Sem técnico, Habib espera que duelo com Alcaraz seja ponto de virada

Foto: Dubreuil/Kopatsch/Zimmer

Felipe Priante
Especial de Paris

Adversário de estreia do espanhol Carlos Alcaraz nos Jogos Olímpicos de Paris, o libanês Hady Habib teve o privilégio de jogar em um dos maiores palcos do tênis neste sábado, enfrentando o atual número 3 do mundo na quadra Suzanne Lenglen, a segunda mais importante do complexo de Roland Garros. Embora tenha vencido apenas quatro games na partida, ele saiu entusiasmado com a oportunidade que teve e esperando que ela seja como um ponto de virada em sua carreira.

“Essa semana inteira foi uma montanha-russa, comecei vindo para cá esperando apenas jogar duplas, mas (Hubert) Hukacz desistiu e eu era o primeiro na lista de espera. Então acabei jogando com Alcaraz e tudo aconteceu de uma maneira inesperada, foram alguns dias incríveis e com noites nas quais tive dificuldade para dormir. Tudo valeu a pena, dei o meu máximo em quadra e aproveitei a torcida”, afirmou o tenista de 25 anos.

“Não sei se dava para vocês verem, mas estava sorrindo. Fiquei incrivelmente surpreso e até um pouco emocionado. É uma honra jogar em uma quadra assim contra um adversário tão incrível e representando um país tão pequeno. Foi um sonho que se tornou realidade. Enfrentei o melhor jogador do momento, um cara que está vencendo todo mundo no circuito, uma das lendas do nosso esporte”, acrescentou Habib.

O libanês de 25 anos contou que desde que saiu o sorteio, recebeu um monte de mensagens positivas. “Definitivamente a exposição foi incrível, meu telefone não parou um minuto. Teve gente que viajou do Líbano (de última hora) para me ver jogar aqui”, contou Habib, que não reclamou de encarar um adversário do calibre de Alcaraz logo na primeira rodada, muito pelo contrário, viu como positiva a chance de jogar em um dos principais palcos do tênis.

“Foi a maior torcida para a qual já joguei em toda minha vida, o estádio estava lotado. Em challengers você até tem quadras cheias, mas não dá para comparar com isso. É uma energia completamente diferente, foi algo incrível que vivenciei hoje. Acho que agora ganhei mais exposição e espero conseguir patrocinadores e ter um impulso na minha carreira. Neste nível que eu jogo, vocês sabem, não é fácil financiar técnico e todas essas coisas”, comentou.

Habib espera que Jogos Olímpicos mudem patamar

Ocupando atualmente a 275ª colocação, não muito distante de seu melhor ranking (259), o libanês enfrenta adversidades como qualquer jogador dessa faixa. “A vida pode mudar em um instante, você tem que continuar acreditando e perseguindo os seus sonhos, não dá para saber aonde podemos chegar. Se tiver uma boa ética de trabalho tudo é possível”, falou o libanês.

“Estou por minha conta e por isso me orgulho de quão longe consegui ir, fiz tudo isso praticamente sozinho”, acrescentou Habib, que teve alguns momentos de destaque com o saque, salvando 9 dos 13 break-points que enfrentou e anotou três aces. Como não tem um técnico, ele contou que usa um método bem simples para treinar serviços: “Apenas vou para quadra e tento acertar uns cestos por conta própria”, revelou o tenista, que tenta se virar apesar das adversidades.

“É extremamente difícil jogar por um país muito pequeno, com recursos financeiros bastante limitados, mas faço o máximo que posso. Nosso presidente ajuda conforme dá e é sempre uma honra representar o Líbano em torneios como esse e a Copa Davis”, comentou o libanês.

Experiência inesquecível em Paris 2024

Nascido nos Estados Unidos, Habib estava treinando em Houston quando recebeu o email com a notícia que iria jogar duplas. “Fiquei sem palavras ao saber que seria um atleta olímpico”, contou o libanês, que viu sua felicidade só crescer com o passar dos tempo, primeiro entrando também em simples e depois ao ter a chance de encarar Alcaraz na estreia.

“Quando soube que iria jogar simples, fiquei ansioso porque sabia que poderia pegar alguém como Rafa (Nadal), (Novak) Djokovic ou Alcaraz, então precisava treinar urgentemente e me preparar da melhor maneira possível. Fiquei sabendo logo depois do sorteio que enfrentaria Alcaraz e tudo desde então foi um sonho. Fiquei um pouco em choque na hora”, resumiu Habib.

Aproveitando seu lugar no evento mais importante do esporte mundial, ele esteve na cerimônia de abertura, o que ajudou um pouco a não ficar pensando o tempo todo na partida contra Alcaraz. E durante sua preparação no complexo de Roland Garros, o libanês teve que segurar a emoção. “Nunca estive aqui antes. Tentei ficar tranquilo, mas não consegui. Com tantas lendas ao meu redor, tentei apenas não ser muito estranho. Quando vi Djokovic ao meu lado meu coração bateu mais rápido. Foi incrível ver de perto esses jogadores tão incríveis”.

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JUKA B
JUKA B
3 meses atrás

Meio esvaziado de tenistas competitivos.
Uns, por não serem competitivos no saibro, preferiam nem disputar, claro que ainda há a questão financeira e de pontos.
Vi 2 libaneses na chave, Mas nunca vi jogos, e sequer sei os nomes de ambos.
Nomes decadentes como Wawrinka, Nishikori e Nadal dificilmente vencerão duas partidas.
Murray fez a escolha correta, até porque o saibro nunca foi seu forte (apesar de um vice em RG e ter vencido Nadal no auge nesse piso).
Surpreso pelo já veterano canadense sacador ter ido a Paris.

Gustavo
Gustavo
3 meses atrás
Responder para  JUKA B

Belo espírito olímpico. Parabéns.

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