Sinner ganha no físico, Fritz leva na cabeça

Um experiente italiano de 23 anos e um aspirante dono da casa de 26 decidirão o US Open deste domingo. Se Jannik Sinner cumpre a jornada esperada e vai em busca do segundo Grand Slam da carreira e da temporada com natural favoritismo, Taylor Fritz enfim realiza sua maior campanha num Grand Slam mas nem assim tira totalmente o peso de seus ombros. Frente ao número 1 do mundo, terá a missão de encerrar amargo jejum de títulos masculinos de seu país que vem desde 2003. Não será fácil.

Os dois tiveram semifinais muito distintas nesta longa sexta-feira no estádio Arthur Ashe. Sinner encarou dois sets muito duros, sempre apertado pelo canhoto Jack Draper, e as duras condições do clima nova-iorquino deixaram bem clara a diferença física entre os dois. O cabeça 1 se manteve sempre muito firme no fundo de quadra, enquanto o britânico procurava desesperadamente encurtar cada vez mais os pontos em vista do evidente desgaste. Como o primeiro saque não funcionou a contento, o plano se esvaiu.

A partida teve momentos dramáticos, ora com Draper vomitando por provável excesso de ingestão de líquidos, ora com Sinner levando um tremendo tombo no lance mais espetacular da partida, que custou uma preocupante dor no punho esquerdo. Mas em poucos momentos se teve qualquer dúvida sobre quem era superior em quadra. Sinner liderou até mesmo nos aces (11 a 8) e pontos vencidos como primeiro saque (77% a 67%), além de winners (43 a 29) e erros (34 a 43). O finalista não podia mesmo ser outro.

Já o espetacular duelo entre Fritz e Frances Tiafoe teve alternâncias e muito mais emoção. Fritz começou melhor, mas um mínimo vacilo acordou o adversário. Ainda que o primeiro saque seguido de forehand tenha sido crucial para ambos, o jogo viu dezenas de ralis extasiantes. Tiafoe viveu um momento mágico a partir do terceiro set e dava impressão de que iria selar sua vaga na final a qualquer momento na quarta série, tirando o máximo de seus golpes bombásticos. Mas Fritz lutava muito, se defendia com unhas e dentes e de repente o esforço se pagou.

Quebrou o saque para ganhar o quarto set e aí acelerou para a vitória, agora diante de um Tiafoe abatido e conformado em sofrer a sétima derrota consecutiva para o mesmo oponente. Foi o 23º jogo de Fritz em cinco sets e o 12º sucesso. A partida chegou a 262 pontos e talvez a estatística mais relevante tenham sido os 55% de pontos de devolução de segundo saque de Fritz, 20% superior ao de Tiafoe.

Trajetórias e feitos

Sinner é o primeiro italiano a decidir o US Open e pode igualar os dois troféus de Slam de Nicola Pietrangeli, ambos em Paris e na fase amadora. Ao ganhar 22 jogos de Slam nesta temporada, o campeão do Australian Open se torna apenas o quinto tenista deste século a somar tantas vitórias desse quilate, algo que apenas o Big 4 conseguiu. Ele aliás já era o primeiro tenista nascido a partir dos anos 1990 a completar semis em todos os Slam. Depois de eliminar três cabeças – Tommy Paul, Daniil Medvedev e Draper -, ele irá superar a casa dos 10.000 pontos na tranquila liderança do ranking.

Fritz por sua vez é o primeiro norte-americano numa final de Slam desde Andy Roddick em Wimbledon-2009 e do US Open, também após Roddick em 2006, sem falar que é o primeiro de seu país a atingir ao menos oitavas em todos os Slam de uma temporada desde Andre Agassi, em 2003, e o 12º herói nacional a decidir em Flushing Meadows. O campeão juvenil de 2015 realiza campanha de peso, tendo superado já Casper Ruud, Alexander Zverev antes de Tiafoe, o que o devolve ao sétimo lugar do ranking, duas posições abaixo de seu recorde pessoal.

A decisão do US Open, às 15 horas de domingo, marcará apenas o terceiro confronto entre Sinner e Fritz e um verdadeiro tira-teima, já que cada um venceu uma vez no piso sintético muito mais lento de Indian Wells. O norte-americano ganhou em 2021, quando o italiano ainda tentava embalar na carreira, e o italiano levou a melhor em duros três sets no ano passado. Eu daria ao menos 65% de chance de Sinner vencer e você?

Final feminina importante neste sábado

Aryna Sabalenka e Jessica Pegula se enfrentam às 17 horas deste sábado pelo título e os US$ 3,6 milhões de prêmio deste US Open. A bielorrussa tenta o terceiro Slam da carreira e o segundo da temporada, tendo vencido em Melbourne tal qual Sinner. E, se o fizer, abrirá luta definitiva pelo número 1 com Iga Swiatek.

Impossível tirar o favoritismo de Sabalenka por conta de sua experiência em grandes momentos, ainda que o vice do ano passado para Coco Gauff possa incomodar. Também venceu cinco dos sete confrontos, mas Pegula equilibra na quadra dura, com placar de 2 a 2. Eu vou de Sabalenka no terceiro set.

O título de duplas femininas ficou com Jelena Ostapenko e Lyudmyla Kichenok, que venceram assim seu primeiro Slam de duplas (a letã ganhou Roland Garros em simples). Na cerimônia, Kichenok disse que enfim poderá se casar com Stanislav Khmarsky, que também é treinador de Ostapenko, já que a cerimônia prevista para quarta-feira precisou ser adiada por conta do bom desempenho da dupla.