Acompanhando o WTA 500 de Bad Homburg, na Alemanha, que terminou na semana passada, com mais uma derrota da ex-número 1 do mundo Iga Swiatek, desta vez na final contra a ricaça americana Jessica Pegula, não pude deixar de revisitar o passado.
Bad Homburg não é um destino dos mais cobiçados da Alemanha e longe de ser uma das maiores cidades desse país. Ainda assim, parece estar sempre envolvida com o circuito tenístico.
Estive lá em 1973, nesse mesmo clube, o TC de Bad Homburg que na época só tinha quadra de saibro. Surpreendente que, desde 2021, com mudança na superfície, faz parte do circuito de grama pré-Wimbledon.
Ao longo dos 15 anos que participei do circuito, confesso que esqueci de algumas cidades por onde passei, já que a estada em cada uma delas era por vezes muito breve. Mas por lá minhas recordações não são das melhores. Na época, antes de assumir o primeiro posto do ranking brasileiro de adultos (1974), estive bem perto de pela primeira vez representar o Brasil na então denominada Federation Cup, hoje conhecida como Billie Jean King Cup.
Esta Copa entre nações, que reúne cada vez mais países do planeta e acontece ao longo do ano, antigamente era realizada em apenas uma semana, com a presença das melhores tenistas dos 30 países participantes, que circulavam livremente pelo clube sede.
Ou seja, o supra sumo do tênis mundial da época!!
Lembro e tenho inúmeros recortes de jornal que comprovaram a minha vitória sobre outra tenista carioca e, por tal, a garantia da segunda vaga entre as três disponíveis para representar o Brasil no evento. A primeira ficou para a então campeã brasileira e a terceira, para a vencedora de uma classificatória entre várias outras jogadoras.
Inexplicavelmente, o presidente da Confederação Brasileira em exercício na época enviou um telegrama – alguém lembra? – com a ordem dos nomes propositalmente invertida: o meu em terceiro, para uma posição de reserva ou eventual jogo de dupla em caso de empate, perdendo aí a oportunidade de, aos 16 anos, enfrentar as tops do mundo.
Frustração é uma expressão simples para descrever o meu sentimento na época. Precisei resistir fortemente a medidas drásticas sobre o meu futuro nas quadras. Mil vontades reprimidas, mas com esforço segui a recomendação do meu mentor e pai, quando orientou que eu desse a resposta com a raquete na quadra: ano seguinte foi o primeiro dos onze consecutivos que fiquei no topo do ranking brasileiro. Hoje ainda mantenho o recorde entre as brasileiras, de participação na Federation Cup.
Bad Homburg passou… e agora o desabafo…. Hora de mudar o jogo. Foco total em Wimbledon!
Que absurdo. Quem era o tal presidente da Confederação na época?
O já falecido Gabriel Figueiredo.
Patrícia inscreveu seu nome na história do tênis brasileiro. Já desse infausto cartola, quem se lembra??!!!
Muito orgulho de você, Patrícia Medrado!!!
Ah obrigada, Marco Aurélio !
Época difícil !!!!
Oi Patrícia, nesta nao participei……estava voltando a jogar tênis em 73, parei de jogar nos três últimos anos da faculdade…….mas imagino qual o nome deve ter sido trocado pelo seu…….
Mas em 75 quando também joguei a Federetion com você na equipe, você era a número 1, e podemos conviver com as melhores……foi uma grande experiência para todas nós.
Nunca esqueço que joguei “Ping pong” com a Navratilova !!!!!!!
Inesquecível para mim……..
Claro que depois , naquele ano , fomos jogar o qualy de Wimbledon
Naquele ano a equipe era :
Patricia
Cristiane
Vanda
Marília
Lembranças maravilhosas
Mas vou confessar, hoje , acho que joguei outro esporte……..
Saudades
Oi Vanda!
Vc se refere ao Federation Cup de Aix en Provence não?
Lembro bem! Em 1975 eu já era a n1 do Brasil mas n ano em questão (1973) , o nome que passou na minha frente foi o da Suzana Petersen que não teve culpa no acontecido .
Essa do ping pong n lembrava ! Kkkk
Como sempre a politicagem atrapalhando o desenvolvimento do esporte e cometendo horrendas injustiças.
Ronildo,
Que força eu tinha, baiana, 16 anos, mulher, longe do centros de tênis …?
Deu o troco nas quadras. E fez história…
Patricia, achei importante você compartilhar essa sua experiência com os leitores, porque muitas vezes temos vontade de desistir diante dos contratempos e das injustiças da vida.
E se você tivesse desistido, não seria o que é hoje.
E ah… você ficou muito bem nesta foto do blog. É fotogênica!
Oi Maurício !
Obrigada pelo elogio , sempre eh bom !
Felizmente minha vontade esteve acima das dificuldades. Essa nao foi a única mas tenho certeza que me fortaleceu !
O meu comentário não foi aceito??
Boa tarde Vanda. Foi sim e já encaminhado para a Patrícia Medrado.
Obrigada
Sábios conselhos paternos! Ainda bem que ela não desistiu.
Paulo!
Pois eh! Quem não encontra obstáculos na vida ?
Como me lembro dessa “carteirada”! Como irmã e admiradora da sua luta, vencendo pricipalmente as renomadas tenistas do sudeste e sul na quadra e lutando contra a discriminação de ser nordestina!
Jamais esqueci as palavras textuais do nosso pai que era sociólogo e entendia bastante das pessoas em sociedade, ” imponha-se pela raquete que não haverá marmelada”.
Assim você o fez.
Mana Itana
Quantos bons conselhos tivemos !
Muitas vezes, o público não tem conhecimento do histórico de uma atleta de ponta, que por mais de dez anos foi a melhor tenista brasileira.
Por vivermos num país de um único esporte, não temos o hábito de valorizar trajetórias vitoriosas, muito menos reconhecer a capacidade individual de alguém que buscou a excelência (algo cultural).
Em alguns países, existem biografias, filmes, relatos, homenagens, existe um respeito maior por alguém que contribuiu (e contribui) com o esporte, influenciando pessoas.
O esporte, basicamente é isso…construir pessoas.
Parabéns pela vitória sobre a injustiça sofrida, Patrícia! O conselho certamente mexeu com um dom muito importante, que é o da humildade. Obrigado por compartilhar e nos dar esse bom testemunho de sua vida.
Nossa, Patrícia Medrado!!! Depois do que li nos comentários, multiplico o meu lá no início: MUIITTOOO mais ORGULHO, ainda, de você, PATRÍCIA MEDRADO!!! Sua história no seu texto, sua trajetória nesse lindo esporte, os demais comentários no blog, me deixaram com olhos marejados. Continue escrevendo, tá? Ps: Vênus e Graff foram as melhores… mas fico imaginando a trajetória da maior de todas (para mim, claro, rsrsrsrsrs), da GOAT de saias, a grande MÔNICA SELES, se não fosse aquele horrível episódio. Diria até que ela teria quebrado o recorde da Margareth Court, possivelmente. Abcs.
Parei na parte em que vc disse q se tornou n1 do Brasil em 1974. Nesse ano Maria Bueno ganhou Tóquio. Sabemos que depois disso até oitavas de final em Wimbledon ela fez. Feitos incríveis para quem passou por mais de 10 cirurgias. Feitos esses que vc, mesmo saudável, não chegou nem perto de igualar.
Vc foi uma boa jogadora. Das melhores que tivemos nos anos 70/80. Porém, vc insiste em se declarar n1 do Brasil de 74 até 85. Lamento, em mtos desses anos nem no top 100 vc estava. Bueno, por sua vez, em 76 chegou a 29ª posição.
No mais, seu jogo continua muito bonito. Se possível, poste no You Tube mais coisas suas em ação de jogo. Há muitos que, como eu, admiram sua técnica e a beleza dos seus golpes.
Boa tarde! Patrícia. Fui jogador de tênis e sempre me impressiona o fato de não mudarem a posição de saque.
Se os adversários(as) devolvem a bola nos pés, quase em cima da linha, não seria mais conveniente treinar e sacar dois palmos atrás? Isso talvez facilitasse a devolução da bola.
O que você acha?