Dois jogadores que já ergueram troféus de Grand Slam na quadra dura e sonham em tirar Novak Djokovic da liderança no final desta semana, Carlos Alcaraz e Daniil Medvedev terão de encarar adversários de gabarito e que possuem pequeno recorde positivo nos duelos diretos de quartas de final deste Australian Open. Se o espanhol ainda deva ser considerado favorito diante do desgastado Alexander Zverev pelas circunstâncias de momento, o russo precisa redobrar seus cuidados com a mão pesada de Hubert Hurkacz.
Alcaraz fez de longe sua melhor atuação neste começo de temporada. Entrou em quadra sabendo que Miomir Kecmanovic vinha de jogos duros e que o sérvio aposta na consistência. Daí foi para cima e, a partir da metade do segundo set, fez uma partida primorosa, em que mesclou poder ofensivo variado com defesas esforçadas. Saiu sem permitir um único break-point e fechou com 43 winners (média de 2 a cada 3 games) e 18 erros, tendo perdido apenas 15 pontos com o serviço. Aos 20 anos, completa quartas em todos os Slam e pode agora fazer ao menos semi nos quatro grandes torneios.
Enquanto isso, Zverev encarou outro jogo duríssimo mas de ótima qualidade, já que Cameron Norrie optou de novo por uma postura agressiva. Na verdade, o canhoto britânico só decepcionou mesmo no ‘tiebreakão’, quando optou por duas deixadinhas seguidas um tanto impróprias – vinha fazendo isso com precisão na partida – e ficou bem atrás do placar. Talvez o histórico negativo de 0-4 tenha influenciado Norrie.
Semi do torneio há quatro anos e com oito vitórias em nove jogos neste animador início de temporada, Sascha lidera por 4 a 3 nos confrontos diretos com Alcaraz. Venceu o mais recente, no ATP Finals de novembro, vingando-se da derrota no US Open de semanas antes. Há de se recordar ainda a atuação espetacular nas quartas de Roland Garros de 2022. Contra si, no entanto, estão os 17 sets disputados e a exigência emocional dos supertiebreaks já feitos.
Medvedev continua alongando mais do que deveria suas partidas, como aconteceu na segunda rodada em que perdeu os dois sets iniciais para Emil Ruusuvuori. Nesta madrugada, poderia ter superado a surpresa Nuno Borges em sets diretos, mas não aproveitou o match-point e perdeu o terceiro set. O português mostrou sabedoria e eficiência em curtinhas muito bem aplicadas e ainda forçou ao máximo o forehand, o que no entanto lhe rendeu 49 winners mas 66 erros. “Em quadra, seus golpes pareceram muito mais pesados do que eu pude perceber na TV quando vi sua vitória sobre Grigor (Dimitrov)”, contou o russo, que está nas quartas de Melbourne pela terceira vez.
Hurkacz ganhou três das cinco partidas contra Medvedev, sendo as duas últimas seguidas, porém os dois não se cruzam desde Halle de 2022. Para atingir quartas inéditas no torneio, o polonês recuperou 0/3 no começo da partida diante da ‘zebra’ Arthur Cazaux e daí em diante não permitiu novos break-points, selando a vitória com 91% de pontos vencidos com o primeiro saque e 76% com o segundo. O adversário de 21 anos também foi firme no serviço, o que tornou o jogo sem grandes trocas.
A parte inferior da chave masculina, portanto, reúne quatro dos atuais top 9, ligeiramente superior aos quatro entre os 12 primeiros da parte de cima, onde nesta terça-feira Djokovic tentará a nona vitória seguida sobre Taylor Fritz e Jannik Sinner entrará com 4 a 2 de histórico sobre Andrey Rublev, que nunca venceu o italiano num jogo completo. Há assim chance de repetirmos Paris de 2019 com os quatro líderes do ranking na semi.
Inédita finalista de Slam
Enquanto isso, a sucessão de novidades na parte superior da chave feminina determina que haverá uma finalista inédita de Grand Slam no próximo sábado, que sairá dos duelos de Linda Noskova x Dayana Yastremska e de Qinwen Zheng x Anna Kalinskaya. A chinesa se torna favorita na condição de cabeça 12, enquanto Yastremska veio lá do qualificatório.
A vitória da ucraniana sobre Vika Azarenka determinou a queda da última campeã de Slam que restava no setor. A bicampeã de Melbourne saiu atrás por 1/3, ganhou quatro games seguidos e então sacou com 5/4. Não conseguiu e desperdiçou dois set-points no 6/5. Levou o castigo no tiebreak com méritos para a firmeza mental da adversária. Yastremska não quis tirar foto ao lado da bielorrussa e não a cumprimentou ao final, seguindo o padrão dos tenistas ucranianos nos cruzamentos diante dos países que apoiam a invasão de Putin.
Agora vai enfrentar pela primeira vez Noskova, que só precisou jogar 20 minutos. Com fortes dores lombares, Elina Svitolina recebeu atendimento ainda no segundo game, não conseguiu depois sequer sacar e saiu em lágrimas. A tcheca, que eliminou Iga Swiatek na rodada anterior, tem grande chance de entrar no top 30.
Zheng gastou apenas 57 minutos para atropelar a francesa Oceane Dodin, e faz assim quartas pelo segundo Slam consecutivo. Caso supere Kalinskaya, 75ª do mundo, poderá atingir pela primeira vez o top 10. A russa nunca havia ganhado dois jogos seguidos num Slam e só tinha quatro vitórias no US Open.
Stefani se salva nas duplas
Depois de uma sofrível atuação de Bia Haddad Maia e sua parceira Taylor Townsend, a vaga de Luísa Stefani nas quartas de final do Australian Open correu sérios riscos, mas ela e a holandesa Demi Schuurs conseguiram sair de 2/5 no terceiro set, salvaram uma série de quatro match-points e superaram Desirae Krawczyk e Ena Shibahara no que a própria brasileira definiu como ‘montanha russa’.
Krawczyk era uma antiga parceria de Schuurs e certamente sabia o que fazer em quadra. O recém-formado dueto de Stefani teve ótimos momentos ao lado de falhas incríveis. Para atingir a terceira semi de duplas femininas da carreira, Luísa tem agora de superar as cabeças 2 Elise Mertens e Su-Wei Hsieh, campeãs de Wimbledon em 2021, o que promete ser outra grande batalha.
Bia e Townsend erraram demais contra Cristina Bucsa e a Alexandra Panova e a brasileira não escondeu decepção por outro dia ruim em Melbourne. Ela aposta no dueto canhoto com a americana e garante que repetirá a parceria ao longo da temporada.
Eu me atrevo a dizer que, em função da chave, Alcaraz é o principal candidato ao título no Australian Open. É que Alcaraz só precisa vencer Djokovic ou Sinner, enquanto estes, em tese, devem duelar e também vencer Alcaraz para chegar ao título. Acredito que o título não foge de um desses três tenistas. A grosso modo, avaliaria da seguinte forma as chances de título:
Alcaraz – 33%; Djokovic – 31%; Sinner – 28%; Hurcakz – 3%; Medvedev – 3% – Zverev – 1,5%; Rublev e Fritz, somados: 0,5%
Nossa… Que viagem… Mãe Dinah versão 2024???
Rodrigo não sei exatamente como você chegou nestes números. Eu tenho uma experiência de mais de 20 anos no circuito calculando probabilidades de vitoria dos tenistas. À princípio prefiro fazer várias contas para cada atleta. Tem que ver a eficiência de cada golpe, a efetividade física, a superação em viradas, números de torneios ganhos, etc, etc. Na verdade é uma ciência que ainda estou aperfeiçoando porque meu índice de falhas com Djokovic é enorme, de acerto é medonho! Mas devido à minha larga experiência talvez possa te passar umas dicas
Ronildo, na hora de fazer essas suas inúmeras contas sobre o Djoko, talvez não esteja acertando porque deixou cair algum ZERO no chão…
Não digo zero Maurício, porque costuma usar feijões pra fazer marcações em algumas tabelas para posterior consulta. Talvez estes feijões tenham mudado de lagar e não percebi.
Talvez ele possa te ajudar, mais falho do q o seu método é quase impossível…
Sim, talvez hajam falhas na metodologia
Os números são em função da chave e evidentemente são impressões minhas e não cálculos matemáticos. Considero que o título não sai de Djokovic, Alcaraz ou Sinner. Acontece que Djokovic e Sinner provavelmente têm que vencer os dois outros candidatos ao título para serem coroados. Alcaraz apenas um deles. Por isso, Alcaraz é favorito. Não vejo como Rublev ou Fritz (que já caiu) serem campeões. Hurcakz tem o saque e direita, Medvedev o fundo de quadra, e Zverev tem os golpes (mas não mobilidade), para chegar ao título. São campeões em condições remotas. Ou seja, dentre os tenistas com chances reais (grandes chances) de título, Novak e Sinner disputam duas finais para ser campeão; Alcaraz, apenas a final real.
Concordo com seu raciocínio. Mas acredito que as chances de Sinner são maiores
Dalcim,pelo visto a grande rivalidade futura vai ser Sinner e Alcaraz,quem você apostaria pra compor o novo big 3 ? É só uma projeção pra daqui a 5 anos .
Ainda apostaria no Rune, Jorge, que tem um tremendo potencial.
Faço um adendo. Evidentemente, Sinner está em grande forma e tem condições de vencer tanto Djokovic quanto Alcaraz. Parece-me, no entanto, que Sinner exige mais do seu corpo para se manter no auge do que Alcaraz. Não sei, mas minha convicção hoje é que Sinner é um grande jogador, que consegue fazer jogo com qualquer outro, mas que estaria mais para um Del Potro. Faltaria longevidade para acompanhar Alcaraz. Lembrando que a comparação com Big 3 só faz sentido se dominarem o circuito por 10/15 anos e não por 5 anos (vejo a característica em Alcaraz, mas não vejo tanta longevidade em Sinner )
Vejo de maneira oposta. Alcaraz tem um jogo muito mais físico e também mais sujeito a lesões. Como já sofreu com algumas lesões que o afastaram do circuito, a melhor comparação a se fazer é dele com o Nadal, mas acho que ele não terá a mesma longevidade. Por isso, acho improvável que iguale os recordes do Djokovic, como tanto almeja.
Mestre, palpites para as quartas masculinas?
Eu acho que passam os quatro principais cabeças, Rafael, com maior chance de surpresa para o Hurkacz.
Concordo com sua avaliação Dalcin, realmente, dos 4 cabeças de chave, o Urso parece, com alguma margem, o mais ameaçado nessas QF, além do Hubi estar atravessando o momento mais regular da sua carreira(e com % absurdos de 1° serviço em quadra e ptos ganhos com 1° saque) o Medvedev parece oscilante demais com o próprio saque, vide o festival de quebras desse último jogo..
Tudo no esporte é um desafio, mas creio q os maiores desafios são p o polonês e para o Zverev. Aliás, em tese, preparo físico privilegiado nunca foi o forte do alemão, então vejo a tarefa dele ainda mais desafiadora. Vamos aguardar…
Dalcim, veja se a sua impressão bate com a minha. Embora tudo possa acontecer, inclusive ambos caírem antes da final, entre Alcaraz e Djoko, quem vc julga q está mais ameaçado de não ir para uma provável final? O fator Sinner me parece sugerir q é o sérvio…
Ah, com certeza, Luiz. Acho até que Sinner vem jogando melhor do que o Alcaraz, que a rigor só fez uma grande exibição até agora.
Ainda que tenha acompanhado pouco, vou arriscar palpite de semis: Nole x Sinner; Alcaraz x Hurkacz.
Djokovic em 4
Sinner em 3
Medvedev em 5
Alcaraz em 4
Acertou duas já, hein? Está bem.
Hehehe. Foi sorte rsrs
Também é minha aposta
Tempo em quadra até agora:
11h24 Djokovic
10h55 Fritz
8h43 Sinner
11h34 Rublev (+2h56)
10h51 Hurkacz
12h16 Medvedev
13h47 Zverev
8h42 Alcaraz (-5h05!)
1 minute de diferença entre Alcaraz e Sinner!
Djoko está bem descansado porque teve 2 dias de descanso em duas oportunidades.
Na verdade vai ter a segunda oportunidade agora, PS, a não que considere a partida contra Mannarino um descanso. Aí ele teve 3 dias, rs.
Djokovic-Sinner
Medvedev-Alcaraz
Dalcim,
Saberia dizer se o Dolgopolov e o Stakhovsky ainda estão lutando na Guerra da Ucrânia?
Abs
Stakhovsky publicou em suas redes foto bem recente, de uns 20 dias atrás. O Dolgopolov não publicou mais nada desde outubro, mas ele sempre trabalhou na parte administrativa e não no campo exatamente.
eu entendo deixarem o Ghem de madrugada pq ele está na Austrália, então é mais fácil, mas sinto falta do Fino com o Narda.
E eu que pensei que Alcaraz só ligava para legado e prêmio de Miss Simpatia.
https://www.google.com/amp/s/www.terra.com.br/amp/esportes/tenis/alcar
az-supera-marca-de-borg-mas-nao-liga-quero-e-bater-os-recordes-de-djokovic,2040fd50faf2ea243eff1a47017c094fhraj49p8.html
Somente ti e parte da Kombi que ligam pra estas bobeiras . Alcaraz apesar de imaturo sabe que Djokovic tem muito mais recordes que Borg . Logo está atrás dos do Sérvio. Aos 20 anos o supera em quase todos na mesma idade . Inclusive os de Nadal . Abs!
Eu quero ver é ele aguentar o tranco físico e mental pra chegar lá. Fora a obstinação e a disciplina imbatíveis do sérvio.
Paulo, o mundo inteiro tem a exata noção dos números que interessam. A questão é que alguns cantam um certo hino sertanejo e vão negando as aparências, disfarçando as evidências.
Dalcim, boa noite. Vi na sua sinopse que você foi editor da revista Tênis News. Uma curiosidade: lembro que certa vez a revista lançou um concurso onde os leitores tinham que responder à pergunta:que era + ou – assim… ” Quantos quilos é o impacto de uma bolinha de tênis ao tocar a raquete?” Errei, mas foram tão poucos os que acertaram, que a revista decidiu estender os prêmios para mais leitores, eu incluso. O prêmio nem lembro… acho que era um período de assinatura.
Também… quem iria acertar? Acho que é + de 60 kg, que eu me lembre. Abr.
Puxa, nem eu lembrava mais dessa… kkk
Gauff volta de 1-5 para 5-5 apesar de ter 4 winners e 19 erros não forçados…
Gauff venceu o set 1 no tiebreak, mas me decepcionou, e muito. Erros todos cometem, instabilidade qualquer um pode ter, mas jogar de forma covarde como ela fez em muitos momentos eu achei lamentável. E ela q ja venceu GS, que deveria estar melhor mentalmente do q a adversaria, estava em muitos momentos simplesmente passando bolinhas, como alguns dizem. Comecei torcendo pra americana e terminei torcendo pra ucraniana. Vamos pro set 2…
Agora sim, o verdadeiro desafio, com total pressão no AO começa para o ET, ou como queiram chama-lo.
Porque entrou numa zona em que jamais perdeu no passado. O desafio de manter essa escrita, certamente bota muitas gramas a mais em sua cabeça e costas. Para uns, será que virá a primeira derrota… para outros, sempre que chego aqui, sou campeão.
Prefiro e acho que ele fica com a segunda opção.
No feminino, que raramente comento, percebo-me tornando fã da Aryna Sabalenka.
Como ela é espirituosa em vários momentos fora do jogo. Até nas entrevistas pós-jogo, mesmo em derrotas. Deve ser uma pessoa bem bacana.
E desse a ripa na bolinha sem dó nem piedade.
E desce… do verbo descer.
Aryna vai passando um trator nas adversárias. Sem Iga, com Gauff sem confiança maior, parece cada vez mais favorita.
Sinner em quadra, q pena q não dá pra assistir…
Fritz, Fritz………
você calado é poeta, kkkkkkkkkkkk, fala muito, dizendo isso e aquilo….. e na hora H, fica um h minúsculo, hahaha, na próxima,quem sabe de boca fechada, vc foca e ganhe ao menos mais 1 set, pronto falei, kkkkkkkkkkkkkkkkk.
Por mais que Djokovic tenha enfrentado os adversários mais fracos possíveis perante todas as possibilidades, não foi possível evitar Sinner na semifinal. Agora vai