Por João Gustavo C. Racca
De São Paulo/SP
Stefanos Tsitsipas nasceu em Atenas em 1998, tendo portanto 26 anos, e conquistou diversos títulos importantes no circuito mundial, a ponto de ocupar o 3º. lugar no ranking da ATP.
É o jogador mais jovem da história a ter derrotado o trio de ouro do tênis, considerados os melhores jogadores da história do circuito profissional: Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Alcançou esse feito em 2019, aos 20 anos, ao derrotar o espanhol Rafael Nadal para atingir a final da edição de 2019 do Masters 1000 de Madri. Em janeiro de 2021, Tsitsipas tornou-se também o mais jovem jogador da história ao derrotar todos os Big 3 pelo menos duas vezes, após vencer Rafael Nadal nas quartas de final do Australian Open.
Equilíbrio familiar
A sua história tem muito a ver com a formação que recebeu dos seus pais. O talento herdado é natural, mas é preciso cultivá-lo com paciência e equilíbrio para produzir fruto. Essa é uma tarefa que não admite improvisações.
Julia Apostoli-Salnikova, a mãe, foi a tenista com a melhor classificação na União Soviética quando tinha entre 16 e 17 anos, além de ser filha de um medalhista de ouro no futebol masculino olímpico. Sua carreira no tênis foi precocemente interrompida por conflitar com os rígidos métodos de comportamento que os treinadores russos impunham aos jovens talentos. Isso fazia parte da cultura do esporte no seu País. Depois que ela se casou com o grego Apostolos Tsitsipas, seu foco no tênis centrou-se nos filhos. Stefanos, o primeiro filho, parecia especialmente preparado para o esporte.
O pai assumiu a liderança a partir daí, estudando coaching para acompanhar Stefanos até o profissional. Mesmo assim, a mãe continuou influindo na sua carreira, ansiosa para garantir que seu preparo permanecesse rigidamente estruturado, de acordo com o ethos soviético que ela bem conhecia.
Excelência pessoal
Para o talentoso e jovem jogador, essa base soviética estrita foi balanceada pelo otimismo e pelo espírito positivo que o pai lhe transmitia. Apostolos jogou futebol profissionalmente e teve uma breve passagem pela seleção da Grécia. Impôs a si mesmo o desafio de aprender mais sobre o tênis e esforçou-se por conciliar plenamente o seu desempenho como técnico e o seu papel de pai.
Desde os 11 anos, o pai foi um companheiro constante em suas viagens para torneios juvenis, entendendo com isso que seria um importante apoio para o garoto dentro do competitivo mundo o tênis profissional. Ao mesmo tempo, estava convencido que era preciso separar bem o seu duplo papel, sob risco de frustrar não só o garoto, mas toda a família. Logicamente, é uma tarefa que exige controle psicológico, desprendimento pessoal e compreensão infinita.
“Ficava mais tenso durante as viagens, mas eu via isso como algo divertido para mim”, dizia Stefanos. “Tentei ser profissional e disciplinado, mas foi bom viajar com meu pai. Agora, entendo a importância disso e o grande papel que desempenhou em minha carreira”.
Nem sempre as coisas correram bem entre os dois. A insistência nos golpes da sua preferência e a vontade do pai em ver o filho jogar cada dia melhor geravam conflitos compreensíveis. Muitas vezes as discussões foram severas. Porém, havia sempre algum membro da equipe que conciliava as visões opostas. O seu pai, referindo-se a esses momentos, falou com simplicidade que se sentia afortunado por seu filho tê-lo escolhido como técnico: “Quando eu tinha a idade de Stefanos, meu pai não estava mais aqui para me ajudar. O meu filho não pode esquecer a chance que ele tem de ter um pai e um treinador ao lado dele. Eu teria adorado.”
Nas quartas de final do Aberto da Austrália de 2021, Tsitsipas perdeu mais uma vez os dois primeiros sets contra Rafael Nadal em Melbourne Park. A lenda espanhola estava atrás do 21º título de Grand Slam, mais um recorde incrível. Mas Tsitsipas não desistiu. Lutou e triunfou por 3/6, 2/6, 7/6, 6/4 e 7/5, após mais de quatro horas de jogo, com uma virada sensacional. Stefanos mostrou a sua personalidade contra Nadal, levando-o a uma das batalhas mais emocionantes da história do tênis. Parecia lógico que, após a partida, Tsitsipas fosse até o pai, como num lance extraído do roteiro de um filme. Passou pela sua cabeça que, há uma década, o seu pai tinha largado o emprego para dar ao filho tudo o que ele precisava para realizar o seu sonho.
Para quem tiver curiosidade, não deixe de ver: https://www.youtube.com/watch?v=1NVDKXOXZIE
Lembro de que a mãe russa falou, em uma entrevista, que Kasatkina não tem groundstroke, o que a impede de se destacar nesse circuito feminino, desde quando a serena jogava.
Mas hoje o Stefanos dispensou o pai como técnico. E uma parte difícil ser pai e técnico. A família se não estou errado tem mais dois irmãos que estão tentando ser profissionais…o petros é o outro que esqueci o nome.
Privilegiado, chegou ao número três do ranking.
Não é pouca coisa!!!
No futebol acontece com frequência, o filho ser “auxiliar” do pai na comissão técnica (Tite, Abel, Dorival, Ramon e outros).
Sempre com certo cinismo.
Lembro do saudoso Valdir Spinosa, que dirigiu grandes equipes do futebol brasileiro, sempre levava seu filho, Rivelino Serpa (preparador físico).
Quando alguém se referia a condição física das equipes em que trabalhava, dizia sempre:
“O professor Serpa é excelente”.
Poucos sabiam que o professor Serpa era filho dele.