Paris (França) – A francesa Caroline Garcia se emocionou antes e depois de seu jogo de despedida em Roland Garros. Em sua última temporada no circuito profissional, a jogadora de 31 anos revelou a dificuldade de manter uma relação saudável com o esporte. Até por isso, considera até mesmo a hipótese de o jogo desta segunda-feira, contra a norte-americana Bernarda Pera, ter sido o último de sua carreira.
“Tive um ano muito difícil em 2023. Foi muito complicado encontrar o equilíbrio com o tênis e ter uma relação saudável com ele”, disse Garcia, na coletiva de imprensa após a derrota por duplo 6/4 para Bernarda Pera. “Cada momento havia muita tensão, frustração e expectativas. Muitas coisas ruins se acumularam e começaram a me afetar até mesmo em aspectos simples do dia a dia”.
Garcia, que venceu três torneios WTA 1000 na carreira e foi campeã do WTA Finals em 2022, chegou a pensar em parar de jogar no início da temporada passada, mas decidiu seguir até os Jogos Olímpicos de Paris. “No ano passado, precisei parar. Eu já queria fazer isso no começo da temporada, mas o objetivo de disputar os Jogos me fez continuar até setembro. Eu precisava de um pouco de ar fresco para perceber certas coisas. Agora, eu já estou mais em paz”.
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A jogadora da casa não escondeu a emoção ao pisar na quadra Suzanne Lenglen nesta segunda-feira. “Não sei se eu estava tentando me controlar ou se me deixei levar. Eu não esperava sentir isso quando entrei no corredor. Mas queria viver intensamente esse momento com todas as emoções. Foi muito emotivo me preparar para entrar em quadra e saber que talvez fosse minha última partida aqui. Mas fiquei feliz que tenha sido na Suzanne Lenglen, com tanta gente presente”.
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— Roland-Garros (@rolandgarros) May 26, 2025
Apesar de nunca ter conquistado o título de simples em Paris, Garcia tem dois troféus de duplas no torneio, conquistados ao lado de Kristina Mladenovic, em 2016 e 2022. “Ganhar nas duplas aqui com a Kristina foi algo fantástico para nós. E vencer uma segunda vez foi inesperado. Isso ficará marcado para sempre. Na minha carreira de simples, Cincinnati teve um significado especial. E depois o Finals, que me fez crescer muito, tanto como jogadora quanto como pessoa, mesmo que tenha me feito questionar muita coisa”.
“Sempre havia jogadoras mais fortes do que eu”, afirma
A francesa reconhece que não conseguiu realizar o sonho de vencer Roland Garros em simples, mas sente orgulho da trajetória construída ao longo dos anos. “Quando disse que ia jogar pela última vez em Roland Garros, toda a minha carreira passou pela cabeça. Vencer aqui sempre foi um sonho óbvio, que nunca virou realidade. Eu tive que aceitar isso e seguir em frente. Queria ser jogadora de tênis, sonhava em ganhar um Grand Slam. Roland Garros era o objetivo, mas sempre havia jogadoras mais fortes do que eu. Eu fiz o máximo, mesmo que os resultados nem sempre viessem. Mas estou na longa lista das que não ganharam Roland Garros em simples. Ainda assim, tive uma boa carreira e é isso que vai ficar”.
Garcia ainda está escalada para jogar a chave de duplas ao lado de Diane Parry. Seu futuro no circuito ainda é incerto. “Não está sendo tão tranquilo quanto pensei. Há dor, claro, mas estou tentando focar em jogar as duplas amanhã com a Diane e me recuperar o melhor possível. Depois, não sei. Meu ranking também não está tão alto, então talvez não consiga jogar todos os torneios que gostaria. Vou ver se continuo ou não”.
A categoria precisa encontrar meios de desenvolver o esporte duma maneira mais equilibrada, que não efete tanto assim o corpo dos atletas.
O esporte profissional destrói (psicologicamente) o indivíduo.
Ser mais um…não é o bastante.
Sim, agora a Garcia foi uma boa jogadora com técnica interessante que isso ninguém pode tirar isso dela.
Interessante pensar em como é duro para um francês disputar e vencer em RG, não por acaso é tão raro disso acontecer. Se para nós, que praticamente só jogamos no saibro, participar do torneio já é um bom resultado, para eles uma mera obrigação. A medida que as fases vão passando a pressão só aumenta, vencer torna-se quase impossível. As tenistas até conseguiram recentemente, mas no masculino esqueça. Vai levar ainda muitos anos para ver um francês erguendo o caneco…
Na simples a última foi a Mary Pierce, não? E ela é naturalizada ainda, talvez seja um pouco mais tranquilo.
Caro Garcia foi gigante, semi no US Open, campeã de M1000 e Finals, como esquecer do brilhante 2º semestre dela em 2022. Sucesso na nova jornada!!