O esporte brasileiro descobriu uma nova forma de engajamento digital. Com o Fan Token, torcedores participam de votações, concorrem a recompensas e vivem experiências de bastidores por meio de aplicativos como o Socios, da Chiliz. O formato virou uma porta de entrada para o universo cripto sem exigir jargões técnicos. E já chegou ao tênis, com experiência feita durante a Copa Davis e o Australian Open.
Como funciona o Fan Token
Fan Token é um ativo digital de engajamento. Ele não dá direito societário no clube nem promete rendimento. Serve para aproximar o fã com enquetes oficiais, resgates de prêmios e ativações em dia de jogo.
No Brasil, clubes populares de futebol, como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Atlético-MG, embarcaram no modelo por meio do Socios, que hospeda os tokens na Chiliz Chain. Para o torcedor, a jornada costuma começar na paixão pelo clube e evoluir para noções de carteira digital, segurança e custódia.
E conforme o público se familiariza com esse ecossistema, surgem interesses adjacentes, como meios de pagamento digitais e usos de cripto no entretenimento esportivo. As apostas com criptomoedas são um bom exemplo das múltiplas utilidade dos criptoativos, que vão além de puro investimento e reserva de valor.
O Fan Token é utilidade e comunidade, pagamentos e apostas seguem marcos regulatórios próprios no Brasil, mas tudo envolve tecnologia, inovação e atraem público. Principalmente em anos de grandes eventos, com volumes mais altos em torno de seleções e clubes.
O que a lei brasileira diz hoje: Cripto, pagamentos e apostas
O Brasil tem regras claras para prestadores de serviços de ativos virtuais (VASPs). O Marco Legal dos Criptoativos (Lei 14.478/2022) definiu diretrizes e, em 2023, o Decreto 11.563 atribuiu competências ao Banco Central para autorização e supervisão do setor.
O BACEN abriu consultas públicas em 2024 e 2025 para detalhar requisitos, em linha com padrões internacionais. Já apostas de quota fixa e iGaming foram regradas pela Lei 14.790/2023 e por portarias da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda.
Desde 1º de janeiro de 2025, apenas operadores autorizados podem atuar nacionalmente, seguindo exigências de integridade, identificação do apostador e meios de pagamento conectados ao sistema financeiro brasileiro.
A SPA também determinou o uso obrigatório do domínio “.bet.br” para todos os sites legalizados, o que é um sinal visível de segurança ao consumidor, sobre quem opera com licença federal. Entre as normas técnicas, a Portaria SPA/MF nº 827/2024 detalha requisitos de autorização e governança das empresas.
Do futebol ao tênis: O que já existe e o que pode nascer
O tênis tem precedentes nesse mercado. Em 2021, a Davis Cup se tornou a primeira propriedade do tênis a lançar um Fan Token oficial ($DAVIS), com enquetes e ativações para os detentores. A experiência mostrou que a mecânica de voto e recompensa funciona fora do futebol e pode ser adaptada a torneios ou equipes nacionais de tênis.
Há, porém, lições recentes sobre ativos puramente colecionáveis. O Australian Open ArtBall, projeto de NFTs que atrelava artes digitais a quadrantes da quadra, perdeu tração e valor de revenda em 2025, após sinais de descontinuidades por parte dos organizadores.
Para quem organiza eventos no Brasil, a mensagem é simples. Sem manutenção e utilidade prolongada, o interesse desaparece. Fan Token pede calendário de ativações, enquetes e recompensas que sobrevivam ao hype. No Brasil, o termômetro continua quente no futebol, um ambiente que inspira outras modalidades.
Em julho de 2025, Chiliz e clubes brasileiros anunciaram colecionáveis digitais em Cards do Futebol, além de ações no Blockchain.Rio 2025 que levaram demonstrações de engajamento ao público.
O guia técnico, portanto, está acessível a organizadores de torneios de tênis, que podem adaptar votações, experiências de bastidores e recompensas vinculadas à presença em jogos.
Brasil como vitrine digital no esporte
A combinação de um grande público e a infraestrutura de pagamentos instantâneos favorece experimentos de engajamento. O Banco Central vem conduzindo a regulamentação do setor de cripto e pagamentos com consultas e notas técnicas, mantendo a interoperabilidade com o ecossistema bancário.
Um pano de fundo que reduz atrito para iniciantes vindos do esporte. No dia a dia, o fã esbarra menos em barreiras, baixar um app oficial, criar uma carteira custodial vinculada ao aplicativo e participar de enquetes são passos que exigem mais atenção com segurança do que com finanças.
Fan Token é um ingresso para participar mais, não um investimento financeiro tradicional. Já serviços de criptoativos seguem a trilha do Marco Legal e das normas do Banco Central em implantação.