Tênis britânico amarga aposentadoria de Murray e ausência de ídolos

Foto: LTA

Sede do mais tradicional torneio de tênis, Wimbledon, os britânicos voltam a ficar à espera de um novo ídolo, com a recente e emocionante aposentadoria de Andy Murray. O escocês conseguiu uma incrível façanha em 7 de julho de 2013, ao acabar um jejum de 77 anos (desde Fred Perry em 1936) e levantar o seu primeiro troféu na grama sagrada do All England Club.

Uma nova esperança de ídolo surgiu com Emma Raducanu, campeã do US Open em 2021. Mas, depois de tamanha conquista, a jogadora trocou de treinadores, ganhou milhões com inúmeros patrocinadores, e, de repente, se perdeu sem conseguir manter a boa forma. Sua popularidade também foi recentemente afetada com a polêmica decisão de abandonar as duplas mistas com Andy Murray, por um problema físico. Sem julgar sua decisão, o fato é que ao priorizar sua campanha em simples, voltou a decepcionar sendo eliminada por uma tenista pouco conhecida como Lulu Sun, jogadora que saiu do qualifying.

A imprensa britânica não poupou críticas e até repercutiu a decisão de Raducanu com outros jogadores. Isso colocou Carlos Alcaraz em situação constrangedora, tendo de comentar um fato distante do seu. O espanhol até foi diplomático em sua resposta, mas não deixou de sofrer críticas. Para muitos ele deveria esquivar-se de qualquer declaração. É que a Inglaterra tem dois tipos muito fortes de jornais. Os sérios e verdadeiros e os famosos tabloides sensacionalistas. E estes sim exploraram o assunto sem dó.

Sem se deixar influenciar pela mídia, os britânicos apoiam bastante seus jogadores e sempre buscam novos ídolos, com bons patrocínios e condições de jogo. Isso, certa vez, levou o canadense Greg Rusedski a buscar a cidadania inglesa e até mudou sua forma de falar. Passou a usar o termo ‘brillant’ típico dos locais.

Antes de Murray, quem realmente brilhou foi Tim Henman. Ele chegou quatro vezes às semifinais, mas, infelizmente, não conseguiu conquistar o titulo. Ganhou sim muito apoio, não só de patrocinadores, mas especialmente do público britânico. Tanto é que um certo local do All England Club ganhou o nome de Henman Hill, onde o público, sem ingressos para a quadra central, acompanhava festivamente os jogos do inglês.

Em conversa com vários treinadores internacionais e também tenistas, a opinião é que os britânicos são vítimas de sua tradição. A grama atualmente não é a superfície ideal para formar e desenvolver bons tenistas. Por isso, apesar de poucos comentarem, Andy Murray passou um bom período treinando no saibro espanhol. Este caminho também foi o de outro grande jogador, o russo Marat Safin.

É curioso que muito se fala sobre apoio e organização das federações. A britânica investe muito, assim como a francesa e a norte-americana. No Brasil, não é diferente. A CBT há tempos vem colocando à disposição dos jogadores programas de apoio e inclusive patrocínios. Mas, apesar do sucesso de vários tenistas atualmente, não é sempre que surge um Guga Kuerten ou uma Maria Bueno. O trabalho deve continuar e nunca é demais lembrar que o tênis brasileiro fez história na última Olimpíada com uma medalha e leva para Paris um boa equipe este ano. É assim que os britânicos também pensam e quem sabe logo poderão contar com um novo Andy Murray.

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Paulo A.
Paulo A.
4 meses atrás

Não há mesmo fórmula para fabricar um campeão no tênis. E isso é bom pois propicia que um país como o nosso tenha produzido gênios como o Guga e MEB. E, agora, tenhamos um juvenil genial que, aliás, já está brilhando entre os pros. Precisa dizer o nome???!!!.

Haroldo
Haroldo
4 meses atrás

Sempre tem q incluir Nadal ou Alcaraz na conversa. Absolutamente desnecessario.

Wanda Ribeiro
Wanda Ribeiro
4 meses atrás

Realmente foi decepcionante a solenidade de despedida do grande Andy Murray. Merecia ter sido homenageado por mais colegas do circuito.

Wanda Ribeiro
Wanda Ribeiro
4 meses atrás

Não entendi a não aceitação do meu comentário sobre a solenidade de despedida do execelente tenista Andy Murray. Não disse nada com sentido reprovável.

Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.
Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.

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