Iga fica ainda mais completa

Foto: Thomas Lovelock/AELTC

Melhor saibrista do circuito atual, a polonesa Iga Swiatek pouco a pouco mostra que também pode se dar bem em qualquer piso. Ela já mostrou o primeiro importante sinal desse progresso de versatilidade no US Open de 2022, depois faturou o Finals da temporada seguinte e no ano passado ganhou Doha e Indian Wells antes de reinar na terra novamente.

Começou em janeiro com sua segunda semifinal no Australian Open, o que parecia indicar outro grande ano para a polonesa, mas então veio uma série de tropeços no saibro que colocaram dúvida se a troca de treinador, de Tomasz Wiktorowski para Wim Fissette, iria realmente lhe dar evolução no saque e maior variedade tática. De fato, foram momentos em que era evidente que as mudanças haviam tirado sua confiança, o que não é de todo anormal.

Assim, conquistar Wimbledon significa uma reviravolta e afirmação importantes para Swiatek e seu time. A campanha toda foi marcada por uma conduta proativa em quadra. Perdeu seu único set na segunda rodada, mas daí em diante sobrou. Deu surras em Danielle Collins, Clara Tauson e Belinda Bencic e passou com poucos sustos por Liudmila Samsonova.

Completou a mágica campanha com impensável ‘bicicleta’ na decisão diante de uma nervosíssima Amanda Anisimova. Foi o primeiro duplo 6/0 numa final ocorrida na história desta Quadra Central, já que a outra aconteceu em 1911, quando a sede do Club era a quatro quilômetros dali, na Worple Road. Nos Slam da Era Profissional, só havia acontecido em Roland Garros de 1988, de Steffi Graf em cima de Natasha Zvereva, então tão assustada quanto Anisimova.

Iga se torna apenas a sétima tenista a ganhar Slam em três pisos diferentes, juntando-se a Martina Navratilova, Chris Evert, Steffi Graf, Serena Williams, Maria Sharapova e Ashley Barty. Embora tenham mais títulos, Margaret Court e Billie Jean King não venceram na quadra dura, enquanto faltou Wimbledon a Monica Seles e Justine Henin e Roland Garros para Martina Hingis. Ao mesmo tempo, mantém o tabu positivo de vitória em todas as finais de Slam que atingiu até agora.

A conquista de Wimbledon também recoloca Iga Swiatek no top 3 do ranking, depois de sua queda devido às campanhas menos bem sucedidas no saibro. Nesta segunda-feira, ela aparecerá apenas 856 pontos atrás de Coco Gauff, mas obviamente distante de pensar numa briga direta com Aryna Sabalenka. Isso poderá acontecer mais no final da temporada, já que no ranking que considera pontos desde janeiro a vantagem da bielorrussa para a polonesa, agora segunda colocada, caiu para 1.412.

Quanto à Anisimova, o melhor caminho é esquecer o que aconteceu neste sábado, em que os nervos à flor da pele não a deixaram jogar. O primeiro saque não entrou, a pressa tomou conta e as poucas brechas que Swiatek lhe deram foram desperdiçadas por total falta de confiança. Para ter chance, ela precisaria jogar solta e sem medo, mas foi tudo ao contrário. Importante para a norte-americana será avaliar a campanha como um todo, a ascensão inédita ao sexto lugar do ranking e a certeza de que atingiu qualidade técnica para brigar por grandes troféus. Agora, é ganhar ‘casca’.

Outra história final?

Pelo segundo Slam consecutivo, os dois líderes do ranking estão na final. Jannik Sinner e Carlos Alcaraz sacramentam assim o que era esperado: o domínio dos principais títulos do circuito. Este já será o sétimo Slam consecutivo a ser vencido por um ou por outro. Os mesmos jogadores não decidiam Roland Garros e Wimbledon seguidamente desde Federer e Nadal entre 2006 e 2008, então um feito único na Era Aberta.

Alcaraz entra em quadra para ser o quinto homem a ganhar três títulos consecutivos em Wimbledon, como fizeram Borg, Sampras, Federer e Djokovic, e ser o segundo depois de Borg a fazer dobradinha Paris-Londres por duas vezes seguidas (o sueco obteve três). Aos 22 anos e 69 dias, também pode ser o segundo mais jovem a ganhar seus seis primeiros Slam, superado por Borg numa questão de apenas 37 dias. Se atingir o sexto Slam, se igualará a Becker e Edberg.

Sinner ficou para trás na corrida dos troféus de Slam e permanece com três, todos em quadra dura. Com as ótimas campanha em Roland Garros e em Wimbledon, mostrou competência também fora da quadra dura e assim passa a figurar na estrita lista dos 11 profissionais a disputar todas as finais de Slam. E, ao atingir a quarta consecutiva, repete Laver, Agassi, Federer, Nadal e Djokovic. Em caso de quatro título, empata com Courier e Vilas e fica só um atrás de Alcaraz.

Símbolo absoluto dos novos tempos, esta será a primeira final masculina de Wimbledon sem um tenista nascido na década de 1980 desde Goran Ivanisevic, em 2001. Aliás, com a decisão feminina tão jovem este é o primeiro Slam em que todos os finalistas nasceram no século 21.

Depois do jogo espetacular em Roland Garros, já tido por muitos como a melhor final de Slam de todos os tempos, o que esperar do reencontro? Não resta dúvida que Alcaraz é o favorito por ter muito mais currículo sobre a grama, além de 8 a 4 no geral dos confrontos, sendo cinco consecutivos desde que perdeu para Sinner na semi de Pequim em outubro de 2023. Também lidera em finais, por 3 a 1. Fato relevante, Alcaraz ganhou 14 dos 15 jogos que chegaram ao quinto set, enquanto Sinner tem saldo negativo, de 6 em 16.

O italiano confessou ter perdido noites de sono com a incrível virada que permitiu ao espanhol no saibro de Paris, quando esteve tão perto do título. O quanto isso irá influenciar é a pergunta mais óbvia. Uma coisa me parece evidente: como Alcaraz tem repertório maior de golpes, caberá ao italiano buscar um jogo mais ofensivo, que mantenha o adversário pregado na linha de base e sem tempo de buscar as variações que lhe são peculiares.

E você? Diga aí quem vence.

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João
João
5 horas atrás

Achei que o circuito feminino não estivesse num nivel tão baixo como o másculo mas me enganei.

Jonas
Jonas
5 horas atrás
Responder para  João

Nível do masculino é absurdo.

No feminino é isso aí… Iga é fenomenal, mas esses dias estava levando um pneu em Roland Garros. As meninas oscilam demais e por isso não acho tão atrativo de assistir.

Acho que se a Iga mantiver um bom serviço e ir fazendo os ajustes certos, vai vencer mais uns 15 Slams e eu torço por isso.

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
3 horas atrás
Responder para  Jonas

As meninas oscilam demais, Mestre Jonas???. Iga Swiatek já aos 24 , TOP 7 da história, com 145 semanas ; Sabalenka aos 27 , TOP 15 com 37 semanas ( a frente de Vênus, Klijster, Sharapova e CIA ) , tá bom pra ti ? rs. Abs !

Jonas
Jonas
2 horas atrás
Responder para  Sérgio Ribeiro

Meninas (plural), estou falando de outras tenistas, entendeu? Olha o nervosismo da Anisimova hoje… no feminino é assim. Tem quem goste mas acho que não fica atrativo sabe.

Tribunal de Wimbledon
Tribunal de Wimbledon
5 horas atrás

Grande campanha e recuperação de Iga, depois de tantas críticas e oscilações conseguiu retomar seu bom jogo. Amanhã Alcaraz é favorito, mas acredito na vitória de Sinner por 3×2. Vitória de Sinner também seria sua redenção, depois da suspensão que sofreu.

Rafael Azevedo
Rafael Azevedo
5 horas atrás

Essa Iga é um absurdo. Quando atinge o seu máximo é imbatível. A melhor!
Muito acima das demais.
A rainha dos pneus!

Tribunal de Wimbledon
Tribunal de Wimbledon
4 horas atrás
Responder para  Rafael Azevedo

Rainha das bikes também!

Maurício Sabbag
Maurício Sabbag
5 horas atrás

A Anisimova saiu de quadra perguntando se alguém saberia informar qual o rumo da casa dela. Mas acontece.
O lado mental é fundamental no tênis.

Rodrigo S. Cruz
Rodrigo S. Cruz
5 horas atrás

Meu Deus, que horror!

Agora que eu fui ver kkkkk

Anisimova conseguiu a proeza de levar uma “bicicleta” pra casa.

Putz, deve ter saído de quadra envergonhada…

Luiz Fernando
Luiz Fernando
5 horas atrás

Alcaraz 31…

Emilio Rossetti Pacheco
Emilio Rossetti Pacheco
4 horas atrás

Dalcim, a Iga, apesar de ter o carisma de um médico legista, movimenta-se como um raio e acho que nem Arina teria chance nessa final. Qual seu palpite para amanhã? O italiano tem bola para ganhar, mas eu acho que só terá uma chance se mudar um pouco de tática e ir para a rede. É muito difícil ficar no fundo contra o espanhol, pois ele é imprevisível.

Julio Marinho
Julio Marinho
4 horas atrás

Muita gente deu a Iga como estagnada. Eu andava argumentando que jogar sem confiança é muito difícil. E acho que ela retomou a confiança depois da vitória sobre Rybakina nas 8as de RG, um tipo de jogo que muda a chave. Já era a Iga antiga. Ela tem muito tipo de campeã. Sim, um jogo que não encanta muito, mas no tênis feminino, esssa capacidade de mexer a bola e ser rápida de pernas dão muitos frutos.
Em tempo, Dalcim, Iga fez semifinal na Austrália.

Abraço!

Berg
Berg
4 horas atrás

De vez em quando tem esses absurdos no tênis feminino. A Iga devia reinar no circuito, tem de longe o mel tenista. Porém a atual número 1 reflete bem o que é o tenis feminino: Uma rainha com dificuldade de ganhar as grandes coroas. Sabalenka é muita irregular e nas finais de Major pipoca muito. Iga por sua vez, quando chegar lá, dificilmente perde.

Marco Aurelio
Marco Aurelio
4 horas atrás

Sinner Campeão!!!!!

Rodrigues!!!
Rodrigues!!!
3 horas atrás

Final feminina um vexame!

Para o colega que citou as derrotas para Robredo e Nilman como um vexame para Federer, o que dizer das derrotas para Chung e Istomim no seu slam favorito?!?! hahahahah E olha que o sérvio tinha pouco 30 anos…

Jonas
Jonas
2 horas atrás
Responder para  Rodrigues!!!

Acho que fui eu. Vexame todo tenista em alto nível passa. Alcaraz esses dias perdeu para Botic em Slam e pro Goffin em Miami.

Mas você fugiu do contexto, como de costume. Eu fiz uma comparação do Federer com o Djokovic aos 38 anos e o óbvio precisa ser dito: em Slam o Federer perdia para Millman, Tsitsipas e Dimitrov, enquanto Djokovic tem perdido para Sinner ou Alcaraz, dois tenistas excepcionais.

E veja que é normal, com quase 40 anos é muito fora da curva um tenista se manter competitivo, tanto que a última chance real do Federer foi em Wb 2019, aos 37 anos. Próxima.

Rodrigues!!!
Rodrigues!!!
1 hora atrás
Responder para  Jonas

O colega já respondeu abaixo… Perdeu para o Popyrin no último U.s Open, o que já desmente vc que disse que ele só perde para Alcaraz e Sinner em slam. Ops, perdeu esse ano também! Perdeu para Zverev…. Perdeu o primeiro set e desistiu quando sabia que seria 3×0…. Pelo visto tu não pensou direito antes de escrever…. Vamos aguardar o próximo slam só pra conferir..

Ma Long
Ma Long
2 horas atrás
Responder para  Rodrigues!!!

Nem precisa ir tão longe. No último US Open o cidadão foi eliminado pro Popyrin. Tem um cardápio vasto de vexames.

Jonas
Jonas
2 horas atrás
Responder para  Ma Long

Vai me desculpar, mas nada se compara ao Millman no US Open 2018. Federer tinha uns 37 anos também. Ah, teve um ucraniano que bateu Federer em Wimbledon 2013 também, bizarro… teve o Robredo…

Mas é aquilo, tenista bom também tem seus dias horríveis.

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
3 horas atrás

Perfeccionista,Iga Swiatek ( TOP 7 na história com 145 Semanas, com apenas 24 anos), resolveu durante a suspensão, mudança radical em seu Staff. No dia 17/10/24 , anunciou o Treinador Belga Wim Fissette , o mesmo de Ex 5 N 1 ( Klijster, Azarenka, Hallep, Kerber, Osaka ) , até então , somente foi pupila de Técnico Polonês. Fez Semi no AOPEN e Semi em RG 2025. Ex Campeã de Wimbledon Juvenil, Wim a convenceu a disputar o preparatório WTA 500 de bad homburg ( somente cedeu Sets na Final contra Pegula ) . Melhorou incrivelmente : Serviço, devolução , Forehand…e com isso a confiança. Aproveitou o quique mais alto , e soltou o braço no ” Saibro Verde”. Definitivamente Fissette chamou de volta a grande Campeã!!!. PS: Dos seus 10 WTA 1000 , 6 nas duras , 4 no Saibro. Abs !

Samuel, o Samuca
Samuel, o Samuca
1 hora atrás
Responder para  Sérgio Ribeiro

Acredito que são 125 semanas.

Jmsa
Jmsa
3 horas atrás

Vou fazer uma previsão aqui e me cobrem depois ,o alcaraz vai atropelar o sinner amanhã,vai fazer a mesma coisa que fez com o Djokovic ano passado .

Maria Alice Mendes Souza Santo
Maria Alice Mendes Souza Santo
2 horas atrás

O tenis feminino é ridículo. Devia receber metade do masculino

Maurício Sabbag
Maurício Sabbag
1 hora atrás

Não, porque elas pagam o mesmo pro fisioterapeuta, psicólogo, técnico, transporte, hospedagem em alguns eventos… E muitas com menos de 18 precisam ser acompanhadas por algum familiar.
Premiação menor, menos meninas jogando, menos competitividade.
Então essa igualdade é pra quebrar esse círculo vicioso.
Justo uma mulher escrevendo isso… baseando-se num único jogo.
Por que não escreveu isso na semi entre a Sabalenka e Anisimova, um jogaço?
Ah, e é a primeira vez que vejo seu nome aqui. Suspeito que seja um nick de algum homem pra tentar dar + peso ao comentário.
Pronto, falei.

Maurício Sabbag
Maurício Sabbag
2 horas atrás

Estava aqui pensando com meus botões.
O Djokovic disse depois da semi de Roland Garros que não sabia se voltaria ano que vem. Agora diz que quer jogar na quadra central de Wimbledon ao menos + 1 vez.
Confirmando-se o que ele diz, ano que vem ele não joga RG e perde os pontos da semi; daí fatalmente sairá entre os 8 primeiros e quando chegar Wimbledon, poderá enfrentar os líderes do ‘ranking’ já logo na terceira rodada. Isso num cenário otimista, considerando-se que em janeiro próximo ele vai ao menos defender pontos da semi do Australian Open deste ano.
Então, eu não faria isso de pular RG se fosse ele.
Em tempo: fazendo umas contas assim meio por cima, acho que ele não sai do sexto lugar no momento, porque os que vem atrás não tiveram competência pra ultrapassar a sua pontuação, mesmo perdendo os pontos de vice de WBdo ano passado

Última edição 2 horas atrás by Maurício Sabbag
Jonas
Jonas
2 horas atrás
Responder para  Maurício Sabbag

Acho até melhor, já que ele decidiu mesmo jogar aos 39 (paciência). É melhor pegar esses caras mais cedo do que morto na final, mas ainda assim acho difícil para o GOAT, falta físico.

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
1 hora atrás
Responder para  Maurício Sabbag

Ainda perdes tempo com as entrevistas de Novak Djokovic, caro Maurício ? . Chegou pra imprensa Sérvia ( três semanas atrás) , e disse que joga até às próximas Olimpíadas… Antes, disse que sua maior motivação são os SLAM… Admitiu no pós jogo , que sente o ” tanque meio vazio” em 5 Sets contra Sinner e Alcaraz… Na boa , a idade chega pra todos e derrotas contundentes, nunca foi a do Sérvio. Ainda mais se as lesões são verdadeiras… Ele vai pular muita coisa , e a tendência é que caia mais no Ranking. Vem se mantendo no TOP 6 , mais pela incompetência do TOP 10 atual. Sétimo SLAM consecutivo nas mãos do N 1 e N 2 , que tal ? . Abs !

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
2 horas atrás

Bem ,depois da lesão no cotovelo de cara , e perdendo de 0 x 2 para Dimitrov jogando o fino , ao escapar do pior com a lesão do Búlgaro, Sinner provou contra ” goat ” , que tudo é lucro. Deu um bico no tal h2h negativo na superfície, e botou a bolinha pra andar sem medo de ser feliz. Espero esta mesma postura, contra o atual melhor jogador na Grama Sagrada. Carlos Alcaraz vai precisar usar todo seu vasto arsenal pra derrotar N 1 do Mundo. Acho que repetem 5 Sets , com favoritismo mínimo para Tourinho Assassino rs. Abs !

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
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