Alcaraz: “Hoje foi tudo sobre acreditar em mim mesmo até o fim”

Foto: Clément Mahoudeau/FFT

Paris (França) – Carlos Alcaraz saiu do buraco, escalou uma muralha emocional e encontrou seu melhor tênis quando tudo parecia perdido. Com dois sets abaixo, três match-points contra e o número 1 do mundo do outro lado da quadra, o espanhol de 22 anos protagonizou neste domingo uma virada épica, ao vencer Jannik Sinner na decisão de Roland Garros por 4/6, 6/7(5), 6/4, 7/6(3) e 7/6(10-2), em 5h29 de batalha.

Esta foi a final mais longa da história do torneio e, para Alcaraz, a partida mais marcante de sua carreira. “Sem dúvidas, foi o jogo mais emocionante que já joguei até agora. A partida teve de tudo, momentos muito bons, momentos muito ruins. Estou orgulhoso de como lidei com tudo hoje”, disse o agora bicampeão do torneio e dono de cinco títulos de Grand Slam.

Ainda segundo ele, o ponto chave para a virada foi nunca deixar de acreditar. “Hoje foi tudo sobre acreditar em mim mesmo até o fim. Nunca duvidei. Mesmo quando estava dois sets abaixo, mesmo quando ele teve match-points, eu continuava acreditando. A partida só termina quando o último ponto é jogado.”

Essa força e resiliência não veio do nada, e o espanhol admitiu ter se inspirado em seu maior ídolo e referência. “Quando eu estava me sentindo desanimado e sem forças, tentei pensar no Rafa e em todas as reviravoltas que ele já protagonizou aqui. Tentei fazer o mesmo que ele e lutar até o último ponto. Eu disse a mim mesmo para seguir ir em frente. Não importava o que acontecesse, se eu estivesse abaixo ou se perdesse o quinto set. Era a hora de ir em frente, sem medo. Hoje foi tudo sobre acreditar em mim mesmo”, disse ainda em quadra o jovem espanhol.

Além da inspiração em Nadal, outro fator determinante para a virada de Carlitos foi a torcida, que, embora dividida na Philippe Chatrier, empurrou o espanhol rumo à vitória. “Quando ele quebrou meu saque no início do terceiro set, senti que tudo estava a favor dele. Tudo o que ele fazia entrava. Esse foi meu sentimento no início do terceiro set, mas tentei apagar esses pensamentos e continuar lutando. Obviamente, o público foi muito importante para mim hoje. Todos estavam incríveis, havia alguns cantos da arquibancada que me ajudaram muito, e eu agradeço por isso. Provavelmente, sem eles, teria sido impossível virar”, admitiu.

Uma batalha que entra para a história

O duelo deste domingo na Philippe Chatrier envolveu muito esforço físico e emocional, mas também não deixou a desejar no nível de tênis, com lances memoráveis que marcaram o espanhol. “É difícil escolher um. Aqueles três match points foram algo incrível. Não foram grandes pontos, mas foram pontos salvos, e isso já é incrível.”

“Mas, por exemplo, no 6/5 do quinto set, com 15-30, 30-30, vantagem para mim, 40-40… esses pontos eu lembro com clareza e, honestamente, ainda não sei como fiz aquilo.. Bolas na linha, raspando a linha. Ele estava dominando aquele game e ainda não sei como salvei. Provavelmente escolheria esse game como o mais marcante”, elegeu.

A capacidade de jogar o seu melhor quando tudo aperta, especialmente nos quintos sets, virou uma marca registrada de Carlitos, agora com 13 vitórias e apenas uma derrotas em jogos decididos na última parcial. O espanhol então revelou o segredo para crescer nos momentos mais delicados e importantes das partidas.

“Prefiro vencer em três sets, não vou mentir. Mas quando a situação está contra você, é preciso lutar. É uma final de Grand Slam, não é hora de se cansar, de desistir. É hora de lutar, tentar encontrar seu melhor jogo e ir para cima. Os verdadeiros campeões se constroem nesses momentos, lidando com a pressão da melhor forma possível. É isso que eles fazem a carreira toda. Então tento me sentir confortável nessas situações de pressão, e não ter medo delas”, frisou.

Rivalidade com Sinner

Apesar de tudo o que envolve a rivalidade com Jannik Sinner, ainda mais após um duelo duro como o deste domingo, Carlos Alcaraz demonstrou enorme respeito pelo adversário. Na cerimônia de premiação, antes de qualquer palavra sobre si mesmo, o espanhol fez questão de homenagear o rival.

“Quero começar com o Jannik. É incrível o nível que você tem. Parabéns pelas duas semanas incríveis, pelo torneio incrível. Para você e sua equipe, eu sei o quanto vocês se esforçam todos os dias. Tenho certeza de que você será campeão não uma, mas muitas vezes. É um privilégio dividir a quadra em todos os torneios e fazer história com você. Você é uma grande inspiração para as crianças e para todos. Para mim também”, destacou.

Já na coletiva de imprensa, Alcaraz voltou a falar com carinho do italiano e do que essa rivalidade representa. “Cada partida contra ele é importante, honestamente. Essa foi a nossa primeira final de Slam. Espero que não seja a última. Como já disse muitas vezes, sempre que nos enfrentamos, elevamos nosso nível ao máximo.”

O espanhol reconhece que o desafio constante é o que o move. “Se você quer ganhar os Grand Slam, tem que vencer os melhores. E é muito melhor enfrentá-los na final. Acho que isso é importante também para os fãs. Nós entregamos algo especial.”

Alcaraz também projeto o futuro das disputas com o italiano. “Tenho certeza de que ele vai aprender com esse jogo e voltará mais forte. Tenho certeza de que ele vai fazer o dever de casa. E eu também vou tentar aprender, como causar mais danos táticos no jogo dele. Repito: não vou vencê-lo para sempre. Isso é óbvio. Então tenho que continuar aprendendo e, com sorte, disputar mais finais de Slam com ele”, finalizou.

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José Afonso
José Afonso
4 horas atrás

Grande jogo e título hoje, mas segue sendo o ex-número 1 mais fake da história e também continua ainda com asteriscos na maior parte dos seus títulos de Grand Slam (3 com e agora 2 sem).

Paulo
Paulo
4 horas atrás
Responder para  José Afonso

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

José Alexandre
José Alexandre
3 horas atrás
Responder para  José Afonso

Quanta lorota, nem sei como aprovam comentários iguais esses.

Uma das melhores finais de Slam de todos os tempos, e Carlitos caminhando a passos largos pra se tornar um dos maiores jogadores da história.

José Afonso
José Afonso
3 horas atrás
Responder para  José Alexandre

Só fatos, José Alexandre:
– Alcaraz só foi nº 1 porque não contaram os pontos de Wimbledon 2022;
– Venceu dois Slams sem o principal favorito participar e um com o favorito recém-operado.

Dá pra discutir os asteriscos dos títulos de Slam, mas o nº 1 sequer dá pra discutir. Mas mesmo os asteriscos… bom, cada um tem sua visão de mundo, mas se alguém não visse um asterisco numa conquista de Roland Garros na era Nadal sem a participação de Nadal, essa pessoa tem uma visão estranha sobre mérito. Abs!

25 GS
25 GS
2 horas atrás
Responder para  José Alexandre

Com 5 GS já está em um seleto grupo….vem mais por aí….é o único adversário real é Janick Sinner.

riicosta
riicosta
2 horas atrás
Responder para  José Afonso

Sabemos que vc não gosta do Alcaraz, mas precisa despejar seu hater assim em cima de um cara que não faz absolutamente nada pra atrair esse sentimento. Quanta amargura

25 GS
25 GS
2 horas atrás
Responder para  José Afonso

Fake são seus asteriscos e esse tipo de comentário deselegante….o tribunal da caixa de comentários é vergonhoso.

Tadeu
Tadeu
4 horas atrás

Craque. Não aceitar a Derrota. Nem Nadal e Djokovic tinha esse mental. O último q vi nesse nível foi Guga. Mental extraordinário. Desistir nunca acreditar sempre!!! Nem q esteja perdendo do Russell de 2×0 e 4×2. Não aceito não irei perder!!! Parabéns Jogadoraco.

José Afonso
José Afonso
3 horas atrás
Responder para  Tadeu

Mais uma bobagem sua, caro Tadeu…

Nadal virou jogo de 2 sets a 0 quando já estava mal fisicamente, em 2022, entre outras. Djokovic já virou algumas também, inclusive também salvou match-point do maior campeão de Wimbledon em… Wimbledon (final de 2019).

Ronildo
Ronildo
2 horas atrás
Responder para  Tadeu

Nossa, Gustavo Kuerten tinha uma enorme força mental. Era visível o esforço que fazia em quadra. Suou sangue, mas venceu Federer na quadra dura!

JClaudio
JClaudio
3 horas atrás

O jogador mais talentoso que o tênis já viu (tudo num lugar só).

José Afonso
José Afonso
2 horas atrás
Responder para  JClaudio

Claudinho, está parecendo paixão isso, rs.

25 GS
25 GS
2 horas atrás
Responder para  JClaudio

Como Dalcim comentou, tem as melhores virtudes de cada um dos integrantes do BIG3.

Paulo Sérgio
Paulo Sérgio
1 hora atrás
Responder para  JClaudio

Federer foi abandonado rs.

Décio Menna Barreto
Décio Menna Barreto
2 horas atrás

Um monstro, um privilégio acompanhar, ainda mais torcendo p ele, contra outra lenda (atual e futura) que é o Sinner. Um ano mais novo, já com 5 grand slams na conta!

Edu Martins
Edu Martins
1 hora atrás

Gostei que foram 5 sets, errei só na previsão de não ser todos no tiebreak, quem sabe este cansaço agora ajude o Nole em Wimbledon no 25GS, pois forçar tudo agora, risco alto de distensão etc… Parabéns Alcaraz pela aula mental e por ter compensado a Espanha na Liga das Nações!

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