Djokovic desafia Alcaraz… ou Alcaraz desafia Djokovic?

Muito superiores a qualquer adversário que encararam neste US Open até aqui, Carlos Alcaraz e Novak Djokovic vão mesmo duelar na semifinal de sexta-feira, o que promete ser o primeiro grande momento de Flushing Meadows e um dos maiores da temporada. E nunca se pode esquecer que, no caso improvável que Jannik Sinner não vingue no lado de cima da chave, o duelo tem um ar de decisão de título.

O espanhol é hoje o número 2 do mundo, o tenista com mais títulos e vitórias na temporada, mostra forma exuberante vindo de duas finais seguidas de Grand Slam, mas Carlitos tem histórico negativo contra o megacampeão, tendo perdido cinco de oito confrontos. Mais importante ainda, nunca ganhou do sérvio em quadras sintéticas, tendo sido dominado em Cincinnati e no Finals de 2023 e há poucos meses nas quartas do Australian Open. Afinal, quem desafia quem?

Com mescla de ataque e defesa quase em proporções idênticas de eficiência, Alcaraz deu poucas chances ao tcheco Jiri Lehecka e frustrou aqueles que acreditavam num jogo mais pegado, sabendo-se que Lehecka havia vencido o espanhol na quadra dura de Doha em fevereiro.

Mas a perda logo do primeiro serviço da partida deu confiança ao poderoso adversário, que perdeu apenas 14 pontos com o serviço em toda a partida, inteligentemente pouco preocupado em marcar aces mas em trabalhar logo com a segunda bola. Carlitos não encarou break-points, marcou mais winners (28 a 16) e menos erros (17 a 23), completando sua bela exibição com 19 das 24 tentativas junto à rede.

Djokovic foi cirúrgico nos dois primeiro sets diante do ‘freguezaço’ Taylor Fritz, impondo a amarga 11ª queda ao número 4 do mundo e vice do ano passado. Sacou com extrema precisão quase o tempo inteiro, oscilando apenas na hora de fechar os dois primeiros sets. O norte-americano parecia desanimado no terceiro set, mas aproveitou uma rara perda de intensidade do adversário, muito incomodado pelo comportamento inapropriado de parte do público, para se soltar e jogar então dois outros sets bem decentes. Foi mais agressivo e até subiu à rede, mas o primeiro saque sumiu na hora ‘h’. Lutou bravamente, mas nessas situações é muito difícil ser mais constante do que Nole.

Com máxima justiça, mesmo fazendo calendário reduzido, Djokovic tomará o lugar de Fritz no ranking após o US Open. Aos 38, atingiu semi em todos os Slam da temporada e segue vivo em busca do sonhado 25º Slam, ainda que isso exija provavelmente derrotar o Big 2 da novíssima geração. A tarefa segue hercúlea, mas jamais impossível.

Os outros dois semifinalistas serão conhecidos nesta quarta-feira, quando Félix Auger-Aliassime buscará tirar o terceiro cabeça de chave do caminho e manter sua pequena hegemonia sobre o Alex de Minaur de 2 a 1. O canadense busca repetir semi de 2021 e o australiano tenta a primeira semi de Slam da carreira. À noite, Jannik Sinner entra como amplo favorito – as casas de apostas dão 1 contra 10 – no duelo italiano diante do amigo Lorenzo Musetti, que faz tudo direitinho porém tem menor consistência em todos os golpes e, claro, na parte emocional.

Final de 2024 se antecipa

O físico segue como um problema para a tcheca Marketa Vondrosouva. A canhota vinha com campanha notável em Nova York, tendo tirado do caminho três cabeças – McCartney Kessler, Jasmine Paolini e Elena Rybakina -, mas o esforço novamente esbarrou em suas limitações atléticas.

Ainda no aquecimento para a partida que faria à noite contra Aryna Sabalenka, em mais um duelo de campeãs de Grand Slam, a canhota sentiu o joelho direito e não se recuperou. Entregou a vaga na semifinal para a bielorrussa, que assim repetirá com Jessica Pegula a final do ano passado uma rodada antes.

Pegula não vinha de grandes exibições nos aquecimentos para o US Open, mas de repente reencontrou seu melhor tênis. Perdeu apenas 23 games nos cinco jogos feitos até aqui e nesta terça-feira marcou uma exibição de gabarito diante de outra tcheca postulante, Barbosa Krejcikova, que também já vinha dando sinais de esgotamento depois de dois jogos muito duros consecutivos.

A número 1 e atual campeã entra com evidente favoritismo. Venceu sete dois nove duelos, incluindo os três mais recentes, embora sempre com ao menos um set mais apertado. Pegula ganhou pela última vez há quase dois anos, mas a rigor pode incomodar Sabalenka caso consiga trabalhar mais com o primeiro serviço para evitar o ataque imediato que a bielorrussa faz tão bem.

A outra semifinal será definida nesta quarta-feira. Iga Swiatek e Amanda Anisimova repetem a final de Wimbledon da já histórica ‘bicicleta’, único duelo até hoje entre as atuais top 10. Já Karolina Muchova tem 3 a 2 no histórico contra Naomi Osaka, incluindo a terceira rodada do ano passado em Flushing Meadows.

Todas as que jogaram as quartas deste US Open tinham ao menos uma final de Slam, algo que não acontecia desde 1981 segundo a WTA. E das que seguem com chance, Pegula e Muchova são as únicas que jamais ganharam um Slam.

E mais

– Depois de início espetacular, com direito a ‘pneu’, a dupla de Stefani e Babos cedeu espaço e permitiu a reação das experientes Dabrowski/Routliffe, campeãs de 2023. Curioso é que as derrotadas ganharam mais pontos devolvendo o primeiro saque em todos os sets.
– Romboli esteve muito perto da vaga nas quartas, mas ele e JP Smith levaram virada em jogo de três sets duríssimos contra Mektic/Ram. A diferença certamente foram os pontos com o serviço: 71% a 63%.
– Duas duplas totalmente argentinas foram eliminadas e Horacio Zeballos é o único sul-americano nas quartas, na costumeira parceria com Granollers.
– Siniakova e Townsend justificaram favoritismo e atropelaram Venus/Fernandez. A tcheca ganhou em 2022 ao lado de Krejcikova e Mertens, que está na semi com Kudermetova, venceu em 2019 com Sabalenka.
– Guto Miguel segue em ótimo momento, tirou outro garoto da casa em sets diretos e agora desafia o cabeça 9 Jack Kennedy – um dos frutos da academia de John McEnroe – nas oitavas de final. Com os títulos do Canadá no fim de semana, o goiano de 16 anos já é 19º do ranking e pode garantir o top 15 com mais uma vitória.
– O capitão Oncins chamou Fonseca, Wild, o reserva Pucinelli e a dupla Matos/Melo para enfrentar a Grécia, confirmada com Tsitsipas. Jogos da Copa Davis que valem vaga no quali de 2026 acontecem sábado e domingo da próxima semana, em piso duro descoberto, em Atenas.

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Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
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