Com rara condição genética e calendário restrito, Jones celebra o top 100

Francesca Jones (Foto: Fotojump)

Mário Sérgio Cruz
Especial para TenisBrasil

A temporada de 2025 já é especial para Francesca Jones, que debutou no top 100 aos 24 anos e disputou as chaves principais de dois Grand Slam, Wimbledon como convidada e o US Open depois de furar o quali. Mas a trajetória da britânica é ainda mais impressionante por conta de sua rara condição genética. Jones nasceu com a síndrome da displasia ectodérmica ectrodactilia (DEE). Por isso, tem quatro dedos em cada mão e três dedos a menos nos pés, o que exigiu cirurgias frequentes ao longo dos anos, e chegou a ouvir dos médicos que não conseguiria jogar tênis.

“Está sendo um grande ano até agora, com muitas mudanças no meu calendário e também financeiramente. No papel é o melhor ano da minha carreira e da minha vida. Não acho que tenha havido um momento em que tudo tenha se encaixado, mas sim o resultado de muitas coisas que faço o tempo todo. Eu me dedico 120% ao tênis”, disse Jones a TenisBrasil, na coletiva de imprensa após a vitória sobre a israelense Lina Glushko por 4/6, 6/2 e 6/3. “As condições hoje não estavam fáceis, ventando muito e parou duas vezes por chuva. Então foi uma vitória muito importante”.

Embora a condição genética não afete seu estilo de jogo, a britânica explica que foi preciso fazer restrições no calendário e rotina de treinamento para se preservar fisicamente. “Eu não posso disputar a mesma quantidade de torneios que as outras jogadoras. Tento fazer um calendário mais curto. E minha rotina de treinos é bem meticulosa quanto a isso. Meu time faz o possível para me manter em forma. Não acho que sou especial por isso, apenas apenas diferente”.

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O bom momento vivido por Jones no circuito poderia ter vindo ainda mais cedo, já que ela chegou a ocupar o 151° lugar do ranking em 2021, mas se afastou dos torneios por uma série de lesões e chegou a sair do ranking. “Estava fazendo uma boa temporada em 2021 e precisei parar em setembro por causa de lesão. Tive anos muito difíceis, com múltiplas lesões. Precisei encontrar soluções para me tornar uma atleta melhor. Esse tempo afastada foi a oportunidade para melhorar em muitas coisas e me tornar uma jogadora mais forte”, explicou a britânica que volta à quadra nesta quarta-feira às 15h (de Brasília) para enfrentar a norte-americana Whitney Osuigwe.

Jones também guarda boas lembranças do Brasil. No início da temporada, venceu um ITF W75 em Vacaria, no Rio Grande do Sul. “Já joguei aqui no Brasil esse ano, venci um torneio em Vacaria. Eu me sinto bastante confortável aqui na América do Sul e é bom conseguir a primeira vitória”, comentou. Quando foi campeã do torneio gaúcho, em março, a tenista também visitou uma escola e falou sobre sua trajetória no esporte. “Um dos motivos pelos quais eu comecei a jogar tênis era tentar inspirar as pessoas que não têm as melhores condições para se desenvolver. Mas a paixão que eu tenho pelo esporte é o que me ajuda a ter sucesso na vida”.

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