Mesmo sem o todo-poderoso Jannik Sinner, a Itália fez valer a condição de jogar em casa e conquistou o terceiro título consecutivo da renovada e controversa Copa Davis e o quarto no geral neste domingo de bons jogos.
Flavio Cobolli e Matteo Berrettini conseguiram dobrar adversários sem grande tradição, como Áustria e Bélgica, e impediram por fim o sétimo título da Espanha, que também não contou com o contundido Carlos Alcaraz. A ótima parceria entre Simone Bolelli e Andrea Vavassori sequer precisou jogar.
Foi portanto uma fase final basicamente disputada pelo segundo escalão. O time de David Ferrer contou com Pablo Carreño e Jaume Nunas nas simples e o excelente duplista Marcel Granolers, ao lado de Pedro Martinez, para derrubar a Alemanha de Alexander Zverev no sábado, depois de superar num tremendo sufoco a República Tcheca. Talvez merecessem mais o título do que a própria Itália.
Apesar de arquibancadas um tanto vazias na maioria dos confrontos, esta fase final da Davis ao menos exibiu partidas de intensa entrega e enormes emoções, casos da dupla de Puetz/Krawietz contra Zeballos/Molteni e do incrível tiebreak decisivo de 32 pontos entre Cobolli e Zizou Bergs, um dos melhores momentos de toda a temporada.
O mesmo Cobolli, que havia começado muito bem o ano, com ótimos resultados em diferentes pisos, vinha de uma queda acentuada de consistência nos últimos meses, mas acabou se tornando o herói do time. Não apenas substituiu Sinner, como também suportou tremenda pressão. A vitória sobre Munar neste domingo, que garantiu o troféu, foi bem exigente.
Nas palavras do diretor do torneio, o espanhol Feliciano López, a Federação Internacional continua aberta a diálogos sobre formatos, mas qualquer mudança não deve acontecer nos próximos três anos. Mesmo porque já existe um contrato assinado com Bolonha para receber essa fase final com oito países, o que automaticamente exime a Itália de jogar as etapas classificatórias e a coloca diretamente para decidir o título no octogonal de novembro. O que é compreensível em questões promocionais e um absurdo em termos esportivos.
Sem sorte de novo
O time de Jaime Oncins continua mesmo sem sorte. Mais um sorteio da Davis e mais um adversário difícil e fora de casa, como aconteceu já tantas vezes, frente Dinamarca, França e Grécia. Desta vez, teremos de ir em fevereiro ao Canadá, o que certamente significa jogar sobre quadra sintética coberta. Esse até não é o maior problema do grupo, já que o próprio Marcos Daniel, auxiliar técnico de Oncins, afirmou há pouco tempo que hoje os brasileiros de ponta até gostam mais de jogar no piso duro, como é o caso de João Fonseca.
A tarefa ficará mais difícil conforme a escalação do Canadá. Desde que eles conquistaram o título em 2022, já no novo formato da Davis, Félix Auger-Aliassime se ausentou da Davis. Ele certamente seria o adversário mais perigoso, pois reconhecidamente a quadra sintética coberta tem sido sua superfície de melhor desempenho. O experiente e canhoto Denis Shapovalov perdeu duas vezes seguidas para Fonseca nessas condições, na Basileia e em Paris, e assim talvez seja um nome a ser preterido e substituído pelo ótimo sacador Gabriel Diallo.
Embora fosse muito melhor atuar em casa, onde também sobraria espaço para ótima promoção do tênis, jogar fora e num piso veloz não é o pior dos mundos para o grupo atual, que venceu Holger Rune e Stefanos Tsitsipas em condições desfavoráveis. Claro que Fonseca será peça crucial nos jogos de simples, com pouca chance de o nosso número 2 fazer frente, mas hoje Oncins terá diversas e ótimas opções de dupla, que tende a ser um ponto crucial.
Em caso de vitória, o Brasil jogaria a segunda e decisiva rodada do qualificatório, em setembro, contra França ou Eslováquia. E como os franceses são favoritos, fica a perspectiva de o confronto acontecer aqui, com um Fonseca ainda mais calejado do que agora e quem sabe um número 2 recuperado, seja Thiago Wild ou Thiago Monteiro, seja João Lucas Reis ou Felipe Meligeni.
Em outros confrontos interessants do quali do Davis, o Chile receberá a Sérvia, a Bélgica irá até a Bulgária, a Argentina oga fora contra a Coreia e a Hungria atuará em casa diante dos Estados Unidos. A segunda e decisiva rodada promete ter Argentina x Holanda, EUA x República Tcheca, Alemanha x Croácia e Grã-Bretanha x Austrália.










