Matos e Melo citam derrota nos detalhes, Oncins valoriza time

Foto: Divulgação/ITF

Orléans (França) – Apesar da dura derrota por 4 a 0 para a França nos Qualifiers da Copa Davis, a equipe brasileira deixa Orléans sem um sentimento de terra arrasada. Para os duplistas Rafael Matos e Marcelo Melo, o revés decisivo na terceira partida foi definido por pequenos detalhes, enquanto o capitão Jaime Oncins ressaltou o desempenho do time diante de uma das seleções mais fortes da competição. Mesmo com o resultado negativo, os brasileiros enxergam potencial no grupo e projetam um futuro promissor na competição.

“Foi um jogo bem duro. As duplas são sempre decididas nos detalhes, e foi o que aconteceu hoje mais uma vez. Eles acabaram jogando melhor nos momentos importantes e fizeram a diferença para sair com a vitória. Os últimos dois games do jogo, principalmente, foram duros, com pontos bem jogados, e eles tiveram mérito de vencê-los. Eu não acho que faltou algo no nosso saque, foi do jogo mesmo, não foi isso que que influenciou tanto. Obviamente, eles são mais sacadores que a gente, mas temos outras armas também”, analisou Matos durante entrevista coletiva.

Já Marcelo Melo destacou a atuação de Pierre-Hugues Herbert, a quem creditou os méritos da vitória francesa. “Foi um jogo de alto nível, e o Herbert foi decisivo. É um cara que tem todos os Grand Slam, não sei quantos títulos de Master 1000, é extremamente perigoso. Ele não começou tão bem, mas terminou jogando muito bem. Eu realmente acho que ele decidiu nos dois games centrais, tanto no game que eles quebraram o Rafa 4/4, quanto no game que ele sacou no 4/3, que a gente teve 0-15 e 15-30. Ele disparou saques a mais de 200km/h e eu não tive o que fazer”, lamentou.

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Ainda segundo o experiente mineiro, a dupla brasileira teve chances de ganhar a partida e manter o país na disputa em Orléans. “Logicamente a gente fica chateado de chegar perto, de poder, quem sabe, ganhar o jogo, mas ao mesmo tempo os erros acontecem. Eu acho que foi um jogo muito bom. Na verdade, a gente jogou bem mas os pequenos detalhes na dupla são assim mesmo. É um ponto para lá, um ponto para cá. Qualquer um poderia ter ganhado”.

Por sua vez, o capitão Jaime Oncins valorizou o empenho brasileiro diante de uma equipe fortíssima. “Não foi o resultado que a gente gostaria, mas eu acho que enfrentamos uma das equipes mais fortes que tem hoje, no piso que eles escolheram, então temos que sair daqui de cabeça erguida. Era um confronto que a gente sabia o grau de dificuldade, mas todo mundo teve uma entrega muito grande, todos lutaram o tempo todo, até o fim, mas os franceses foram melhores e mereceram.”

Além disso, Jaime deixou claro um desejo para o próximo confronto da Davis, que acontecerá em setembro, ainda sem adversário definido. “Ainda é muito cedo pra falar sobre isso, porque a gente precisa esperar o sorteio, mas eu realmente espero dessa vez poder jogar em casa, pois, se eu não me engano, foi o sexto confronto seguido que a gente joga fora”, externou.

Equipe forte para os próximos confrontos

Seja através da experiência de Marcelo Melo, com 41 anos, ou da juventude de João Fonseca, com 18, o time brasileiro da Copa Davis acredita ter um elenco heterogêneo capaz de enfrentar grandes desafios e buscar resultados importantes. “Eu acho que esse ano a gente está com uma equipe bem forte e no ano que vem vai estar mais forte ainda, pois os jogadores jovens vão estar mais experientes. Vale lembrar que dentro de todo esse processo ainda tem o [Thiago] Monteiro, o Felipe [Meligeni, o [Gustavo] Heide, o próprio [Matheus] Pucinelli, que hoje jogou muito bem. Eu acho que a gente está com uma safra boa e tenho certeza que vamos ter muitas conquistas dentro de uma Copa Davis”, frisou Oncins.

Seguindo essa mesma linha, Melo destacou o ambiente saudável dentro da equipe, mesmo com uma grande diferença entre gerações. “A gente brinca que eu tenho de Copa Davis o que o Fonseca tem de idade. Então, queira ou não, tenho muita experiência e gosto muito de tentar passar isso para eles. Eu acho que eles têm realmente que aprender muita coisa, e o mais bacana que todos são muito abertos. Não quer dizer que eu sou o dono da verdade, mas já vi tanta coisa. O nosso entrosamento entre jogadores e equipe é muito bacana, e o respeito é mútuo”, revelou.

O ex-número 1 do mundo nas duplas também citou como exemplo o seu parceiro atual no circuito, o gaúcho Rafael Matos, que tem 29 anos e surge como um elo importante de conexão dentro do grupo. “O Rafa é um menino jovem, né? Ele fica jovem perto de mim e mais velho perto dos outros, então ele está no meio do caminho. Eu acho que a gente tem que juntar a experiência dos mais velhos para essa rapaziada que está chegando agora. Tanto o Wild, que é mais novo, o Fonseca, mais novo ainda, para formar um bom time, que eu acho que a gente tem realmente um bom time que pode chega lá na frente na Copa Davis”, concluiu o mineiro.

Melo rechaça aposentadoria e sonha com Los Angeles-2028

Aproveitando o assunto sobre idade, Marcelo Melo também afirmou que ainda não pensa em pendurar a raquete e diz que continuará jogando enquanto seu corpo permitir e ele próprio sentir que pode vencer jogos e torneios. “Sendo bem sincero, eu acho que hoje estou bem melhor fisicamente do que no final do ano passado e ainda tenho plenas condições de jogar. O dia que eu sentir que não tenho mais físico ou achar que eu não possa ter resultados grandes, vou parar de jogar. Eu não quero continuar jogando por jogar, mas hoje acredito que eu ainda posso ter resultados grandes. Eu espero ainda jogar por um bom tempo”, enfatizou.

Embora pareça um sonho distante, o campeão de Roland Garros em 2015 e Wimbledon em 2017 também crê que pode disputar mais uma Olimpíada, em Los Angeles-2028. “O Rafa acha que eu chego na próxima Olimpíada. É um passo um pouquinho maior, mas se eu continuar nesse mesmo nível… hoje eu consegui jogar tranquilamente três sets, o que é atípico para nós, que normalmente jogamos super tiebreak. Eu me preocupo muito com a minha parte física, com minha recuperação. Logicamente, com o passar do tempo, eu fico mais lento para algumas coisas, mas ainda tenho uma boa lenha para queimar e não faria isso se não acreditasse que eu possa jogar muito bem”, explicou.

Por fim, o mineiro ainda deu um recado para os críticos, rechaçando qualquer possibilidade de abandonar o tênis neste momento. “É normal a gente ficar chateado [após uma derrota], as pessoas ficarem chateadas, podem falar, criticar, mas não é a realidade do nosso dia a dia. Eu duvido que o Jaime me chamaria para estar aqui se eu não tivesse condições. Eu estou bem comigo mesmo e acredito que eu chegue na próxima Olimpíada.”

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Carlos
Carlos
16 horas atrás

Reformulação total. Começando pelo comandante

PRGF
PRGF
15 horas atrás
Responder para  Carlos

É só arrumar 3 brasileiros no top 30 da atp…

Não existe milagre… Não tem culpa o treinador e nem oa jogadores…

Aconteceu o básico… Os melhores ranqueados venceram…

Simples assim.

Última edição 15 horas atrás by PRGF
Fernando Romero
Fernando Romero
1 hora atrás
Responder para  PRGF

Concordo. Criou-se uma certa expectativa absurda de que poderíamos ganhar dos franceses, quando na realidade essa chance era próxima de zero. Agora fica a frustração e a tradicional caça aos “culpados”. E o Oncins e o Melo são os eleitos.

José Carlos
José Carlos
14 horas atrás
Responder para  Carlos

O piti do Jaime Oncins fez mais contra o Wild do que o saque do Fils ou qualquer decisão polemica da arbitragem. Capitão da Davis deveria ser um cargo preenchido por merecimento técnico e não um cabide de emprego preenchido por um cinquentão sem ocupação definida que se comporta como se tivesse doze.

José Nilton Dalcim
Admin
13 horas atrás
Responder para  José Carlos

O capitão do time foi semifinalista da Copa Davis em 1992, tem 25 confrontos como titular, foi 22º de simples e 34º duplas. Ah, primeiro brasileiro a jogar um Finals. Estude um pouco antes de tentar desclassificar as pessoas.

Carlos
Carlos
16 horas atrás

Não podemos tomar 4 ao natural e achar que é normal e não fazer terra arrasada. Chega de mesmíce

Arthur
Arthur
15 horas atrás

Em 2028 ele já vai tá com 44 anos , será que ainda aguenta mais uma olimpíada?

João Sawao ando
João Sawao ando
15 horas atrás

Resultado infelizmente que poderia acontecer e aconteceu…acho que o Melo deve jogar até onde ele acha que pode jogar.

Fernando Romero
Fernando Romero
24 minutos atrás

Respeito sua opinião mas não penso como você. A França tem 10 tenistas com melhor ranking que o nosso número 1: Umbert, Fils, Perricard , Monfils, Muller, Rinderknech, Bonzi, Moutet e Halys. Jogou em casa e em piso favoravel. Torcida a favor e arbitro meio esquisito. Anormal seria fazer 1 ponto.

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