Por Gabe Jaramillo *
Especial para TenisBrasil
Lembro-me de sentar com Pete Sampras naquela época, assegurando-lhe que seu recorde de 14 títulos de Grand Slam era um número extraordinário, impossível de igualar. Ele sorriu e respondeu com sabedoria: “Recordes estão feitos para serem quebrados”.
Sampras poderia ter jogado por mais tempo, talvez até mesmo aumentado sua marca, mas optou por se aposentar cedo, aos 32 anos. Entre 1990 e 2002, o esporte estava aberto: Andre Agassi venceu 7 Slam, Jim Courier, 4; Stefan Edberg e Boris Becker, 2; e muitos outros levantaram troféus – na verdade, dez jogadores diferentes venceram Slam naquele período.
Então tudo mudou. A marca de Pete foi superada por Roger Federer com 20, depois por Rafael Nadal com 22 e, finalmente, por Novak Djokovic com 24. Esta foi a Era de Ouro do tênis. As partidas entre esses três gigantes cativaram não apenas os fãs de tênis, mas o mundo inteiro. Lembro-me de entrevistar pessoas em Miami durante as férias de primavera, perguntando se sabiam o nome de um tenista. Independentemente da idade ou origem, todos respondiam a mesma coisa: Federer, Nadal, Djokovic. Eles transcenderam o esporte.
O que tornou o Big 3 lendário não foi apenas seu domínio, mas o contraste entre eles. Federer, o elegante maestro em todas as quadras; Nadal, o implacável gladiador da linha de fundo; Djokovic, o supremo contra-atacante. Suas rivalidades tinham de tudo: arte, garra, tática e personalidade. Fora das quadras, se tornaram marcas globais. Federer era o ícone refinado da GQ; Nadal, o guerreiro; Djokovic, o “Coringa”, poliglota, inteligente, incansável na construção de sua imagem. Juntos, elevaram o tênis a patamares nunca vistos.
Alcaraz: adiantado no tempo
Agora, o bastão foi passado. Aos 22 anos, Carlos Alcaraz já tem seis títulos de Grand Slam. Isso é mais do que Federer, Nadal ou Djokovic tinham na mesma idade. Seu jogo é explosivo, porém equilibrado – uma mistura do talento de Federer, da luta de Nadal e da flexibilidade de Djokovic.
Para igualar o recorde de 24 títulos de Djokovic, Alcaraz precisaria de mais 18 troféus de Grand Slam. À primeira vista, isso parece assustador. Mas com sua juventude, capacidade atlética e jogo completo em todas as quadras, o caminho está aberto. Se vencer de 2 a 3 por ano, a matemática sugere que ele poderá igualar a marca de Djokovic por volta dos 30 anos.
Sinner, o rival que ele não pode ignorar
Mas Alcaraz não terá trajetória livre para a história. No seu caminho está Jannik Sinner, o italiano de 24 anos que chegou na final de todos os Slam deste ano e ganhou dois deles. Ele tem testado Alcaraz consistentemente no mais alto nível. Com sua precisão de golpes, saque potente e crescente resistência mental, Sinner está determinado a atrapalhar a ascensão do espanhol.
Seus duelos já são eletrizantes e, assim como Federer-Nadal antes deles, essa rivalidade pode definir a próxima década do tênis masculino.
A próxima onda de desafiantes
Toda Era tem seu elenco de apoio, os desafiantes que tornam os campeões ainda mais afiados. Por trás de Alcaraz e Sinner está uma nova geração pronta para entrar em cena:
- João Fonseca (Brasil, 19): Um prodígio destemido com um forehand explosivo e carisma que empolga multidões, já em ascensão rápida.
- Jakub Mensik (República Tcheca, 20): Poderoso e sereno para sua idade, ele chegou ao Top 20 e provou seu valor contra adversários de elite.
- Arthur Fils (França, 21): Agressivo e dinâmico, a maior esperança francesa em anos
- Ben Shelton (EUA, 22): Saque canhão de canhoto e personalidade destemida fazem dele a estrela norte-americana em ascensão
- Holger Rune (Dinamarca, 22): Já testado em batalhas, impulsivo e sem medo dos grandes palcos.
- Lorenzo Musetti (Itália, 23): Elegante e criativo, com experiência em semifinais de Grand Slam.
Este grupo garante que Alcaraz e Sinner não terão vida fácil. Assim como os Três Grandes se pressionaram mutuamente, essa nova geração manterá os líderes em alerta honestos e pode até mesmo produzir campeões surpresa.
Os números e a previsão
O calendário masculino oferece quatro chances por ano de conquistar títulos de Grand Slam. As projeções são claras:
– Com 3 troféus por ano, Alcaraz pode chegar a 24 aos 29 anos.
– Com 2 por ano, aos 31 anos
– Com 1 por ano, a busca se arrastaria até o final dos seus 30 anos, algo improvável, considerando as exigências do esporte.
O caminho realista é de 2 a 3 títulos por temporada, o que lhe permitiria:
– Superar os 20 títulos de Federer aos 26-27 anos
– Chegar os 22 de Nadal aos 27-28 anos
– Alcançar os 24 de Djokovic entre 29 e 31 anos
Sinner, por sua vez, tem as ferramentas para construir uma carreira de Grand Slam com dois dígitos, o suficiente para garantir que a história não pertença apenas a Alcaraz.
Conclusão: uma nova Era de Ouro
Estamos testemunhando o nascimento de uma nova era de ouro. Assim como Sampras acreditava que seu recorde era inquebrável, e assim como Federer, Nadal e Djokovic se impulsionaram rumo à grandeza, Alcaraz e Sinner agora carregam a tocha, com Fonseca, Mensik, Fils, Shelton, Rune e Musetti logo atrás.
Se Alcaraz se mantiver saudável e focado, poderá igualar os 24 troféus de Slam de Djokovic aos 30 anos, e possivelmente ultrapassá-lo.
Mas o tênis não se resume apenas a números. É sobre rivalidades, personalidades e aas histórias que escrevem juntos. E com Alcaraz contra Sinner e uma nova geração vindo com força, o esporte está prestes a entregar outra Era para a eternidade.
Gabe Jaramillo é um renomado treinador de tênis, empreendedor, escritor e palestrante motivacional de ascendência colombiana/americana. Treinou 11 jogadores que chegaram ao nº 1 do mundo e 27 jogadores top 10, incluindo Agassi, Sharapova, Seles e Nishikori. Atualmente como CEO da RPS Academies, academia multiesportiva na Flórida, Jaramillo continua a inovar. Seu canal Tennis On Demand no YouTube tem mais de 13 milhões de espectadores e seu Instagram soma mais de 220 mil seguidores. Ele é autor de “How to Make Champions”, publicado em inglês, espanhol e mandarim. O site oficial é gabejaramillo.com.











Por favor, amigo, esse Senhor falar em previsões de 3 GS por ano, que loucura, não tem como saber isso, a carreira dele está apenas começando, a geração está apenas começando, parem com essas conversas de previsões e deixem os jovens seguirem os seus caminhos, quando eles estiverem com a idade do Djoko, por exemplo, vocês conversam sobre isso, meu Deus…
La verdad, ese comentario es muy acertado…
O texto vai bem até “uma nova geração pronta para entrar em cena”.
Ele cometeu um erro ao deixar de incluir na galeria de apoio o Learner Tien que, inclusive, já tem ranking superior ao do JF.
cara, nao acho o tien candidato a ganhar slam. Ele é um candidato sério a top 10, pois tem um jogo de constância/contra ataque muito eficiente. Mas falta potência e físico. Quando digo físico, não é preparo, e sim o porte. Não tem estatura para ter um saque muito eficiente, e por aí vai. Acredito que o caso dele se assemelhe muito ao de minaur. Top 10 consolidado, ganha de quase todo mundo, mas raramente ganha do top 5. Falta potência.
Perfeito. Ele pode ate ganhar um slam, mas seria exatamente tão improvável quando ganharam, Cilic.
Concordo, e vejo aqui que acham que o Tien não tem jogo para ganhar GS. Não podemos esquecer que o Djokovic foi um jogador trabahado, obviamente muito talentoso, mas a exemplo do Cristiano Ronaldo, foi a diciplina, dedicação, foco e muito trabalho que fiseram ele superar Nadal e Federer que aparentemente tinham um maior talento natural que Nole. Tien está seguindo esse caminho de esforço e dedicação, contratou Michael Chang. Vejo Fonseca com mais talento natural, mas talvez a fama precoce esteja atrapalhando, além de que ele tem jogado muito pouco, e isso de treinar muito e jogar pouco, pode ajudar mas pode atrapalhar porque não dá ritmo. Vamos ver, esses 2 podem tentar se infiltrar para roubar uns GS dessa dupla fantastica de Alcaraz e Sinner, se vão conseguir é outra coisa.
Realmente n haveria como fazer qualquer tipo de previsao neste quesito!!! O legado do Big 3 e indelevel e imensuravel. Ainda que Sinner e Alcaraz atualmente sejam os dois melhores atletas de sua modalidade e despontem como os principais postulantes a herdar a coroa dos veteranos muita coisa pode acontecer futuramente!!! Portanto achei o autor meio pretensioso e ate ingenuo ao alegar que Sinner ou Alcaraz somente por conta da atual fase de ambos no circuito poderiam conquistar de dois a tres majors por temporada daqui para frente ignorando todos (digo todos) os percalcos e contratempos pertinentes a carreira de um atleta de elite!!!
Ele falou apenas sobre Alcaraz ter este potencial.
O legado de Pete Sampras também era “indelével e imensurável” para época. Veio o big 3 e construiu um legado muito maior que o dele. Apesar de todos os contratempos que poderiam acontecer na carreira do big 3, eles chegaram lá. Pode acontecer muita coisa pela frente, inclusive Alcaraz e Sinner ultrapassarem os recordes do big 3. Há os que dizem que é muito cedo pra fazer essa projeção. Entretanto, nesse caso, os números discordam.
O legado deixado por Pete Sampras também era indelével e imensurável para aquela época. Mesmo assim, veio o sensacional big 3 e ultrapassou e muito esse legado. É claro que poderiam ter acontecido muitos contratempos, mas o big 3 chegou lá. Realmente, pode acontecer muita coisa no futuro, inclusive Alcaraz e Sinner ultrapassarem os recordes do big 3. Há os que dizem que é muito cedo para fazer essa projeção. Mas, nesse caso, os números discordam.
Post muito bom. Acredito que o número de 30 slans é o número mínimo do que Alcaraz pode alcançar. Alcaraz tem potencial para vencer os 4 slans no mesmo ano uma 4 ou 5 vezes. Evidentemente que apesar deste potencial todo de Alcaraz, não é líquido e certo que realmente acontecerá. É apenas uma projeção baseada em seu padrão de jogo e o cenário do circuito atual. Algumas coisas podem mudar no futuro para melhor ou para pior nas perspectivas para Alcaraz.
Kkkkkkkkkkkkk
Fala José Afonso. Ué, você não leu o post?
Li, não quer dizer que concorde, rs.
O sujeito aí pode entender de tênis, mas de previsão do futuro é bem fraco. A realidade: Alcaraz por pouco não perdeu RG e ainda perdeu no AO pra um vovô lesionado. Quase ficou só com o US Open.
Um texto cheio de chavões e ideias prontas para fácil digestão. Portanto, descartável. A “conclusão” é uma autêntica profecia autorrealizável.
Praticamente ignorou o cenoura. Gosto mais de Alcaraz, mas Sinner ainda ganhará muitas partidas contra ele.