A conquista do primeiro título profissional de simples e garantia de um salto no ranking na próxima semana abrem portas para Nauhany Silva. Campeã em São João da Boa Vista, aos 15 anos, Naná se tornou a brasileira mais jovem a vencer um torneio de tênis profissional desde Bia Haddad Maia, com a mesma idade, em Goiânia na temporada 2011.
A jovem paulista aparecerá por volta do 670º lugar da WTA quando os 15 pontos do título forem computados na próxima segunda-feira. Entre as jogadoras de sua idade, deverá ultrapassar a alemã Ida Wobker, 706ª colocada, e só ficará atrás da tcheca Jana Kovackova, 588ª do mundo.
A faixa de ranking que Naná ocupará na semana que vem permite entradas diretas nos torneios W15, que dão início à transição ao profissionalismo. Isso também abre portas para que ela possa preservar eventuais convites para os torneios maiores.
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Em dois momentos da atual temporada, a equipe da tenista declinou convites em torneios da ITF para que ela pudesse se testar durante o qualificatórios e também por limitações regulamentares para as tenistas de sua idade. A proposta se mostrou acertada, já que ela furou os qualis e avançou uma rodada na chave principal de dois torneios W35 em São Paulo, nos meses de abril e outubro.
Limite de torneios e de convites

Por regulamento, a WTA limita o número de torneios profissionais que as tenistas menores de idade podem disputar, com aumento gradual entre os 14 e os 17 anos. A partir do momento em que a tenista atinge a maioridade, não há mais limitações.
Nascida em 13/03/2010, Naná completou 15 anos em 2025. E desde então, pode disputar dez torneios profissionais até seu 16° aniversário, em março de 2026. O torneio em São João da Boa Vista foi o quarto nessa sequência, somando-se ao SP Open e aos já citados W35 na capital paulista.
Além disso, há uma limitação de três convites para as jogadoras de sua idade, sendo um aberto para qualquer nível da WTA e outros dois que podem ser para os torneios 250, 125 ou no circuito da profissional da ITF. Quando ela fizer 16 anos, o limite sobe para 12 torneios, com 4 convites.
Bom ranking no juvenil também ajuda

Segunda melhor brasileira no ranking mundial juvenil, Naná ocupa atualmente o 35º lugar. Ela é uma das três jogadoras do país no top 100, juntando-se à potiguar Victória Barros e à gaúcha Pietra Rivoli. Todos os torneios W15 no circuito podem reservar até três vagas para tenistas que estão no top 100 do juvenil entrarem na chave. No momento, é uma regra que ajudaria muito mais Pietra do que Naná.
A situação melhora se a jovem paulista terminar o ano no top 20 do juvenil, posição que já é ocupada por Victória Barros, por exemplo. Isso faria com que ela fosse beneficiada pelo programa de aceleração da Federação Internacional. As juvenis que encerraram 2024 entre o 11° e o 20° lugar tiveram vagas diretas em um ITF W50 e 4 W35 deste ano, independentemente de ranking profissional e sem gastar convites. E as top 10 ou campeãs de Slam, têm ainda mais benefícios para entrar nos torneios.
Além disso, disputar os maiores torneios do juvenil proporciona enfrentamentos de alto nível com a elite de sua categoria e que logo estarão na WTA. Este ano, Naná já desafiou a norte-americana Julieta Pareja, atual número 1 juvenil, além da tcheca Jana Kovackova e da eslovaca Mia Pohankova, que hoje fazem parte top 10.
Também cabe o exemplo de Iva Jovic, jogadora mais jovem no atual top 100. Ex-número 2 do mundo como juvenil e campeã da Billie Jean King Cup Júnior há duas temporadas, a norte-americana de 17 anos já aparece na 35ª posição no ranking profissional da WTA.
Próximos torneios de Naná e a palavra dos técnicos

Dois torneios já estão confirmados para o calendário de Nauhany Silva. O primeiro é o WTA 125 de Florianópolis, que começa no dia 19 de outubro. O convite na chave principal já foi anunciado pela Confederação Brasileira (CBT). Ela também foi convocada para defender o Brasil na Billie Jean King Cup Júnior, que acontecerá entre os dias 3 e 9 de novembro em Santiago, no Chile. A equipe brasileira também terá a gaúcha Ana Cruz e a paulista Nathalia Tourinho, com o capitão Mário Mendonça.
Os técnicos de Naná destacaram o valor da conquista para seu desenvolvimento. “Para a idade dela, jogar torneios profissionais é fundamental. Enfrentar adversárias mais velhas e experientes traz vivências muito importantes. E quando essas experiências vêm acompanhadas de vitórias, o aprendizado é ainda maior”, avaliou Danilo Ferraz, em comunicado à imprensa da Rede Tênis, onde a tenista treina atualmente.
Para Léo Azevedo, coordenador técnico na equipe, o bom momento de Naná é fruto de evolução constante: “Esse processo começou no SP Open, em setembro, quando ela conquistou sua primeira vitória em um WTA 250. Isso a fez perceber que pertence a esse nível. Depois veio o título de duplas no W35 de São Paulo, que elevou ainda mais sua confiança. Em São João, ela mostrou resiliência e maturidade. Estou muito feliz pela conquista e, principalmente, pelo crescimento técnico e mental que ela vem demonstrando. Agora é manter os pés no chão e seguir trabalhando para voos ainda mais altos”.
Azevedo também já falado a TenisBrasil no ano passado sobre o trabalho de longo prazo com jovens jogadoras como ela e Pietra, que também faz parte do mesmo projeto. “A gente tem que prepará-las pensando lá na frente, olhar para a jogadora e pensar como a gente imagina a Nauhany ou a Pietra daqui a três, quatro ou cinco anos. A gente sabe que no Brasil, que tem uma cultura mais futebolística, é difícil. As pessoas são resultadistas, mas é preciso ter visão de longo prazo. O projeto tem que mostrar: ‘Daqui a um ano, a gente quer estar aqui. Daqui a três, estar aqui’. E os jogadores têm que saber que estão dentro de um plano”.
“E os jogadores têm que saber que estão dentro de um plano”… corretíssimo. (é com essa concepção que as jogadoras atuam na China)
Mário, sabe se a Naná vai jogar os dois J500 do final do ano (Orange Bowl e Merida) pra tentar buscar esse top20 juvenil?
Eu ainda não tenho a confirmação vinda dela ou da equipe, mas acredito que vá jogar, sim. A Victória, por exemplo, falou para mim no SP Open que vai jogar os dois.
Valeu Mario. Talvez a equipe da Naná fique em dúvida entre ela jogar torneios profissionais ou os juvenis, porque rolam três W15 no Brasil no final de novembro, quase nas mesmas datas dos torneios juvenis.
Naná já nos enche de alegria s e orgulho. E, de fato, não há pressa. Ela ainda é uma adolescente.
Excelente matéria. Bom saber que a Naná conta com uma equipe de profissionais de classe mundial.
Essa restrição de torneios acaba prejudicando as novas jogadoras. Entendo que a ideia é limitar justamente para que elas possam treinar e estudar, mas o limite de torneios está muito baixo…