Carlos Alcaraz cresceu assistindo às inúmeras conquistas do ídolo Rafael Nadal. E ainda criança, teve a chance de conhecê-lo. Quando já tinha 16 anos e o tênis deixou de ser uma brincadeira para se tornar a escolha de carreira, procurou Juan Carlos Ferrero, outro ex-número 1 do mundo e campeão de Grand Slam para orientá-lo. E no início do trabalho, em setembro de 2018, Ferrero já se colocava à disposição do pupilo. Um privilégio.
“Ele tem um nível muito bom. Sei que ele tem 16 anos e ainda está muito longe do profissional, mas foi uma boa oportunidade para eu me recompor um pouco como treinador depois da experiência que tive com [Alexander] Zverev. Fico o dia inteiro com ele e falo tudo o que ele precisa melhorar”, disse Ferrero ao site da ITF na época que a parceria foi firmada.
Pouco mais de cinco anos depois, Alcaraz já acumula quatro títulos de Grand Slam, dois em Wimbledon, um no US Open e outro em Roland Garros. E já tem o seu nome gravado na história do tênis por ser um dois seis jogadores na Era Aberta a dominar o saibro e a grama numa mesma temporada. Por tudo o que já construiu com tão pouca idade, Alcaraz já figura entre os grandes. Mas ele quer ir além. Na coletiva de imprensa após a vitória sobre Novak Djokovic no último domingo, falou abertamente sobre a busca por colocar seu nome na mesma prateleira que o do próprio sérvio ou do ídolo Nadal. Estar entre os maiores da história é um objetivo declarado.
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“Obviamente é um ótimo começo de carreira, mas tenho que seguir em frente. Quero sentar na mesma mesa que os grandes. Esse é o meu principal objetivo. Esse é o meu sonho agora. Não importa se já ganhei quatro títulos de Slam aos 21 anos. Quero continuar vencendo e encerrar minha carreira com muitos mais”, disse Alcaraz, que não estabelece uma meta em números: “Não sei qual é o meu limite. Eu não quero pensar sobre isso. Eu só quero continuar aproveitando meu momento”.
Krejcikova teve o apoio de Novotna durante a transição para o profissional
Um dia antes do bicampeonato de Alcaraz em Wimbledon, vimos Barbora Krejcikova conquistar o segundo Grand Slam da carreira. Três temporadas depois de ser campeã no saibro de Roland Garros, a experiente jogadora tcheca de 28 anos teve a chance de vencer também em uma superfície mais rápida. O título foi ainda mais especial porque Krejcikova repetiu o feito de sua mentora, a ex-número 2 do mundo Jana Novotna, vencedora da competição em 1998 e uma de suas primeiras treinadoras. Novotna faleceu em 2017, vítima de um câncer e já treinava a tenista há três temporadas.
“O dia em que bati na porta dela mudou minha vida”, disse Krejcikova, bastante emocionada na cerimônia de premiação, após a vitória sobre a italiana Jasmine Paolini na final. “Quando eu tinha 18 anos e estava saindo do circuito juvenil, eu não sabia o que fazer. E a Jana foi quem me disse para continuar jogando porque viu que eu tinha potencial. Antes de falecer [em 2017, aos 49 anos], ela me disse para tentar ganhar um Grand Slam. Eu consegui em Roland Garros, mas nunca imaginei que ganharia o mesmo troféu que ela ganhou”.
O exemplo de Sinner e a importância de ter referências por perto
O atual líder do ranking, Jannik Sinner, é outro que foi moldado para seguir o caminho dos campeões. Embora não tenha sido um juvenil de destaque e sequer tenha disputado os Grand Slam da categoria, Sinner teve um início de carreira impulsionado por dois fatores: O grande número de torneios profissionais realizados na Itália e a convivência desde cedo com grandes estrelas do circuito.
Durante toda a adolescência, Sinner foi treinado pelo experiente técnico Riccardo Piatti, que o colocou em contato com Maria Sharapova, Novak Djokovic e Roger Federer. Já em 2021, durante o período da quarentena na Austrália, passou duas semanas com a equipe de Rafael Nadal em Adelaide. Na época, Piatti falou em entrevista ao site da ATP sobre a importância dessas experiências. “Não sou eu que iria explicar para ele as lições do circuito, mas sim pessoas como Nadal ou Maria. Ele precisava ver a mentalidade desses jogadores”.
Teliana, Bellucci e o Brasil
Não é em todo lugar que se têm vários números 1 do mundo ou campeões de Grand Slam à disposição para se bater na porta. Mas ter uma referência por perto encurta o caminho. Teliana Pereira, ex-jogadora profissional e que chegou ao 43º lugar e com dois títulos de WTA, falou sobre isso em recente entrevista a TenisBrasil e do desejo de poder ajudar mais a nova geração de jogadoras.
“Tenho muito orgulho quando vejo as meninas tendo bons resultados. Quando eu estava na minha melhor fase, eu era perguntada sobre o tênis feminino no Brasil e dizia que estava feliz com meus resultados, mas que gostaria de ver muitas outras jogadoras”, disse Teliana. “Quando ganhei o WTA de Bogotá em 2015, a Bia estava lá no mesmo ano e foi campeã de duplas com a Paula Gonçalves. A Laura também já jogou uma final lá e pode pensar: ‘Se a Teliana chegou, eu também posso‘. Isso não é diminuir. É ter um exemplo perto que seja palpável. Eu não tive isso. Pensando nos dias de hoje, a gente precisa criar uma conexão com essas meninas que estão chegando com as que já estão lá. Essa aproximação é importante”, acrescentou a ex-top 50.
Um exemplo recente no tênis brasileiro é a parceria do jovem catarinense de 21 anos Pedro Boscardin com Thomaz Bellucci, ex-número 21 do mundo e que conquistou quatro títulos de ATP. Durante o Brasil Tennis Classic em São Paulo, na semana passada, Boscardin falou sobre a experiência com o novo treinador. “Acho que a parceria com o Bellucci tem sido muito boa. O trabalho do dia a dia está sendo bem feito e a gente está se entendendo muito bem. Toda a experiência que ele tem e está passando pra mim já está rendendo frutos. E também o trabalho que fiz com o João [Zwetsch] na Tennis Route eu consegui melhorar bastante e tive uma bela evolução”, comentou o catarinense.
Tivemos na semana passada um Grand Slam juvenil na grama de Wimbledon, com títulos do norueguês Nicolai Kjaer no masculino e da eslovaca Renata Jamrichova entre as meninas. Conquistas importantes para eles, pensando na visibilidade e nas portas abertas que os títulos trazem. O Brasil teve quatro tenistas nos 18 anos, Olívia Carneiro, Gustavo Almeida, Victória Barros e Enzo Kohlmann. Além de Livas Damázio na categoria 14 anos. Olívia e Gustavo avançaram uma rodada nas duplas, Livas venceu um jogo.
E muitas das experiências nesses torneios independem dos resultados: Jogar em quadras grandes, com torcida e transmissão pela internet. Além do intercâmbio com os melhores do mundo, para se testar em alto nível, entender as rotinas dos profissionais, tirar dúvidas e experimentar o ambiente de um torneio profissional. Grand Slam juvenil também essa função, é lugar de aprender muito.
Muito se publica sobre a precocidade do Alcaraz em vencer GS’s em diferentes pisos. E lançam a hipótese dele dominar o circuito. Pode ser, mas tbm pode não ser…. Há muitas variáveis que definirão isso. E uma delas, é a qualidade dos rivais. Se tiver uma entressafra, é capaz de dominar….
Mats Wilander e Jim Courier tiveram conquistas precoces também, e apesar de terem sido ótimos tenistas ( sobretudo Wilander), me parece que poderiam ter tido ainda mais sucesso nas suas respectivas épocas de apogeu.
Por enquanto, tudo é especulação.
Mas a possibilidade dele bater os recordes do big 3 é enorme. Hoje, somente o Sinner faz alguma sombra pra ele. Já o big 3 precisou dividir o cenário. Foram 66 títulos de slams divididos por 3.
Se Alcaraz não tiver essa concorrência e não se machucar, vai, sim, passar os 24 do Djoko.
Na época de Wilander e Courier o tênis de alto nível não era tão longevo. É fato que o que o Alcaraz tem feito é fora da curva, me anima em ver até onde ele pode chegar. Vamos aguardar cenas dos próximos capítulos.
Lembro que foi bem humilhante para Ferrerro o rompimento com Zverev. Certamente por isso ele se emociona tanto com as conquistas de Alcaraz. E ainda teve o episódio que a Federação Espanhola de tênis ignorou seu nome várias vezes para ser técnico da equipe na Davis, apesar dele publicamente colocar seu nome à disposição para a função.
Entrevista de Alcaráz moleque, com aqueles dentões de criança ainda. Repórter pergunta “quem é seu ídolo”. A resposta? Roger Federer.
Bom dia Mário S. Cruz. Não sei se conhece mas é MUITO INTERESSANTE para conhecer recordes:
Jogador que mais match points salvou antes de vencer um encontro
– Wilmer Allison – *18* em 1930
Jogadora que mais match points salvou, mas depois de perder um encontro com Lucia Bronzetti
Mayar Sherif *14* em 14 de julho de 2024, ITF Contrexévilli. Abraços
engraçado né antes ele era fã do Federer eu vi ele falando quando novo agora cresceu vendo os jogos do Nadal