Os canhotos historicamente são 10% do tênis masculino e a receita composta por um tremendo forehand, saque eficiente e movimentação precisa está se tornando sucesso no circuito de hoje. Que o digam os atuais top 10 Jack Draper e Ben Shelton. Os dois estão na casa dos 23 anos e medem 1,93m. Exatamente como a nova sensação Terence Atmane.
O francês chegou a Cincinnati como 136º do ranking e com apenas três ATPs disputados nesta temporada, nos quais a única vitória havia acontecido no saibro de Umag em cima do sérvio Dusan Lajovic, naquele momento 129º do mundo. No ano passado, entrou em Roma, onde marcou sua maior e isolada vitória sobre um top 30, em cima do local Lorenzo Musetti.
Sua carreira até agora foi basicamente montada em cima dos eventos challengers e Atmane acredita que isso o ajudou muito a crescer. “Há pouco tempo li uma entrevista do (Tallon) Griekspoor em que o holandês dizia que cada jogo em nível challenger parece uma final. E é exatamente isso. Tive batalhas duríssimas, todo mundo ali tem muita fome de ganhar. A diferença para o padrão ATP é que você precisa ter intensidade mental por mais tempo, não dar pontos bobo e nem baixar demais o padrão. Não existe grande diferença entre o 50 e o 150 do ranking”.
Pouco conhecido nos grandes torneios – este é seu quinto Masters e disputou apenas três Grand Slam, ainda sem sucesso -, Altame precisou jogar duas partidas no quali de Cincinnati e teve estreia fácil contra Yoshihito Nishioka. O momento crucial veio em seguida, numa partida disputada palmo a palmo contra o número 22 Flavio Cobolli, decidida num apertado tiebreak de terceiro set.
“Você precisa aprender quando enfrenta um adversário de nível tão alto. O que ele faz melhor do que eu?”, explica o francês, que diz não ter segredo no seu jogo que não seja trabalhar muito e manter “hábitos mais saudáveis” fora das quadras. “A questão é aproveitar cada oportunidade para evoluir”.
Atmane em seguida atropelou João Fonseca, numa atuação muito agressiva e de golpes extremamente precisos. Parecia uma noite iluminada, mas então veio a espetacular virada em cima de Taylor Fritz, em que novamente surpreendeu pela capacidade de gerar winners, fazer ótimas transições para a rede e manter a cabeça fria no final de um segundo set tenso que normalmente cairia no colo de um top 4 do ranking.
Ele já havia enfrentado Fritz meses atrás, em Xangai, e dá outro exemplo de como absorve bem as lições: “Em Xangai, deixei que ele jogasse o que quisesse, enquanto agora tentei jogar o meu jogo, sem deixá-lo respirar. Ele é muito sólido e foi difícil para mim manter a intensidade o tempo todo. Mas, se você baixar a guarda, mesmo que um pouquinho, contra esses caras, eles destroem você. No terceiro set, fui com tudo e deu certo”.
O número 9 Holger Rune também não achou uma forma de conter Atmane na noite desta quinta-feira. O saque forçado e o bom trabalho de pernas para usar o máximo o forehand agressivo se misturam à confiança em alta. “Não posso acreditar, nem consegui dormir direito depois de ganhar do Fritz. Não tinha nada a perder e então joguei o mais solto possível”, afirmou ele, ao ganhar 85% dos pontos com o primeiro saque e cravar 21 winners, entre eles sete aces.
Há muita coisa curiosa na história de vida de Atmane. Ele vivia grudado nos videogames, principalmente de tênis, e aos sete anos sua mãe lhe deu uma raquete e o levou à quadra real. Nunca deixou de ver ‘animes’, ler mangás e jogar games, mas também aprendeu truques com cartas de Pokémon – possui uma das maiores coleções conhecidas na França -, o que lhe renderam o apelido de “Mágico”. E foi testado com QI de 158. “Sou do tipo que deixa fluir as emoções, dentro e fora da quadra. E enfim vou ser top 100, minha maior meta. Acho que é efeito do meu novo penteado, cheio de caracóis. Queria ficar mais parecido com o Cristiano Ronaldo”, brinca.
Na verdade, Atmane já disparou no ranking e deve aparecer entre os 70 primeiros. Quem sabe, consiga assim apoiadores. “Estou sem patrocínio no momento, apenas a Tecnifibre me dá raquetes. Em setembro, fui demitido da Asics e passei a comprar roupas e calçados. Não tenho agente ou empresário, faço tudo sozinho”.
Seu próximo e maior desafio será neste sábado contra o número 1 do mundo e atual campeão Jannik Sinner, valendo lugar na final, algo impensável para ele até agora. De qualquer forma, já embolsou US$ 332 mil, 20 mil a mais do que tudo que já havia ganhado desde janeiro. “Caramba, é insano, nunca vi tanto dinheiro”.
Dalcim estou com a impressão a algum tempo que quem ganha do Fonseca vai para as cabeças dos torneios, vamos ver o que o Atmane pode faze contra o número 1.
É só coincidência mesmo e mais uma “lenda urbana” que você criou na sua cabeça…
Não é tão comum assim. Aconteceu com Muller no Rio, Draper em Indian Wells e Fritz em Eastbourne. E só.
O João Fonseca deveria se espelhar neste tenista…
O João Fonseca tem sua própria história e uma pressão na carreira diferente e até exagerada devido à forte exposição. No texto ficou muito claro que Atmane joga sem nenhuma pressão e isso faz uma baita diferença. Porém, se você fosse tenista, o que você preferiria ter: o título do ATP 250 de Buenos Aires ou as semifinais de Cincinnati?
Na verdade, eu preferiria ter os 3 títulos de Roland Garros do excelentíssimo Senhor Gustavo Kuerten, esse sim o maior tenista brasileiro de todos os tempos!!!
título do ATP 250 de Buenos Aires aos 18 anos…
João fazia isso tudo e muito melhor, não é a toa que chegou ao top50. João esta muitos passos a frente dele, João precisa evoluir para além do top50 o Atmane nem chegou ainda, quem dirá se consolidar e permanecer em uma faixa que o João já está.
Sem dúvidas, mas é bom lembrar a diferença de idade entre o Fonseca e o francês… qual era a posição do francês quando ainda tinha 18 pra 19 anos? Galera precisa ter paciência e aguardar o completo amadurecimento do brasileiro!!!
Se espelhar como? Envelhecendo quatro anos? Não tem como comparar os dois, são momentos de carreira completamente diferentes.
Dalcim, se o Fonseca foi atropelado pelo Atmane, então o Rune foi triturado, afinal contra Fonseca foi 6/3, 6/4 e contra Rune foi 6/2, 6/3.
O meu principal destaque no que foi dito pelo Auto-Imune é: “Não existe grande diferença entre o 50 e o 150 do ranking”… Quando uma grande quantidade de tenistas nesta faixa de ranking são talentosos, tudo é questão de momento, treino, foco, dedicação e também ficar livre de lesões… A diferença entre eles gira em quanto tempo estes tenistas são capazes de manter esses bons momentos… O Auto-Imune está tendo seu “bom momento” agora, isto não quer dizer que em outros torneios esses resultados se repetirão, afinal de contas há dezenas de tenistas nesta faixa de ranking também querendo e buscando “seus bons momentos”…
Dalncim,
Lembra do Thomas Belucci? A empunhadura bem “virada” do Forehand do francês é igualzinha à do Thomas Belucci.
Além disso, chama muito atenção o nível de intensidade e movimentação do Francês.
Gostei MT do estilo de jogo desse francês, joga com tudo, com se nao houvesse amanhã, porém sábado o cacife sobe pra caramba, vou torcer pra ele, mas vai ser difícil (quase impossível), agora se ele por um acaso ganhar do sinner, pode dar o título pra ele
Não, pois caso ele elimine o Sinner, ele pode pegar Caaaaalos o Ungido, que muitos consideram totalmente imbatível.
Ok, eu sei que boa parte das críticas continuam válidas mas, de repente, a derrota do João não tá envelhecendo tão mau.
Noooossa, vai dá pá comprá “umas pá” de figurinha de Pokemóm. Até as mais raras.l no Ebay.
Talvez dê até para atingir o primeiro no ranking das maiores coleções de figurinhas de pomemóm da França com esse prêmio
Quanto ao jogo contra o João Fonseca, o peixe caiu na direitinho na “Rede do Atmane”. Que Juvenil! Principalmente por falta de Plano A (bater mais e mais e depois muito mais forte não pode ser considerado plano de jogo). Isso é o mesmo que fazia nosso antigo primeiro do ranking nacional ao dizer que batia forte pois tinha vontade de furar o adversário.
Assisti o primeiro set contra o Rune e realmente o Atmane atropelou. Vamos ver como se comportará contra o Sinner e tambem nos proximos torneios, onde com certeza será mais “estudado” pelos seus adversários.