É bem antiga a tradição de o Brasil organizar grandes torneios de tênis. E o Rio Open, que celebra agora 10 anos de sucesso, mantém essa virtude. Num cenário deslumbrante, como a sede do Jockey Club Brasileiro, sob a benção do Cristo Redentor, o evento carrega o fascínio da Cidade Maravilhosa. Nas quadras sempre a participação de nomes virtuosos, como o de Rafael Nadal e agora seguindo com Carlito Alcaraz.
Como parte da história é importante lembrar que o Brasil, por um bom período foi o segundo país do mundo em número de competições internacionais de tênis. Por muitos anos foram diversos níveis de torneios, mas a série toda era sustentada pelo circuito Grand Prix. Hoje seriam nomeados ATPs. Foram disputados em lugares como Guarujá, São Paulo, Rio de Janeiro, Búzios e a temporada era coroada pelo exuberante torneio na Ilha de Itaparica, no já não existente Club Med.
Sem saudosismos, mas como uma lição, Itaparica era muito mais do que um torneio de tênis. Ficou mundialmente famoso pelo estilo descontraído e de forte vocação ao relacionamento, o chamado network. Conheço histórias de empresários que pagaram fortunas só pela oportunidade de estar ao lado dos mais fortes CEOs do Brasil.
De uma certa forma e sem esquecer do mais importante, que são as atrações em quadra, o Rio Open seguiu o exemplo. Ao criar o concorrido Corcovado Club, o evento consegue reunir um público interessante e que de alguma maneira torna-se imprescindível para a realização de um torneio tão dispendioso.
A diferença do Rio Open para muitos dos torneios do passado é o interesse do público. Em diversas competições, mesmo com grandes ídolos em quadra, nem sempre se conseguia encher as arquibancadas. E vale lembrar que em algumas sedes não se poderia cobrar ingressos, por ser realizado em locais como a praia, parques públicos e até na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
A procura por ingressos do Rio Open é insana e nem sempre o público consegue comprar da maneira como gostaria. Uma das razões é que parte das entradas vai como cota aos patrocinadores, que distribuem para convidados. Estes nem sempre estão todos juntos nas arquibancadas. E então surge uma questão: não há ingressos à venda e muitas vezes sobram lugares no estádio. Só que sem patrocinadores fica inviável a realização de um evento como este.
Atualmente o Rio Open é o maior torneio de tênis da América do Sul. Mas por um bom período o Brasil Open, em suas diversas fases, imperou. No seu primeiro ano de realização, ainda na Costa do Sauípe, organizou chaves masculina e femininas. Pena que a edição de estreia tenha caído no “11 de setembro”. Lembro que nesse dia eu estava voando de Nova York para São Paulo (logo após o US Open) e ao desembarcar em Guarulhos o clima era tão tenso que nem tinha como pegar o avião para Salvador. Tudo parado e assustador.
E como estamos no assunto ‘grandes eventos’, o Brasil também trouxe um número incrível de astros ao Ginásio do Ibirapuera com o desafio Gillette. Imagine ver de perto, de uma só vez, Serena Williams, Maria Sharapova, Caroline Wozniacki e Roger Federer, entre outros grandes.
Agora dentro da atual realidade é hora de festejar o Rio Open, que mais uma vez promete corresponder às expectativas de um público ávido por bons jogos de tênis. É bem legal que tenha tanta gente interessada nessa modalidade dentro do País do futebol, né?