Feitos históricos e o quadro de medalhas do tênis em Paris

Foto: ITF

Por Matheus Dalcim
Da redação

Mais do que qualquer outro evento esportivo, os Jogos Olímpicos são capazes de promover histórias que ficam para a eternidade, e desta vez não foi diferente. Com o fim do torneio de tênis no último domingo em Paris, diferentes jogadores protagonizaram feitos inesquecíveis tanto para seus países quanto para o esporte em geral.

Da emocionante e tão sonhada conquista de Novak Djokovic à surpreendente vitória de Qinwen Zheng, houve quebras de marcas de precocidade, fim de um longo jejum de medalhas de um país e até uma importante vitória para o tênis brasileiro.

Golden Slam em dobro

A grande história do tênis nestes Jogos Olímpicos, e provavelmente uma das maiores de toda essa edição do evento, é sem dúvida alguma o título de Novak Djokovic. Afinal, a conquista do sérvio contém diversas camadas que agigantam ainda mais o seu feito no último domingo na Philippe Chatrier.

Aos 37 anos e 74 dias de idade, Nole se tornou o mais velho campeão do tênis olímpico na Era Profissional, ou seja, desde que a modalidade foi reintegrada pelo COI em Seul-1988. Mais importante que isso, o sérvio enfim faturou o único título que lhe faltava na carreira, completando o Golden Slam. Com isso, entra para um seleto grupo que conta ainda com Steffi Graf, Andre Agassi, Rafael Nadal e Serena Williams.

Por falar em Golden Slam, a italiana Sara Errani também completou a lista de conquistas nos quatro Grand Slam e Jogos Olímpicos, mas na chave de duplas femininas. Ao lado de Jasmine Paolini, ela faturou o primeiro ouro da história da Itália no tênis, coroando um momento excepcional do país no circuito que não se restringe a um tipo de prova, piso ou gênero.

Fim de tabu centenário

Para reforçar o momento italiano, Lorenzo Musetti foi o responsável por trazer a segunda medalha da história do tênis masculino do país em todos os tempos, exatamente um século depois de Umberto de Morpurgo ser bronze nas simples em Paris-1924. O terceiro lugar do tenista de 22 anos foi uma grata surpresa para a Itália, que dias antes das Olimpíadas perdeu seu principal jogador, o número 1 do mundo Jannik Sinner, que alegou doença.

Medalhas inéditas

No quesito ineditismo, os Jogos de Paris foram repletos de novidades. Único medalhista da história da Sérvia no tênis, Djokovic agora tem um ouro e outro bronze, este conquistado na já distante edição de Pequim-2008. Por sua vez, Qinwen Zheng se tornou a primeira tenista chinesa da história, entre homens e mulheres, a alcançar uma final olímpica nas simples, terminando com um título histórico depois de eliminar a toda poderosa Iga Swiatek na semifinal e bater a croata Donna Vekic na decisão.

Também pela China, Zhizhen Zhang se tornou o primeiro homem do país a subir no pódio, com a prata nas mistas ao lado de Xinyu Wang. Antes, o tênis chinês tinha um ouro e um bronze nas duplas femininas, com Ting Li e Tian-Tian em Atenas-2004 e com Zi Yan e Jie Zheng em Pequim-2008, respectivamente.

Outrora a grande favorita para o título individual entre as mulheres, Swiatek precisou se contentar com o terceiro lugar, mas ao menos garantiu a primeira medalha da história da Polônia na modalidade. Completando essa lista, Gabriela Dabrowski se tornou a primeira mulher canadense a conquistar uma medalha no tênis, faturando o bronze nas mistas com Félix Auger-Aliassime. Até então, o Canadá possuía “apenas” o ouro de Sebastien Lareau e Daniel Nestor nas duplas masculinas em Sydney-2000.

Marcas de precocidade

Os Jogos de Paris também poderão ser lembrados pela consagração da nova geração do tênis. Cada vez mais consolidado como um dos grandes nomes do circuito atual e cotado para fazer ainda mais história no futuro, Carlos Alcaraz se tornou, aos 21 anos e 91 dias, o mais jovem finalista do tênis olímpico masculino em todos os tempos.

O recorde anterior pertencia ao norte-americano Vincent Richards, que há um século exato conquistou o ouro na edição de Paris-1924, com 21 anos e 123 dias de idade. Na Era Profissional, o dono dessa marca era o suíço Marc Rosset, que faturou o título em Barcelona-1992 quando tinha 21 anos e 275 dias.

Além do espanhol, a russa Mirra Andreeva foi ainda mais precoce e, com a prata nas duplas femininas, se tornou a segunda mais jovem finalista da modalidade em Olimpíadas, considerando todas as provas e gêneros. Aos 17 anos e 98 dias, ela só fica atrás da norte-americana Jennifer Capriati, que em Barcelona-1992 faturou a medalha de ouro no torneio individual, então com 16 anos e 132 dias de idade.

Bia não vai longe, mas entra para a história

Apesar de mais uma vez não conseguir desempenhar seu melhor tênis e cair ainda na segunda rodada, a paulista Beatriz Haddad Maia ao menos saiu da capital francesa com um importante feito para o tênis feminino brasileiro. Ela foi apenas a segunda mulher do país a vencer uma partida de simples nos Jogos Olímpicos, 36 anos após o triunfo de Gisele Miró na estreia em Seul-1988. Assim como Bia, ela caiu na fase seguinte.

Além delas, apenas outras duas brasileiras já disputaram a prova individual em Olimpíadas, sendo que Andrea Vieira e Teliana Pereira foram eliminadas ainda na rodada inaugural em Barcelona-1992 e no Rio-2016, respectivamente. Em Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008, Londres-2012 e Tóquio-2020, o Brasil sequer teve representantes na chave feminina de simples.

Quadro de medalhas

Quando o assunto é pódio, a China foi a grande vencedora dos Jogos Olímpicos de Paris no tênis, saindo da capital francesa com um ouro e uma prata. Logo atrás, a Itália faturou um ouro e um bronze, enquanto a Austrália, República Tcheca e Sérvia terminaram com um ouro cada. Ao todo, dez país faturam medalhas nesta edição, sendo que o segundo lugar de Mirra Andreeva e Diana Shnaider nas duplas femininas não foi contabilizado para nenhuma nação, uma vez que elas atuaram como atletas individuais neutras. Confira o quadro completo:

1. China – 1 ouro e 1 prata
2. Itália – 1 ouro e 1 bronze
3. Sérvia – 1 ouro
Austrália – 1 ouro
República Tcheca – 1 ouro
6. Espanha – 1 prata e 1 bronze
Estados Unidos – 1 prata e 1 bronze
8. Croácia – 1 prata
9. Polônia – 1 bronze
Canadá – 1 bronze

10 Comentários
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Luiz Fabriciano
Luiz Fabriciano
3 meses atrás

Essa de o atleta competir sem representar seu país é o maior me engana-que-eu-gosto da história.
As olimpíadas são jogos entre nações. Como pode uma atleta competir de forma autônoma?

Marcelo Reis
Marcelo Reis
3 meses atrás
Responder para  Luiz Fabriciano

Acho que tu sabe, mas o COI baniu a Rússia e a Bielorrússia de participarem devido à guerra na Ucrânia. Agora veja: Israel já matou umas 40 mil pessoas em Gaza e está nas Olimpíadas de boas. E os EUA, que já mataram milhões em nome de uma suposta paz/guerra ao terror, e que financiam Israel, não são banidos do evento. Preciso dizer mais?

Enfim … essa galera entra como “apátrida”, competem sem bandeira mesmo.

Fabio
Fabio
3 meses atrás
Responder para  Marcelo Reis

E os milhares que o Hamas e outros grupos terroristas palestinos matam todos os dias? Israel é a única democracia do Oriente Médio e não começou essa violência, apenas revidou, foi com força exagerada? Pode ser, mas você faria diferente?

Marcos Roberto Veiga Cabral
Marcos Roberto Veiga Cabral
3 meses atrás
Responder para  Fabio

Todos se esquecem dos terroristas do Hamas descendo do céu metralhando pessoas em uma festa.
Tendo inclusive entrado nos bunkers (esconderijos) e fuzilando inocentes sem nenhum motivo

Marcos Roberto Veiga Cabral
Marcos Roberto Veiga Cabral
3 meses atrás
Responder para  Fabio

Bem lembrado Fábio

Ronaldo Oliveira
Ronaldo Oliveira
3 meses atrás
Responder para  Marcelo Reis

A Venezuela, Cuba, China, Corédia do Norte, Inglaterra, França, Espanha, Portugal, Japão, entre outros também mataram milhares ou milhões e estão de boa também… ou seja, se for banir todo mundo que já cometeu genocídio, só vai sobra Fiji, Samoa e alguma outra ilha. Lembre que o Brasil também não foi muito “amistoso” na guerra do Paraguai..
Sinceramente, cada coisa que eu vejo….

Marcos Roberto Veiga Cabral
Marcos Roberto Veiga Cabral
3 meses atrás
Responder para  Marcelo Reis

Vivia perguntando porque lançaram as bombas no Japão sem entender o começo da rixa.
Após estudar a história referente a tríplice aliança (Alemanha Itália Japão) conseguimos entender as ações e reações..
Os americanos cortaram o fornecimento de fontes de energia (diesel )para o Japão devido ao apoio nipônico a Hitler e Mussolini.
Em retalhação, os japas bombardearam a força naval americana localizada no Havaí (Pearl Harbor).

Julio Cesar
Julio Cesar
3 meses atrás

Djokovic entrou no seleto grupo que só tem ele próprio: o de ganhador de tudo no tênis.

João Silva
João Silva
3 meses atrás
Responder para  Julio Cesar

Boa!

Casagrande
Casagrande
3 meses atrás
Responder para  Julio Cesar

Ganhou tudo o que podia. O problema é que vai mudar isso. Assim como Exitem mais Master 100 hj que nos 90. Por exemplo. Vai ter 1000 na grama.

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