Em grande dia, Meligeni se mostra sacador

Tão empolgante quanto a estreia de Beatriz Haddad Maia na véspera, foi notável a forma com que Felipe Meligeni lidou com sua primeira aventura numa chave principal de Grand Slam. Diante de um adversário bem mais experiente e naturalmente adaptado ao piso sintético, o paulista de 25 anos jogou com postura madura e aproveitou a maior parte das chances que criou no jogo de apenas três sets.

Claro que o grande destaque esteve no saque do brasileiro. Ele manteve percentual de 75% de acerto, muito bom para quem força sempre – foram muitos na casa dos 200 km/h – ; fechou o importante set inicial com apenas três pontos perdidos com o primeiro saque e bateu de longe seu recorde pessoal, com 20 aces.

Também agradou sua presença em quadra, com raras gesticulações negativas. Não permitiu break-points no primeiro set, lutou muito para evitar a quebra na abertura do segundo e segurou a cabeça quando viu o australiano disparar no tiebreak, primeiro com 4-0 e depois com 5-3, sobrevivendo a três set-points antes de virar o jogo e ter quatro chances perdidas, até enfim apostar no erro de base de James Duckworth.

O desafio cresce muito na quinta-feira diante do ‘baixinho’ mas muito competente Sebastian Baez, que acabou de ganhar dois ATPs, Kitzbuhel no saibro e Winston-Salem na quadra dura. Não perde há 11 partidas e superou duas vezes seguidas Borna Coric. Para completar, venceu o único duelo contra Meligeni num challenger de 2021 no saibro.

O saque será muito importante outra vez para o sobrinho de Fernando Meligeni, já que apostar nas trocas de base pode ser bem improdutivo contra um tenista veloz e seguro como Baez. É muito provável que Felipe tenha de correr riscos e buscar pontos mais curtos e voleios para não dar tanto ritmo ao argentino. Uma coisa é certa: tal como aconteceu hoje, vai haver um batalhão de camisetas verde-amarelas a gritar por ele.

Felipe sobe provisoriamente 29 posições, o que o deixa no 139º posto, apenas 10 atrás de sua melhor marca da carreira.

Resumão

  • Estreias facílimas de Carlos Alcaraz, Daniil Medvedev e Jannik Sinner. Só mesmo Andrey Rublev teve dois sets mais exigentes. Alexander Zverev, que tem um belo histórico no torneio, passou muito bem pelo australiano Vukic.
  • As surpresas ficaram por conta de Michael Mmoh, que já foi esperança e não se achou, e do completo Arthur Fils. O americano tem jogado bem nas últimas semanas e ainda pegou Karen Khachanov sem qualquer ritmo. O francês esbanja garra e físico.
  • Faltou pouco para Hubert Hurkacz cair. O suíço Marc-Andrea Huesler sacou para a vitória ainda no terceiro set, falhou e aí não jogou mais nada.
  • Virada espetacular de Grigor Dimitrov. Perdeu os dois primeiros sets, tinha 2/5 na quinta série e ainda salvou match-point no ‘tiebrekão’. Melhor ainda: reencontra Andy Murray, a quem não encara desde 2016.
  • John Isner adiou a aposentadoria com boa atuação e, tal qual aconteceu com Serena, frustrou a festa preparada. Outros dois veteranos foram muito bem: Stan Wawrinka e Gael Monfils. O francês tem grande desafio diante de Rublev.
  • Caroline Garcia entrou no ‘modo Sakkari Aliassime’ e ganhou só cinco games. Que fase. Barbora Krejcikova, Donna Vekic e Anastasia Potapova fizeram companhia.
  • Ons Jabeur recebeu ‘Parabéns’ do estádio, mas duvido que tenha ficado satisfeita com a estreia irregular diante da saibrista Osorio.
  • Jessica Pegula, Marketa Vondrousova e Elina Svitolina jogaram muito bem, mas a melhor partida feminina do dia foi a ótima vitória de Ekaterina Alexandrova sobre a ‘azarada’ Leylah Fernandez, que tem caído em chaves difíceis.
  • Aryna Sabalenka fez seis duplas no começo da partida e totalizou oito, mas não correu sérios riscos. “Se eu estivesse na plateia, teria ido embora depois da terceira dupla falta”, brincou.
  • O desafio de vídeo foi testado contra Corentin Moutet, que chegou no segundo quique no finzinho do jogo contra Murray. O sistema mostrou o quão difícil é esse tipo de lance e foram necessárias inúmeras repetições para concluir.
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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