Entrevista por Clarissa Veneziani, de Melbourne
Colaboração de Mário Sérgio Cruz
Classificada para as quartas de final de duplas femininas do Australian Open pela primeira vez na carreira, Luísa Stefani sobreviveu a uma partida de altos e baixos nesta segunda-feira em Melbourne. Stefani e sua parceria holandesa Demi Schuurs salvaram quatro match-points na vitória sobre a norte-americana Desirae Krawczyk e a japonesa Ena Shibahara por 7/5, 2/6 e 7/6 (10-6). Após sair de quadra, ela falou a TenisBrasil e classificou a partida como “uma montanha russa de emoções” e destacou o fato de ter conseguido se manter positiva o tempo todo.
A brasileira e holandesa estavam perdendo o último set por 5/2 e conseguiram reagir no placar: “Foi uma montanha russa de nível e de emoções. A gente conhece muito bem as adversárias, uma delas [Krawczyk] era ex-parceira da Demi. Então tem um fator emocional, de conhecer demais o jogo da outra pessoa”, disse Stefani, a atual número 20 do ranking entre as especialistas em duplas.
“A gente seguiu tentando, mesmo não estando muito firmes no nosso jogo. Mas foi o que eu falei para a Demi: ‘Não temos nada a perder, elas que têm a pressão de fechar o jogo’. Fomos segurando o nosso saque e as obrigamos a fechar no saque delas, não deu outra! O tiebreak poderia ir para qualquer lado, mas jogamos muito melhor no final”, acrescentou a paulistana de 26 anos, que busca sua terceira semifinal de Slam nas duplas femininas. Ela também tem um título de duplas mistas no ano passado em Melbourne, ao lado de Rafael Matos.
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As próximas adversárias serão a belga Elise Mertens e a taiwanesa Su-Wei Hsieh, cabeças de chave 2 e campeãs de Wimbledon em 2021. “Elas já foram campeãs de Grand Slam juntas. Vamos jogar nosso jogo e ir pra cima. Agora é buscar melhorar nosso jogo. É nossa primeira vez jogando juntas, então ainda existem coisas a serem melhoradas. Vamos buscar caprichar na próxima rodada”.
Confira a entrevista com Luísa Stefani.
Em primeiro lugar, gostaria que você falasse sobre a vitória de hoje:
Foi uma montanha russa de nível e de emoções. A gente conhece muito bem as adversárias, uma delas [Krawczyk] era ex-parceira da Demi. Então tem um fator emocional, de conhecer demais o jogo da outra pessoa. Acho que sentimos um pouco hoje, mas começamos melhor que elas. No primeiro set, minha parceira estava mais nervosa, mas segurei bem a onda.
No começo do segundo set, deixamos que elas voltassem para o jogo. Ganharam confiança desde o primeiro game e o momento foi para o lado delas. Baixamos bem a energia, tudo começou a funcionar para elas e a gente se enrolou. Estávamos um pouco frustradas e não precisava. No terceiro, elas quebraram logo no começo e abriram 4/1. A gente seguiu tentando, mesmo não estando muito firmes no nosso jogo, enquanto elas jogavam bola no pé, davam lobs e variavam bastante. Mas foi o que eu falei para a Demi: ‘Não temos nada a perder, elas que têm a pressão de fechar o jogo’. Fomos segurando o nosso saque e as obrigamos a fechar no saque delas, não deu outra!
Salvamos dois match-points no saque da minha parceira no 5/3, com 15-40. Jogamos dois pontos muito sólidos, fechando a rede. É o que a gente faz de melhor e a Demi voleou muito bem naqueles pontos. A gente cresceu no jogo, fizemos a Shibahara sacar para fechar. Fizemos boas devoluções e sabíamos que ela iria sentir. Fomos sobrevivendo a cada ponto. O tiebreak poderia ir para qualquer lado, mas abrimos boa vantagem e jogamos bons pontos para fechar com mais coragem. Jogamos muito melhor no final e chegamos à vitória.
Como você faz para se manter tão positiva em quadra?
Eu confio muito na gente, no jogo e no que a gente tem que fazer. Sabia que algumas coisas não estavam dando certo, mas a pressão estava com elas. A gente não tinha nada a perder. Isso me ajudou a tirar o peso. E também eu amo jogar aqui. Esse torneio é o meu xodó e eu não queria perder. Foi o que eu falei para a Demi, a gente tem que fazer o nosso. Se perdermos, é porque elas jogaram muito. Desde o 4/1 comecei a me centrar mais, se elas fizessem ponto, mérito delas.
Aquela parada no meio do terceiro set [quando Krawczyk recebeu atendimento médico no vestiário] foi um ponto de virada para vocês?
Acho que o momento era mais delas e deu uma quebrada no ritmo. Mas mesmo assim, elas começaram quebrando, fizeram 5/2. Não sei se foi essencial, ela precisava de físio. Eu amo esses momentos, é uma das partes mais divertidas do tênis, você fica super tensa, mas é a melhor parte do jogo. Às vezes quando eu vejo que vai para o tiebreak do terceiro ou do quinto set, e eu não estou assistindo o jogo, eu ligo para acompanhar. É a melhor parte. A torcida está tensa, as meninas estão tensas, eu amo esse tipo de jogo.
Este ano, você está com uma nova parceria. O que é o mais importante para formar uma dupla, estilo de jogo ou personalidade?
Ano passado acabei mudando muito de duplas e não fechando uma parceria fixa. Eu queria alguém fixo, conversamos no final do ano e ela iria trocar de parceria. A gente se deu super bem fora da quadra e nos comprometemos para fazer esse ano juntas.
Ela é uma pessoa muito tranquila fora da quadra e me ajuda muito, traz uma leveza e uma paixão pelo tênis muito legal. A gente se dá bem para conversar, é uma companhia e amizade muito legal da quadra, porque falamos sobre vários assuntos. Em jogos assim, é bom você ganhar pela pessoa que está do seu lado.
E de jogo, ela tem uma mão incrível e tem um estilo que eu gosto muito. A gente joga parecido e somos muito fortes juntas. Não é um time que se complementa tanto, com uma ficando no fundo e a outra cuidando da rede, como já fiz muito no ano passado, assim como ela. Mas é legal jogar assim também.
O que esperar do próximo jogo contra a Mertens e a Hsieh?
Elas já foram campeãs de Grand Slam juntas. Vamos jogar nosso jogo e ir pra cima. Agora é buscar melhorar nosso jogo. É nossa primeira vez jogando juntas, então ainda existem coisas a serem melhoradas. Vamos buscar caprichar na próxima rodada.
E o que você mais gosta de Melbourne?
Eu amo as pessoas e a energia, além do clima. Apesar de não estar com um clima de verão este ano. Sunkeeda é uma boa praia para ver o por do sol, a galera correndo e fazendo piquenique. Tem um monte de restaurante vegano, eu gosto da galera. Acho muito simpáticos. A torcida ama esportes, você vê tênis em todos os lugares, nos restaurantes, no McDonalds. Todo lugar tem tênis, isso é muito legal.
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