Melbourne (Austrália) – Defender um título de Grand Slam não é tarefa fácil, ainda mais para um campeão de primeira viagem. Ao conquistar o bicampeonato do Australian Open neste domingo, um ano depois de ter vencido um Slam pela primeira vez, Jannik Sinner repetiu um feito que não acontecia no tênis masculino desde 2005 e 2006 com Rafael Nadal no saibro de Roland Garros. Após a vitória em sets diretos sobre o alemão Alexander Zverev, o italiano de 23 anos e número 1 do mundo destacou seu amadurecimento e o fato de ter conseguido lidar muito bem com a pressão durante as últimas duas semanas.
Nomes importantes do tênis mundial não conseguiram defender o primeiro título. Dez vezes campeão na Austrália e recordista de troféus de Grand Slam com 24 conquistas, Novak Djokovic só foi vencer seu segundo Major em 2011, três anos depois da primeira conquista em Melbourne. Andy Murray conquistou seus dois títulos de Wimbledon num intervalo de três anos. E seu primeiro Slam, o US Open de 2012, também não foi defendido. E até mesmo Carlos Alcaraz, principal rival de Sinner na atualidade e que tem quatro títulos de Slam, ganhou o primeiro troféu nos Estados Unidos em 2022 e não conseguiu repetir no ano seguinte.
“Talvez houvesse um pouco mais de pressão e atenção do que da outra vez, o que você precisa lidar. Por outro lado, você sabe que pode fazer isso porque já fez uma vez. Você tenta entender o que é necessário,” disse Sinner em sua coletiva de imprensa após a vitória sobre Zverev por 6/3, 7/6 (7-4) e 6/3.
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“O que entendi desta vez é que cada dia é diferente. Há dias em que você pode não se sentir 100%, e então no próximo jogo, de repente, você percebe: ‘Ok, estou dentro do torneio’. Acho que aprendi muitas coisas ao longo deste ano, não apenas sobre resultados, mas sobre quem sou como pessoa e como lido com as situações dentro da quadra”, acrescenta o líder do ranking, que cedeu apenas dois sets na campanha para o título, contra o convidado local Tristan Schoolkate na segunda rodada e o dinamarquês Holger Rune nas oitavas.
Ótimo desempenho na final contra Zverev
Sinner teve uma atuação dominante na final deste domingo. O italiano não enfrentou break-points na partida e criou dez chances de quebra contra o alemão, aproveitando duas oportunidades, no primeiro e no último set. Além disso, dominou as ações do fundo de quadra, com mais winners, 32 a 25, e menos erros não-forçados, 27 contra 45 de Zverev. Ele também foi preciso em pontos decisivos, como no rali com 21 trocas de bola que possibilitou a ele confirmar o serviço quando perdia o segundo set por 6/5. Já no tiebreak, quando o placar estava 4-4, abriu vantagem após uma bola que desviou na fita e caiu na quadra do adversário.
“Foi uma performance incrível da minha parte”, avaliou o agora bicampeão em Melbourne. “No início do jogo, senti que estava sacando muito bem e tentando entrar rapidamente na zona de conforto. Foi uma partida de alta qualidade. No segundo set, tive um pouco de sorte no tiebreak, como vimos. No geral, foi uma campanha incrível novamente aqui na Austrália. Estou extremamente feliz. Compartilhar isso com a minha equipe, família e as pessoas que amo é incrível”.
Italiano foi comparado a Djokovic
Sinner foi comparado ao decacampeão do torneio Novak Djokovic por Zverev, que enfrentou o sérvio na semifinal. Em sua coletiva de imprensa, o alemão destacou que tanto Djokovic quanto Sinner são extremamente consistentes, quase não cometem erros e se movimentam muito bem, dificultando a definição de pontos para os adversários.
“É um elogio incrível vindo do Sascha. Acho que cada jogador é diferente de certa forma. Obviamente, tenho algumas semelhanças com o estilo de jogo dele. E ainda acredito que, quando Novak joga em seu melhor nível, é muito, muito difícil vencê-lo”, comentou o italiano, que tem quatro vitórias e quatro derrotas contra Djokovic, mas venceu as três últimas.
“Em termos de estilo de jogo, eu me inspirei nele, tentando entender o que ele faz e como ele lida com momentos de pressão e situações importantes. Temos algumas similaridades como a boa movimentação do fundo de quadra e a leitura de onde o adversário vai jogar a bola. Ainda assim, acredito que somos jogadores diferentes, porque cada um tem suas particularidades”.
Próximo passo é melhorar em outros pisos
Tenista dominante nos principais torneios em quadra dura, com dois títulos na Austrália, além do US Open e do ATP Finals do ano passado, Sinner carrega uma invencibilidade de 21 jogos no circuito, desde a derrota para Carlos Alcaraz na final de Pequim em outubro. Ele agora tenta evoluir em outros pisos para ampliar a coleção de títulos de Grand Slam. O italiano já foi semifinalista na grama de Wimbledon em 2023 e no saibro de Roland Garros no ano passado.
“Isso é algo em que sempre penso. Você precisa ser um jogador completo, não apenas em uma superfície, mas também nas outras duas. Vejo isso de forma positiva porque, nas outras superfícies, ainda tenho que melhorar. Vou dedicar muita energia a isso, tentando encontrar os caminhos certos e, com sorte, ir longe também nos outros torneios do Grand Slam. Ainda sou jovem e acho que tenho tempo para me ajustar, especialmente na grama, porque nunca joguei nas categorias juvenis. Eu posso fazer melhor”.
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