Tenista amador precisa preparar o corpo e libertar o jogo

Eduardo Faria
Especial para TenisBrasil

Para muitos tenistas amadores, o ritual é sagrado: raquete na mão, bolinhas novas e aquela sensação de prazer imediato ao entrar em quadra. O tênis é vício, terapia e diversão ao mesmo tempo.

Mas há um ponto em que essa paixão encontra resistência: a falta de motivação em se preparar fisicamente fora da quadra e assim melhorar o jogo de tênis.

O tenista gosta mesmo é de jogar — sentir a bola, competir, superar-se a cada ponto. É natural que muitos relutem em dedicar tempo à preparação física. Mas a verdade é simples: é preciso preparar o corpo para desfrutar do jogo.

Você até pode jogar sem se preparar — é um direito seu. Mas, em algum momento, o jogo vai deixar de fluir. Surgem as dores, o cansaço precoce e o prazer dá lugar à frustração.

Sem força, resistência e flexibilidade, você não aproveita plenamente aquilo que ama, não alcança o seu melhor desempenho e ainda aumenta o risco de lesões.

“Jogo tênis todos os dias, é a minha paixão, mas é difícil me animar para treinar fora da quadra”

Essa frase ecoa em clubes e academias por todo o país. É o dilema de quem ama o jogo, mas evita o que o sustenta.

O paradoxo é claro: quanto mais você quer jogar, mais precisa cuidar do corpo que joga. A preparação física não é um fardo, é o que te permite continuar em quadra, com energia, confiança e prazer, por muito mais tempo.

O treino fora da quadra é o que sustenta o desempenho dentro dela. Um corpo preparado é a base invisível de toda performance, o que previne lesões e prolonga o prazer de jogar.

O tênis exige muito do corpo, o amador que joga com frequência sabe bem que o ombro pode arder após o saque, o joelho reclama nas mudanças de direção, a lombar tensiona nos ralis longos.

Estudos apontam que mais de 70% das lesões em jogadores recreativos vêm da falta de fortalecimento e do desequilíbrio muscular. O corpo até aguenta o esforço, mas não está preparado para repetições intensas e assimétricas.

Em resumo, o prazer do jogo mascara uma conta que o corpo acaba pagando, mais cedo ou mais tarde.

A preparação física é parte do jogo, não castigo

Faz parte da cultura popular, associar a atividade física com o sofrimento. Muitos tenistas amadores ainda enxergam a preparação física como obrigação, e não como parte do esporte, mas ela é o próprio alicerce do tênis.

Sem pernas fortes, o saque perde potência. Sem estabilidade no ‘core’, o golpe sai instável. Sem resistência, o foco se dissolve no terceiro set.

Entre os profissionais, o exemplo é claro:  Rafael Nadal destacou-se pela força física e pela habilidade de se adaptar a qualquer adversidade; Novak Djokovic, pelo refinamento das capacidades físicas em perfeita harmonia com seu talento extraordinário.

Para o amador, o princípio é o mesmo: quanto mais se joga, mais necessário é o treino fora da quadra.

Por que a motivação falta?

A resposta está no cérebro. O jogo oferece recompensa imediata — ponto ganho, aplauso, satisfação. Já o treino físico é um investimento de longo prazo, sem retorno instantâneo.

“O jogador amador vive do prazer do agora: a bola bem batida, o ponto ganho, o rali inesquecível. Já a preparação física é silenciosa, sem aplausos. Ela só faz sentido quando o jogador percebe que aquele esforço fora da quadra é o que permite que o prazer do jogo continue existindo.”

Transformar treino em jogo

A chave está em trazer o tênis para dentro do treino. Quando o tenista ainda não tem familiaridade com a preparação física, o ideal é começar por um trabalho geral, voltado ao desenvolvimento da força, da resistência e da flexibilidade.

À medida que o condicionamento melhora, entram em cena os treinos mais específicos: deslocamentos laterais, a melhora das acelerações em curtos espaços, potência, estabilidade e tempo de reação, Isso garante a transferência direta dos ganhos físicos para a performance dentro da quadra.

Para que essa evolução seja realmente eficaz, é fundamental compreender como o corpo responde aos estímulos. O treinamento deve ser individualizado, respeitando as características de cada jogador. Quando o programa é feito sob medida, os resultados aparecem mais rápido e isso motiva ainda mais a treinar para jogar um tênis mais prazeroso e seguro.

Nós da 5º SET trabalhamos com o Programa TFI – Treinamento Físico Inteligente, que tem o mapeamento genético como principal diferencial. A partir da análise das potencialidades individuais, é possível programar o treino ideal para cada jogador, seja ele, juvenil, amador ou profissional, maximizando o desempenho e prevenindo lesões.

Dicas de ações motivacionais e práticas para o tenista amador

“O treino fora da quadra é o combustível invisível da paixão dentro dela. Quanto melhor você cuida do seu corpo, mais tempo o seu amor pelo tênis vai durar.”

Bons treinos!

Licenciado em Educação Física, pós-graduado em treinamento esportivo e com diversas formações na área do treinamento físico e qualidade de vida, Eduardo Faria trabalha com tenistas desde 1986, ao lado de Fernando Meligeni, Flávio Saretta, Alexandre Simoni, Vanessa Menga e Thiago Alves, entre outros. Integrou a equipe da Copa Davis desde do final dos anos 90 até os dias atuais, atuando com nomes como Andre Sá , Bruno Soares, Marcelo Melo, Gustavo Kuerten e Marcos Daniel. É fundador da empresa ‘5º Set’, contendo o programa TFI (Treinamento Físico Inteligente), que combina testes físicos, mapeamento genético e avaliação nutricional para melhorar a performance de tenistas, do amador ao profissional: confira detalhes em quintoset.com.br.

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