. Afinal, não só o título que está em jogo, mas, sim, um refinamento para o que vem a seguir: o cobiçado Roland Garros!
E nada mais interessante do que observar essa gangorra de atuações e as surpresas do circuito. Quem imaginaria a derrota nas quartas de final de Aryna Sabalenka, líder do ranking e queridinha dos brasileiros, que desde Indian Wells não perdia antes da decisão? Sua algoz, a chinesa Qinwen Zheng , oitava da classificação mundial, devia algo expressivo em 2025, já que vinha de sucessivas derrotas prematuras em torneios.
A jovem russa Mirra Andreeva, campeã em Indian Wells e treinada pela espanhola Conchita Martinez, não se inspirou o suficiente pelo recorde da treinadora, única na história do torneio a vencer quatro anos consecutivos, de 1993 a 1996. A letã Jelena Ostapenko, vencedora em Stuttgart, também ficou pelo caminho após derrota para a campeã desta edição.
Por falar nela, todos os aplausos para a pequena, mas grande vencedora do Aberto de Roma, a italiana Jasmine Paolini, com 29 anos e 1,63m de altura, que fez vibrar a torcida ao derrotar na final a norte-americana Coco Gauff, numa atuação brilhante. Alegre na quadra, Paolini ri de si mesma quando escorrega ou mesmo quando o ponto é da adversária. Baixa para os padrões atuais, ela compensa com muita velocidade e rapidez, fazendo fluir seu jogo com consistência e profundidade de golpes.
Quando se imaginava que após as suas duas finais de Grand Slam no ano passado, ficando com o vice em Roland Garros e Wimbledon, tivesse já alcançado seu máximo potencial, ela nos surpreende com um título duplo, já que ao lado da sua fiel parceira Sara Errani, de 38 anos, também levantou a taça nas duplas.
Enfim, um dia para ficar na história, quebrando um jejum de 40 anos sem que uma tenista vencesse em casa, na frente de uma torcida inflamada. Embora a ‘Squadra’ italiana feminina não venha se renovando, o espetáculo dessa edição jamais será esquecido!