Falta alegria de jogar tênis para Bia

Bia Haddad Maia (Foto: Divulgação)

Foi mais um dia melancólico em quadra para Beatriz Haddad Maia. Mesmo considerando o pouco tempo de adaptação para o saibro, que não somou três dias, a derrota para Emma Navarro, a quem havia vencido com folgas sobre a terra no ano passado, mostrou tudo aquilo que já estamos cansados de ver. Saque pouco preciso, forehand descalibrado, agilidade limitada para chegar nas paralelas e mental que desaba de repente.

Depois dos seis primeiros equilibrados game, em que a brasileira chegou a ter dois break-points para comandar o placar, Bia desandou. Perdeu todos os demais nove games do duelo sobre saibro coberto, com o terrível agravante de só marcar 5 pontos em todo o segundo set. Aliás, não venceu um único lance nos cinco últimos games de serviço da norte-americana, que não é lá uma grande sacadora.

A contabilidade negativa só aumenta e automaticamente joga a confiança cada vez mais para o fundo do poço. Agora são nove quedas seguidas, somando-se às da BJK Cup, com sete eliminações em primeira rodada nos torneios regulares, seis delas consecutivas.

De seus 14 jogos neste primeiro terço da temporada, ganhou apenas dois, ambos no Australian Open. E a situação fica ainda mais dramática ao vermos que levou ‘pneu’ em quatro de suas últimas sete partidas e que já soma seis jogos em que cacifou no máximo quatro games. Ao menos, fica o consolo de que enfim perdeu para uma adversária de melhor ranking. Para mim, não compensa nada.

Bia certamente não desaprendeu a jogar tênis. Os golpes no entanto perderam a eficácia. Duplas faltas são o mais puro sintoma de falta de confiança e o primeiro saque raramente faz alguma diferença. O forehand de canhota, que tanto machucava as adversárias, teima em sair por um ou dois palmos. O backhand parece que só está calibrado quando joga duplas. Não consegue tempo para ir à rede e não há coragem para uma variação com slice ou curtinha. E aí o jogo vai embora muito rápido.

O maior consolo é que Bia tem 290 pontos a defender entre Madri, Roma e Paris e outros 130 na fase de grama, totalizando 410. A atual número 25 do ranking está a 440. Portanto, mesmo que nada aconteça de bom até o retorno à quadra dura, em julho, não há risco de deixar o top 30. Dá tempo portanto para se reencontrar, tanto o bom tênis como principalmente a alegria de jogar, algo que claramente Bia perdeu.

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Luciano
Luciano
4 horas atrás

O que tá faltando pra ela é outra semifinal de Grand Slam, pra recuperar a moral e a confiança. Quem sabe agora em Roland Garros. Torcer!

evaldo.moreira
evaldo.moreira
4 horas atrás
Responder para  Luciano

Pasmen, aonde tu tirou isso meu amigo….
Você leu o texto: “A contabilidade negativa só aumenta e automaticamente joga a confiança cada vez mais para o fundo do poço. Agora são nove quedas seguidas, somando-se às da BJK Cup, com sete eliminações em primeira rodada nos torneios regulares, seis delas consecutivas.”

Roland Garros? As adversárias já entram em quadra, já sabendo o que fazer, e a Navarro venceu ela na terra batida no ano passado, essa mesma Bia ai de hoje…

Antes que me critique, toço muito pra ela realmente volte , mas tá dififcil desse jeito, e o melhor, volto a dizer: Uma bela de uma pausa, para descansar o mental que está precisando, e rever com urgência algumas mudanças, fato.

Enaldo
Enaldo
2 horas atrás
Responder para  Luciano

Problema é chegar na semifinal…

Marcos RJ
Marcos RJ
4 horas atrás

O que exatamente aconteceu com aquela jogadora guerreira e talentosa? Bia pode até não ter se esquecido como se jogar tênis, mas alguma coisa importante certamente aconteceu.

José Andrade
José Andrade
4 horas atrás

A fase da Bia é tão ruim que chega refletir no comportamento da adversária: Tranquila, serena, até sem vibração nos pontos, nos games e nos set vencidos. Como quem diz: Nao tô fazendo mais do que minha obrigação ganhar o jogo da Beatriz.

Ninguém desaprende a jogar de um dia para o outro. Por isso acredito numa recuperação. Essa não é a Bia que o Brasil conheceu num passado tão próximo.

Sliceman
Sliceman
4 horas atrás

Não falta alegria, falta jogo. O jogo da Bia nos últimos 2 anos não mudou muito. O que se pergunta é como ela chegou no top 20. E não adianta trocar de técnico se ela não melhorar seu saque, voleio, slice . Seu nível é 50 rkg.

W. M. Baviera
W. M. Baviera
4 horas atrás

A questão agora é que se essa se siituação é transitória… ou permanente.

O esportista de alto rendimento é um refém de treinamentos e compromissos intermináveis por anos a fio e isso cobra seu preço após alguns anos.

Ela já perdeu a adolescência e boa parte da idade adulta.

De repente está na hora dela alegar uma contusão… e”desaparecer” por uns 30 dias (férias longe do tênis) para fazer o que gosta, dando férias para toda a equipe. : – )

E depois volta.. 30 dias perdidos não será o fim do mundo.

O Dalcim já deu “a deixa”: ela nao tem muito a defender.. e nao sera problema descer eventualmente ate o top50 (ou 100)

O que nao pode neste momento é insistir no erro

Sandro
Sandro
4 horas atrás

Ela perdeu a confiança e todo jogo é um verdadeiro espancamento. Ela fica na linha de base e não consegue reagir os golpes sumiram. Ela não passa confiança e adversária sente e judia dela. É dar dó.

Carlos
Carlos
3 horas atrás

Dalcim, ela está doente. Todos os sinais apontam para isso.
Deveria parar por alguns meses, desconectar da rotina de tenista, fazer o tratamento indicado por profissional competente e depois retornar com calma, já que pode ter , ainda, de 4-6 temporadas em alto nível. Se nunca voltar, pode se dedicar às duplas ou simplesmente desfrutar da fortuna que fez com excelentes resultados e patrocínios conquistados na carreira de tenista.

Andre Borges
Andre Borges
2 horas atrás

Dalcim, se fosse vc no lugar da Bia, o que faria? Não o que vc acha q ela deve fazer, mas estando vc na situação dela o que faria? Muda equipe? Faz uma pausa? Eu pergunto porque curiosamente eu faria exatamente o q ela está fazendo, apenas continuaria tentando sem grandes mudanças ou solavancos porque essas mudanças afetam ainda mais a confiança.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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