Fonseca aparece como favorito diante de Davidovich

Com atuação de tenista muito grande, João Fonseca se classificou neste sábado para decidir o ATP 500 da Basileia, sua segunda final de peso da precoce temporada como jogador de elite. Tentará o mais importante título de simples do tênis nacional desde que Guga Kuerten ganhou o Masters de Cincinnati, em 2001. Ele é também o primeiro brasileiro a decidir um 500, já que a nomenclatura só foi adotada pela ATP em 2009.

O duelo contra o espanhol Jaume Munar foi mais uma demonstração de força e cabeça forte, mas para mim o grande destaque esteve na capacidade defensiva do carioca, que era um dos elementos mais instáveis do seu amplo arsenal. Munar exigiu muito, devido à profundidade de suas bolas, mas raramente encontrou facilidade. E o ponto que deu o match-point a Fonseca foi o perfeito exemplo do que se viu na partida, ao alcançar um voleio curto que outrora seria mortal.

A partida teve alto nível técnico com a batalha de golpes de base, muitos serviços pesados e bem colocados, ambos atentos à necessidade de concluir junto à rede sempre que fosse possível cortar o tempo do adversário. Assim, o primeiro set se decidiu em poucos pontos e num tiebreak impecável do brasileiro.

Munar seguiu compenetrado, chegou a abrir 4/2 e parecia difícil impedir o terceiro set. Mas aí o espanhol falhou na parte mental, com escolhas ruins, permitiu que João recuperasse o placar e toda sua confiança e aí foi mais um desfile de golpes ousados e precisos, que totalizaram 40 winners.

Com o excepcional resultado, Fonseca chega a 34 vitórias em 50 jogos feitos na temporada, sendo 21-14 de ATP, 10-1 em challengers, 2-1 na Copa Davis e 1-0 na Laver Cup. Começou como 145º do mundo e será pelo menos 34º nesta segunda-feira. Em caso de título, subirá para 27º e cumprirá a meta de ser cabeça de chave no Australian Open, torneio que precisou disputar o quali neste ano.

Fonseca reencontrará o também espanhol Alejandro Davidovich Fokina, 18º do ranking, às 11h30 deste domingo na condição de ligeiro favoritismo, e isso em todas as bolsas das incontáveis casas de apostas atuais. Acredito que o fator com maior peso seja o fato de Davidovich ter perdido todas suas quatro finais de ATP (Delray, Acapulco, Monte Carlo e Washington), a mais recente delas com três match-points a favor.

Para mim, também é um interessante tira-teima de Cincinnati, única vez em que os dois já se cruzaram. O espanhol tinha 7/6 e 4/0, como vocês devem se lembrar, mas se perdeu repentinamente, tomou cinco games seguidos e saiu de quadra alegando esgotamento. Claro que é um tenista cheio de predicados técnicos, dono de golpes tão poderosos como os do brasileiro, mas com conhecida instabilidade emocional.

Na semifinal deste sábado, Davidovich escapou de set-point antes de ganhar o tiebreak do primeiro set e então ver o canhoto francês Ugo Humbert desistir, com incômodo no quadril. Aliás, este torneio da Basileia tem visto um festival de abandonos nestas rodadas decisivas.

Em sua trajetória ascendente contínua, Fonseca marcou neste sábado sua 18ª vitória em 29 confrontos diante de adversário de nível top 50. Na decisão, tentará a quinta em 11 partidas frente a top 20. As vitórias anteriores foram sobre Arthur Fils, Andrey Rublev, Humbert e Davidovich. A classificação sobre Jakub Mensik, nas oitavas de final, não é computada porque o tcheco não entrou em quadra.

E mais

– Sinner se impôs em Viena sobre De Minaur pela 12ª vez e fará a oitava final da temporada e a sétima desde a volta da suspensão, em busca do quarto título do ano e o 22º da carreira.
– Ele enfrentará Zverev, que tem 4 a 3 nos duelos diretos, mas perdeu os dois mais recentes. Sascha não permitiu break-points e enfim voltou a ganhar de Musetti.
– Sem surpresa, Rybakina desistiu de jogar a semi de Tóquio para se poupar e assim Noskova fará a sexta final da carreira contra Bencic, que busca segundo título desde que se tornou mãe.
– Excelente vitória de Stefani e Babos para avançarem à decisão de Tóquio, com virada em cima de Townsend e Perez. A dupla da brasileira soma agora cinco finais e tenta o quarto título antes de ir para o WTA Finals.
– Agora um raro Masters 1000 com chave de apenas 64 participantes, Paris acaba tendo um dos mais fortes qualis da temporada, a ponto de seus oito principais cabeças figurarem entre os 65 do ranking. Zandschulp, Korda, Mannarino e Opelka estão na rodada decisiva.